Punho campeão

Na despedida do ringue, Macaris mandou ver no argentino

Num dia belo dia de 2006, o lutador Macaris do Livramento subiu ao palco em Curitiba pela última vez para enfrentar o argentino Carlos Cavalheiro. Palco mesmo: no Teatro Edson Bueno em Curitiba. Era uma luta comemorativa porque o lutador paranaense que nasceu em Lauro Muller em Santa Catarina estava encerrando a carreira com um cartel de 110 lutas, das quais 105 vitórias, 76 por nocaute e apenas cinco derrotas. E mais: com três títulos na carreira. Ele foi Campeão Intercontinental das Américas, Campeão Mundial e Campeão Brasileiro, exatamente nesta sequência. Então nada mais justo que encerrar as cortinas do espetáculo num teatro em grande estilo.

“Mas não aconteceu nada disso. Era para ser uma luta amistosa e virou uma briga sem tamanho. Era para ser a minha despedida e o cara veio para me arrebentar. Mas eu o derrotei por pontos e foi inesquecível porque o público foi ao delírio”, contou ele. Deixou o ringue como lutador em grande estilo dando um show no palco. Encerrava-se ali a carreira de um profissional que em sua primeira luta no dia 12 de dezembro de 1992, no Ginásio de Esportes do Moringão, em Londrina, foi aconselhado a arrumar outra profissão. Macaris era obstinado. Tinha punhos e campeão e avisou: “Vocês ainda vão ouvir falar em Macaris do Livramento”. E muita gente ouviu. Entre a primeira e a última data, Macaris subiu nos ringues e também em teatros em Curitiba, Buenos Aires, Montevidéu, Posadas, Assunção e Dusseldorf, na Alemanha.

“Está certo que os paulistas dizem que eu so u campeão de segunda divisão (a WPC – World Pugilism Comission), que fui campeão mundial por uma associação mediana”, conta ele. Mas o cinturão era dele. E não há muitos nomes no boxe paranaense mais reluzente que o seu. “Apesar de tudo sempre fui muito feliz, pois minha história foi escrita com garra e determinação e é isso que tento passar aos meus atletas”, diz Macaris que agora é técnico de boxe e tem um Centro de Excelência em São José dos Pinhais.

Meus ídolos

“O meu primeiro ídolo foi Muhammad Ali. Um dos maiores lutadores de todos os tempos. Gostava de seu estilo”.

“Outro ídolo foi o mexicano Júlio Cesar Chavez que foi campeão mundial por três categorias diferentes”.

Fora do ringue

Numa luta contra Ralf Riveros no Círculo Militar, Macaris e seu adversário foram para fora do ringue, porque as cordas cederam e os dois despencaram lá de cima.

Último evento

Atleticano roxo, Macaris se vangloria de ter recebido da diretoria do Furacão uma camisa com o número 10 enviada feita especialmente para ele. “Eu fiz o último evento no antigo ginásio de esportes do Atlético. Foi uma luta. Dois meses depois, demoliram o ginásio para construir a primeira arena”, conta ele.

Cinema

Além do filme, “Heróis da Liberdade”, Macaris também estrelou “Circular”, de 2012, com Leticia Sabatella e o uruguaio Cesar Troncoso.

Linha do tempo

1960 – nasce no dia 26 de maio em Lauro Muller.

1971 – muda com a família para Curitiba.

1986 – começa a treinar Muay Tai e boxe na Academia de Rubens Melantonio.

1988 – treina boxe na Academia Praça Osvaldo Cruz, em Curitiba. Final do ano primeira luta como amador no Studio 1250 na categoria médio-ligeiro.

1992 – fecha o ciclo amador com um cartel de 24 lutas, com 22 vitórias (17 nocautes), um empate e uma derrota. Dia 12 de dezembro estreia no profissionalismo, em Londrina.

1993 – segunda luta como profissional na Praça Osvaldo Cruz em Curitiba, contra João Ribeiro (SP). Vence por nocaute no quarto round. Acumula cinco vitórias seguidas por nocaute e passa a ser o número 1 no ranking nacional em sua categoria.

1995 – perde a disputa do título brasileiro para Luiz Von Graffen no dia 10 de janeiro no ginásio do Atlético, último evento esportivo naquela praça que foi demolida logo depois. Estrela o filme “Heróis da Liberdade” com Zulu.

1996 – conqui,sta no Boqueirão no dia 10 de fevereiro o título WPC de campeão Intercontinental das Américas contra o argentino Silvio Orlando de Melo por nocaute no sexto round.

1997 – no dia 9 de março derrota por nocaute o argentino Walter Bobadilha no ginásio do Sesi no Boqueirão no terceiro round e conquista o título de Campeão Mundial pela WPC.

2002 – no dia 29 de janeiro vence João Pereira (Santos-SP) por nocaute no sétimo round e conquista o título brasileiro dos médios ligeiros.

2005 – 2006 – leva o boxe para o teatro. Luta nos teatros Lala Schneider, Edson Bueno e Fernanda Montenegro, em Curitiba.

2006 – para de lutar e torna-se técnico.