O menino de Ouro

Ídolo do Coxa, Alex contruiu lenda rara no futebol

Na tarde do dia 12 de maio de 2013, diante de 25 mil pessoas, o Coritiba venceu de virada o Atlético Paranaense no estádio Couto Pereira por 3 a 1 e conquistou o título de campeão estadual pela quarta vez seguida sobre o tradicional adversário. Um feito histórico atribuído em grande parte à experiência do camisa 10, Alex, que fez dois gols. Fazia 39 anos que o Coxa não ganhava um tetracampeonato. A última vez fora com o time lendário dos anos 70. “Eu considero estes dois gols os mais importantes que eu fiz com a camisa do Coritiba”, disse Alex. Foi também o seu primeiro título como jogador profissional do alviverde do Alto da Glória e também o último de uma carreira de 19 anos, recheada de conquistas. O Menino de Ouro deixou os gramados em grande estilo.

No final de 2014, mais uma partida histórica. No dia 8 de dezembro, Alex entrou em campo pela última vez como jogador. Assim como aconteceu contra o Atlético, o Coxa saiu perdendo para o Bahia, mas empatou, virou e venceu por 3 a 2. “Eu acho esta uma das partidas mais importantes que fiz, porque aconteceu aquilo que eu imaginava, que era fechar a minha carreira no Coritiba, onde comecei”, disse ele. Mas não foi só isso. Alex foi um dos responsáveis por livrar o Coxa do rebaixamento. Ele estreou no profissionalismo no ano em que o Coritiba subiu para a Série A e o deixou lá, como a torcida queria. Saiu de campo com lágrimas nos olhos e ovacionado. Era o desfecho de uma história de futebol e paixão que começou no ano de 1986.

Alex, o Menino de Ouro, conta o começo dela: “Eu tinha um amigo, o Silvio, que jogava comigo em Colombo e no Coritiba. Ele me chamou para treinar. Eu fui em Vila Oficinas e treinei. O professor Miro foi o meu primeiro treinador. A ajuda que ele me deu foi me encaminhar para a AABB onde joguei alguns anos e de lá eu fui para o Coritiba”, disse ele. Alex atuou pela AABB e pelas categorias de base do Coritiba simultaneamente por vários anos conquistando dois títulos como infantil, um como juvenil e dois nos aspirantes, sem contar os títulos no futebol de salão. Promovido em 1995 para o time profissional do alviverde, ele ficou no Alto da Glória dois anos no time principal em sua primeira passagem, sendo negociado ao fim do período com o Palmeiras. Carreira iniciada no Coxa, com a frieza que caracterizava as suas cobrança de faltas, Alex planejou encerrá-la no time do coração. E fez isto.

“Quando eu estava na Turquia e pensava no final da carreira, só passava o Coritiba na cabeça. Nunca teve segunda opção”, disse ele. Nesta hora, falou o coração: “Eu tive a oportunidade de encerrar a carreira em outro clube, mas deixei de lado a parte financeira para encerrar aqui”. Uma carreira que poderia se alongar por mais alguns anos. Porque ele pode não ter a energia da juventude, mas ainda tem muita bola no pé. Se alguém perguntar, a resposta é seca e fria: “Tenho”. Alex parou em grande estilo. Como sempre jogou. O cara é 10. Na camisa e na bola.

Amigos e parceiros

1995-97 (primeira fase)

Ademir Alcântara

Pachequinho

2013 (segunda fase)

Deivid

Robinho

 

Números no Coritiba

209 jogos, 70 gols e 58 assistências.

8º maior artilheiro do clube.

Campeão Paranaense 2013.

Artilheiro do Coxa no Brasileiro 2013 (12 gols)

Artilheiro do Coxa na temporada 2013 (28 gols)

Linha do tempo

1977 – Alexsandro de Souza nasce em Curitiba, no dia 14 de setembro. Passa a infância em Colombo.

1986 – Com 9 anos, o garoto Alex se destaca pela habilidade com a bola nos campinhos de Colombo. Participa de peneira no Coritiba. O vizinho Silvio o indica para uma “peneira” no Coritiba.

1990 – Levado quatro anos antes para o time de futebol de salão da Associação Atlética Banco do Brasil, Alex se integra aos infantis do Coxa.

1991 – Campeão brasileiro na categoria infantil pelo Coritiba.

1992 – Convocado para a Seleção Sub-17 para disputar o Sul Americano, foi cortado depois de sofrer uma c,ontusão no tornozelo.

1994 – Campeão pela equipe aspirante do Coritiba. Titulo que seria conquistado também em 1995.

1995 – Deixa o time de futsal da AABB para dedicar-se apenas ao futebol de campo, quando já atuava no time aspirante do Coritiba.

1995 – Indicado para treinar no time profissional, fez estreia na equipe principal no dia 2 de abril na vitória de 3 a 1 sobre o Iraty. Alex foi um dos destaques do time que disputou a Série B e garantiu a volta para a elite.

1996 – Convocado para a Seleção Sub-21 que representou o Brasil e conquistou o título da competição em Toulon, na França.

1997 – Disputou com a camisa da Seleção o Campeonato Sul-Americano e o Mundial Sub-20. No dia 1 de junho, faz contra o Paraná Clube sua última apresentação com a camisa do Coritiba em sua primeira passagem pelo clube. Depois desta partida, foi para o Palmeiras.

2013 – Disputado por Palmeiras e Cruzeiro, clubes pelos quais foi campeão e ídolo, Alex, aos 35 anos, escolhe o Coritiba para a sua volta ao Brasil. A escolha foi ditada pelo coração. “O Coxa é o meu time do coração. Era um sonho de menino encerrar a carreira no clube”, disse.  Reestreia no Coxa no dia 26 de janeiro de 2013, num amistoso contra o Colon da Argentina no Couto Pereira, que terminou empatado em 1 a 1.

2014 – No dia 8 de dezembro, Alex entra em campo pela última vez como jogador profissional. No Alto da Glória e com a camisa do Coxa. O alviverde que saiu perdendo para o Bahia, empatou, virou e venceu por 3 a 2. Chegava ao fim a carreira do craque que fez 422 gols em 1.035 jogos, conquistando 18 títulos.