Segurança

Onda de assaltos em escolas faz prefeitura cogitar rompimento de contrato com empresa de segurança

Depois das escolas da rede municipal de Curitiba terem registrado mais de 500 assaltos neste ano, o secretário de Defesa Social da cidade, Guilherme Rangel, cogita romper o contrato com a G5, empresa de segurança que atua em 516 instituições da capital. Segundo o secretário, a companhia “não está prestando o serviço de maneira adequada”. Para a G5, todas as partes do contrato estão sendo cumpridos.

A discussão gira em torno das competências previstas no contrato. Segundo Rangel, a G5 é contratada para monitoramento e alarme, “ou seja, para evitar o delito”. Já para a empresa, o serviço tem apenas caráter preventivo, visto que não há agentes de segurança nos locais e o prazo para chegada da equipe após o disparo do alarme é de 10 minutos — ou seja, não é o suficiente para realizar uma prisão em flagrante e evitar o crime. Além disso, ela também presta serviço de seguro, reembolsando objetos roubados dentro das unidades. “O que não pode acontecer é a empresa virar uma seguradora apenas”, explica o secretário.

O ponto é que, no contrato assinado em 2013 e renovado anualmente desde então, está definido que a prestação de serviços de segurança é feita “através de sistemas de alarme monitorado, com instalação, manutenção e monitoramento”. Além disso, o documento fica os 10 minutos para chegada ao local do delito.

Ainda assim, Rangel não só aponta a possibilidade de romper o contrato com a G5 como ainda centralizar o montante gasto com a empresa na Guarda Municipal, investindo em câmeras e alarmes específicos para a corporação. Atualmente, segundo a Secretaria de Defesa Social, a Guarda é comunicada depois do atendimento da empresa. A contratação de outra companhia também está entre as opções cogitadas pelo secretário.

Valores

A G5 diz receber, em média, R$ 707 por escola assegurada para a prestação dos serviços — ou seja, cerca de R$ 365 mil para atender 516 unidades de Curitiba. Só que, para incorporar vigilantes em regime de 12 horas noturnas de 24 horas aos sábados, domingos, feriados e recessos escolares, a empresa estima que o custo para a prefeitura saltaria para algo entre R$ 17 e R$ 25 mil por unidade escolar.

Soluções

Segundo a Secretaria de Defesa Social, uma reunião com a G5 e com o gestor do contrato na Secretaria de Educação será convocada nos próximos dias. Na ocasião, a promessa é que sejam debatidas as atribuições, atendimento e tempo-resposta nas ocorrências. A secretaria afirma que há diversas reclamações de diretores de escola sobre os serviços, mas não entrou em detalhes sobre os aspectos que estariam deixando a desejar.

Relembre os casos

Entre os meses de janeiro e agosto deste ano, a Secretaria Municipal de Educação registrou 505 furtos nas escolas municipais de Curitiba. Esse número representa um aumento de 39,5% em comparação com as ocorrências de 2016, quando foram computados 362 casos no mesmo período. A incidência de vandalismo também cresceu, de 100 para 137. E, desse total, a Guarda Municipal fez apenas 26 apreensões.

Entre os bairros que registraram ocorrências de assaltos encontram-se Barreirinha, Cajuru e Santa Cândida.

No dia 29 de agosto, a Polícia Civil prendeu quatro pessoas suspeitas de furtarem três escolas e dois Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) no bairro Cajuru, em Curitiba. No entanto, mesmo após 30 dias de investigação que levaram a polícia até os suspeitos, três deles foram liberados depois de ficarem menos de 12 horas na delegacia.

Escolas mais atingidas por furto/vandalismo em 2017

Escola Municipal Júlia Amaral Di Lenna – 15 (ocorrências)

CMEI Pré Escola Vila Verde – 13

Escola Municipal Irati – 11

Escola Municipal Otto Bracarense Costa – 10

Escola Municipal CAIC Cândido Portinari – 10

CMEI Arnaldo Agenor Bertone – 9

UEI Tanira Regina Schmidt – 9

Escola Municipal Leonel de Moura Brizola – 8

CMEI Arnaldo Carnasciali – 7

EM Santa Águeda – 7

CMEI Jardim Aliança – 7

EM Lapa – 7

CMEI Trindade – 7

EM Dario P. Castro Vellozzo – 7

Evolução da violência

2016 – 462 casos – 362 furtos – 100 atos de vandalismo

2017 – 642 casos – 505 furtos – 137 atos de vandalismo

Colaborou: Cecília Tümler

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