Insegurança

Agente penitenciário é espancado por presos

Em menos de 10 horas, um espancamento e uma tentativa de fuga movimentaram o sistema carcerário na Grande Curitiba. O primeiro registro ocorreu às 17h30 de terça-feira (03), quando um agente penitenciário foi rendido e espancado por seis presos quando recolhia para as celas os detentos que aproveitavam a tarde de sol no pátio.

Isso aconteceu na Penitenciária Estadual de Piraquara 1, a PEP1. Os colegas de trabalho da vítima, que já está na função há cinco anos, interviram e conseguiram salvar a vida do agente, que está internado no Hospital Angelina Caron.

De acordo com o vice presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado do Paraná (Sindarspen), Antony Johnson, uma reunião com a classe definiu que todas as unidades do Complexo Penitenciário de Piraquara permanecerão fechadas, ou seja, não terá visita e os presos não sairão das celas, até que a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos tome uma providência.

“O sistema penitenciário num todo está numa situação complicada. Falta efetivo, segurança em todas as unidades do estado, mas na PEP1 estão os presos faccionados, que não querem trabalhar, não querem estudar. A indisciplina é maior. Eles precisam de um tratamento penal diferente”, explica Antony, referindo-se à agressividade e desinteresse dos presos integrantes de facções criminosas.

Já o 1º Distrito Policial, no centro de Curitiba, registrou mais uma tentativa de fuga, que ocorreu por volta das 2h desta quarta-feira (04). Os policiais de plantão ouviram um barulho estranho na carceragem e perceberam que os presos estavam, mais uma vez, usando o que conseguiam para molhar e escavar a parede na tentativa de abrir um buraco para fugir.

Uma equipe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) foi acionada para conter o tumulto até que o buraco fosse tapado. O 1º DP possui duas salas que foram adaptadas para receber dois presos cada uma, e já estão com 28.

Uma fuga e 10 tentativas foram registradas pelo delegado Rubens Recalcatti nos dois meses que ele está no comando desta unidade. “A situação está insustentável”, lamenta. Na terça-feira, por volta das 16h, já tinha sido feita uma vistoria nas celas para recolher objetos que poderiam ser utilizados numa tentativa de fuga.

Recalcatti lembra que, com o clima tenso, a qualquer momento os presos podem atacar os policiais que vão entregar comida, por exemplo, ou fugir e render pessoas na rua. “Atendemos de 300 a 500 pessoas por dia aqui. É um risco para o policiai e para toda a população que está aqui e nos arredores, no Centro da cidade”, afirma.

O delegado já encaminhou ofícios pedindo ajuda para a Vara de Execuções Penais, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e até para a Defensoria Pública, para transferir os presos ou rever a necessidade de mantê-los detidos, mas ainda não obteve resposta. Não há previsão de transferência dos presos. “Eles sempre dizem a mesma coisa: não há vaga”, desabafa o delegado.