Uma das histórias mais curiosas da carreira do motociclista Eduardo Saçaki aconteceu em 1988 no estádio Vitorino Gonçalves Dias, em Londrina, na noite em que ocorreu a primeira etapa do Supercross Noturno do Brasil. O estádio ficou cheio de pessoas e Saçaki sempre procurando ir além dos limites saiu voando e o estádio inteiro queria saber o que ia acontecer: o japonês simplesmente caiu e se esborrachou no solo. Fez-se um silêncio no estádio. Todo achou que Saçaki morreu. Ele, no entanto, se levantou sacudiu o corpo e lembra de ter visto um sujeito grudado com alambrado com uma expressão de pavor. Saçaki subiu na moto e recomeçou de novo.

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No mesmo lugar um novo tombo cinematográfico aconteceu e mais uma vez as pessoas no estádio acharam que ele desta vez tinha morrido. Mas ele, mais uma vez, sacudiu o esqueleto e se levantou. Aí a mesma pessoa que estava com as mãos grudadas no alambrado e uma expressão de pavor finalmente berrou: “Para com isso japonês. Cai fora daí. Não faz isso comigo não que eu não aguento. Você vai morrer ou vai me matar do coração, japonês”. Ele riu e foi em frente mais uma vez. Esta é uma das muitas histórias acumuladas por este curitibano que encontrou no motociclismo a sua razão de viver. De correr. Ou de se quebrar todo. “Quando eu penso eu minha carreira, nas cenas mais comoventes e emocionantes, esta é uma das que eu me lembro”, disse ele.

Primeiro Tombo – 1983 – Interlagos

“Meu primeiro tombo aconteceu na curva do Pinheirinho em Interlagos em 1983, na etapa do paulista. Eu sai em 18º lugar e passei todo mundo. Quando as pessoas estão na sua frente, você tem um controle da velocidade. Eu estava em segundo e quando fiquei em primeiro eu só ouvia o barulho das motos atrás de mim. Como eu não queria que ninguém me passasse eu acelerei demais e perdi o controle na curva. Eu sai de ambulância e fui direto para o hospital. Meu pai mandou confeccionar um macacão de couro para mim. O asfalto comeu todo o couro e eu fiquei todo esfolado. Foi minha primeira grande queda”.

Segundo acidente grave – 2005 – Carlos Barbosa – RS

Um acidente grave em 2005 tirou Eduardo Saçaki das pistas de motociclismo. Foi em Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul. Ele nunca vai esquecer o dia: 05/05/2005, seis dias antes de seu aniversário. Ele quebrou a coluna cervical, perdeu o rim esquerdo e o baço. “Isto sem contar uma séria lesão craniana. Foi o pior dia da minha vida. Meu pai chegou para me ver e disse: ele está morto. Depois olhou direito e disse, ele está respirando”, conta Saçaki. Depois deste segundo acidente grave, não tinha mais como insistir. Mas Saçaki não queria parar. Queria voltar às pias. A família fez um apelo: ele não era mais jovem e por duas vezes quase morreu. Era hora de parar.

A primeira moto – Garelli

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“O meu gosto por motos surgiu quando eu vi uma Garelli de uma vizinha. Ela tinha moto, mas a vizinha não me deixava ligar, porque eu era novo. E então eu pedalava o dia inteiro. Eu tinha oito anos”.

“Um mecânico da Hermes Macedo me emprestava a moto dele se eu enchesse o tanque. Ele esvaziava o tanque eu andava o dia inteiro e entreva com o tanque cheio. Todo meu dinheiro que eu ganhava eu gastava com gasolina. Eu tinha doze anos”.

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“Eu comecei a disputar provas porque eu era menor e andava com uma moto que meu pai comprou. Eu fui repreendido duas e ameaçaram tomar a habilitação do meu pai. Ao mesmo tempo aconselharam: já que ele gosta tanto de moto, coloque ele para praticar esportes. Eu tinha treze anos. E não parei mais”.