Locadora de cães é acusada de maus tratos

Com um mandado de busca e apreensão, a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente recolheu ontem, em uma construção em Curitiba, dois cães da empresa Dog Alerta. Os animais – um rotwailler e um pitbull – foram locados há cerca de 50 dias pela Chavalier Incorporadora e Consultoria para fazer a segurança do local. Os cães foram levados pelo Canil Municipal, onde deverão passar por uma avaliação. Os animais estavam muito agitados e com falta de pêlos pelo corpo.

De acordo com o delegado titular da Delegacia do Meio Ambiente, Wilciomar Voltaire Garcia, diversas pessoas denunciaram a situação de maus tratos contra os animais. Entre os principais problemas relatados estavam a falta de comida e tratamento. “Nesse caso nós podemos ver a olho nu a situação desses cães, que estão com a pele coberta de sarna”, disse. Segundo o delegado, só nos últimos trinta dias, a delegacia recebeu sete denúncias contra a Dog Alerta, feitas por vizinhos ou pessoas que passaram por locais onde os cães estão confinados.

A moradora do prédio que fica ao lado da obra – na Rua Pasteur, no bairro Batel -, Haila Bitencourt Moraes, afirmou que nunca viu ninguém tratar os cachorros: “Muitas vezes eu joguei ração para os cães”, confessou. Halila garante que a empresa apenas trocava os animais quando eles estavam fracos, e que isso era percebido pela diferença dos latidos e uivos, que eram intensos à noite.

Essa foi a primeira vez que a delegacia conseguiu uma ordem judicial para recolher os cachorros. O delegado Voltaire disse que o juiz não concedia o documento sem o laudo de um veterinário, “mas como essa não foi a primeira denúncia contra a empresa, conseguimos a ordem”. Voltaire informou que, se as condições de maus tratos forem confirmadas, a empresa pode responder por termo circunstanciado e pagar multas de até R$ 50 mil. “A empresa que contrata os serviços pode ser enquadrada por conivência e receber as mesmas punições”, afirmou o delegado.

O engenheiro da obra, Diocléio Funchal Correia, não confirmou a informação do delegado, e garantiu que os animais recebiam água e comida diariamente. Ele explicou que os animais foram locados há cerca de 50 dias, depois que a obra foi alvo de furtos. Para reforçar a segurança, a empresa também contratou uma empresa de alarme monitorado. “Os ladrões levaram fios e registros de cobre. Depois da contratação desses serviços, isso não aconteceu mais”, garantiu.

Cão de guarda

O proprietário do Dog Alerta, Carlos Castilho, negou que os animais fossem maltratados: “A diferença é que eles são cães de guarda e não cães de companhia, que dormem em casinhas. Por isso são cães rústicos que ficam no terreno do imóvel”, comparou. Castilho disse que o fato de os animais estarem com problemas no pêlo é em função do clima e falta de banho. “Eu não vou dar banho com esse tempo”, argumentou. Castilho garantiu que um tratador ia até o local com regularidade, e além da comida, tratava dos animais doentes. “Eu tenho que manter o animal alimentado, senão não tenho segurança”, observou.

Sem fundamento

O empresário confirmou que essa não é a primeira vez que a empresa é denunciada por maus tratos. “Só que sempre foram denúncias infundadas. Isso acontece porque as pessoas não sabem diferenciar a função do cão de guarda do de companhia”. Castilho disse que ainda não sabia qual medida iria adotar para recuperar os animais levados ontem pelo Canil Municipal. Atuando no ramo de locação de cães há 14 anos, ele não quis informar quantos animais são empregados na atividade. O custo da locação varia de R$ 150 a R$ 300, dependendo da região da cidade.

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