Promotores investigam rebelião e mortes na PEP

Todos os promotores da Promotoria de Investigação Criminal (PIC) estão sendo designados para acompanhar as investigações sobre a rebelião ocorrida na última sexta-feira na Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP). Anteriormente havia sido divulgado que apenas um promotor seria responsável pelo acompanhamento. A nova determinação partiu do coordenador da PIC, Ramatis Favero. Outra determinação é que o Ministério Público não dê informações durante as investigações. A Comissão Especial de Sindicância, criada pelo governo, deverá auxiliar os trabalhos da PIC.

Os agentes de disciplina Marcos Murilo Holzmann, Emerson Ramos e Amauri Pereira Carneiro – pertencentes a uma empresa de segurança terceirizada – que foram rendidos e permaneceram como reféns dos rebelados, foram afastados preventivamente de suas funções e prestarão depoimentos posteriormente. Nesta quarta-feira eles deverão depor na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (AL). Eles contestam a afirmação do secretário da Justiça e Cidadania, Aldo Parzianello, de que houve falhas no procedimento adotado e que os agentes é que teriam contribuído para a realização do motim. O trio deverá alegar que a fuga foi facilitada por irregularidades na PEP, o que será discutido. Na rebelião dois detentos acabaram mortos pelos demais companheiros.

De acordo com a deputada Elza Correia (PMDB), vice-presidente da comissão, os depoimentos servirão para esclarecer os motivos da rebelião, pois o prédio é considerado de segurança máxima. Um dossiê que foi entregue pelo Sindicato dos Servidores Penitenciários (Sinssp) à comissão e que conta com denúncias sobre o sistema penitenciário do Paraná, deverá ser averiguado na seqüência. O secretário Parzianello foi convidado a ser ouvido pela comissão, que é presidida pelo deputado Durval Amaral, no próximo dia 10 de dezembro.

Denúncia de irregularidades

Ontem à tarde um dos agentes que trabalham na Penitenciária Estadual do Estado (PEP), fez uma denúncia à Tribuna, colocando dúvidas sobre o motim acontecido na última sexta-feira. Segundo o denunciante, a arma feita de sabão, usada para render um dos funcionários, foi confeccionada devido a facilitação do chefe de segurança do presídio. Ele contou que toda a semana cada detendo recebe uma pequena barra de sabão para tomar banho e que no final do período, as sobras são recolhidas. “Eles são vistoriados diariamente e não há possibilidades de os presos esconderem o sabão. Por isso alguém estava permitindo que eles ficassem com o restante”, contou. Outro detalhe é que a arma foi pintada a caneta, material ao qual os detentos não têm acesso.

Quanto à morte do preso Saneo Aparecido Santos, 27 anos, o agente também informou que dois dias antes do motim, ele implorou para não ser transferido da 2.ª para a 7.ª galeria. Chegou até a tentar suicídio cortando os pulsos para evitar a transferência, mas não conseguiu. Saneo estava jurado de morte porque era um dos informantes dos policiais – função conhecida como “passarinho” – e havia sido descoberto pelos outros presos. Segundo o agente, todos sabiam das ameaças e mesmo assim o chefe de segurança, responsável pelo remanejamento dos presos, transferiu Saneo, que acabou sendo executado.

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