Tchau, querido!

Pra concorrer ao Senado, Beto Richa renuncia e dá adeus ao poder após 23 anos ininterruptos

Foto: Jonathan Campos.

Depois de 23 anos ininterruptos, Beto Richa se despede da Avenida Cândido de Abreu, núcleo do poder do Paraná. Ele anunciou que deixa o governo do estado na próxima sexta-feira (6) para concorrer ao Senado, um passo natural dentro de sua carreira política, que teve início em 1995, como deputado estadual.

Depois da Assembleia Legislativa, onde ficou por dois mandatos, Richa ocupou o gabinete de vice-prefeito na segunda gestão de Cassio Taniguchi (2001-2004). Em seguida foi eleito e reeleito (2008) para comandar o Executivo Municipal. Contrariando o famoso mote “Fica, Beto”, renunciou ao cargo em 2010, dois anos do término de seu segundo mandato, para concorrer e ganhar a eleição para governador naquele ano, sendo reeleito em 2014 ambas as vezes, venceu no primeiro turno.

Investigações

No segundo mandato, diversas denúncias de corrupção e desvios atingiram pessoas próximas ao governador ou revelaram fraudes milionárias para o estado.Em três investigações diferentes, delatores afirmaram que a campanha do tucano foi abastecida com caixa 2. As revelações foram feitas por representantes da Odebrecht para a força-tarefa da Lava Jato; pelo empresário Eduardo Lopes de Souza, dono da construtora Valor, na Operação Quadro Negro, que investiga desvios milionários de obras em escolas; e por um auditor fiscal na Operação Publicano, que apura um esquema de corrupção articulado a partir da Receita Estadual.

O tucano nega todas as acusações. Há pelo menos três inquéritos e uma ação penal contra o governador em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que agora podem ser encaminhados ao primeiro grau, com a perda de foro de Richa.

Também há inquéritos criminais no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar envolvimento de autoridades com foro privilegiado no caso Quadro Negro. Pelas investigações do Ministério Público, esse esquema pode ter causado um prejuízo superior a R$ 20 milhões aos cofres públicos além de ter deixado obras de escolas em ruínas, que ainda não foram retomadas, uma imagem com potencial de dano ao governador.

Mas os trâmites burocráticos com a mudança de jurisdição e os tempos processuais, porém, o favorecem. Caso seja eleito senador, ele passará a ter foro no Supremo Tribunal Federal (STF), pela legislação atual. Há duas cadeiras em disputa nesta eleição, e os aliados dão como certa mais uma vitória de Carlos Alberto Richa, londrinense de 53 anos que entrou na política contrariando a vontade do pai, o ex-governador José Richa.

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