Corrupção

Operação Lava Jato de São Paulo “acorda” e mira o PSDB

Foto: Agência Brasil

Enquanto a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba já completou quatro anos nas ruas e mostra resultados como a prisão de um ex-presidente da República e diversos membros do PT, em São Paulo o ritmo da operação é bem mais lento. O estado entrou no cenário da Lava Jato em 2015, mas até agora as investigações não decolaram. Na semana passada, a força-tarefa paulista da Lava Jato “acordou”. E o alvo ficou claro: o PSDB, que comandou o estado por décadas.

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A força-tarefa de São Paulo da operação pediu ao vice-procurador da República, Luciano Mariz Maia, que remetesse “o mais rápido possível” para a primeira instância o inquérito sobre ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), citado por delatores da Odebrecht. A Procuradoria-Geral da República, porém, acabou encaminhando as investigações para a Justiça Eleitoral por entender que só há caixa dois no caso – crime eleitoral, portanto.

Preso, Paulo Preto vira o “homem-bomba” dos tucanos

O pedido do Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo mostra que o PSDB pode começar a se complicar com as investigações da Lava Jato em primeira instância – que até agora, em outros estados, miraram principalmente políticos do PT, PMDB e PP.

No início do mês a Lava Jato em São Paulo levou para a prisão o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto. Ele é apontado como operador do PSDB e tem fortes ligações com tucanos como José Serra, Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes.

Paulo Preto, inclusive, já foi denunciado pelo MPF de São Paulo, pelos crimes de peculato, corrupção e organização criminosa. Outros três investigados também viraram réus.

O MPF acusa Paulo Preto desviar de verbas públicas vinculadas ao programa de reassentamento da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A). Ele comandava o órgão na gestão dos tucanos Geraldo Alckmin (2005 e 2006) e José Serra (2007-2010). O dinheiro desviado, que chega a R$ 10 milhões corrigidos, deveria ser destinado aos moradores dos locais em que seriam feitas obras do trecho sul do Rodoanel, obra viária que circunda a capital paulista.

Segundo a assessoria de imprensa do MPF, o caso da Dersa ficou com a força-tarefa da Lava Jato em São Paulo por ter um personagem em comum com casos que são investigados a partir da delação da Odebrecht. Esse personagem é justamente o operador do PSDB, Paulo Preto.

  • A força tarefa da Lava Jato em São Paulo foi criada em julho do ano passado e tinha, inicialmente, quatro procuradores do MPF. Em fevereiro, foi ampliada e passou a contar com 11 procuradores, mas sem dedicação exclusiva – diferentemente das equipes de outros estados. Isso quer dizer que, enquanto as forças-tarefas em Curitiba e no Rio de Janeiro investigam apenas casos relacionados à Lava Jato – o que propicia a agilidade das investigações. Em São Paulo, os 11 procuradores que foram destacados para a operação também cuidam de outros casos. A força-tarefa no estado está dividida entre a capital e cidades do interior.

A fonte das investigações: as delações da Odebrecht e da JBS

Segundo o MPF de São Paulo, a força-tarefa já tem mais de 20 inquéritos instaurados para investigar os casos delatados por executivos da Odebrecht. A empreiteira firmou um mega-acordo de colaboração premiada e as investigações foram espalhadas por várias partes do país, dependendo dos investigados e do local onde os crimes foram praticados. Nenhuma denúncia foi apresentada até agora.

O relator da Lava Jato no STF, ministro Luiz Edson Fachin, remeteu à Justiça Federal de São Paulo pelo menos nove inquéritos envolvendo tucanos. A maioria dos casos envolve caixa dois para campanhas eleitorais.

O acordo de colaboração premiada dos executivos da J&F também rendeu investigações em São Paulo. Em dezembro, a PF em São Paulo deflagrou a Operação Baixo Augusta. Os investigadores apuram a existência de um esquema de propina para acelerar a liberação de créditos tributários junto à Receita Federal de empresas do grupo J&F, tal como a JBS. Estima-se que o total de créditos tributários liberados à JBS a partir do esquema chegue a R$ 2 bilhões ao longo de 13 anos.

 Caso do Ministério do Planejamento ficou em São Paulo. E já há 3 denúncias

Em setembro de 2015, o Supremo Tribunal Federal (STF) colocou o MPF de São Paulo no mapa das investigações da Lava Jato, ao desmembrar parte do caso que estava nas mãos dos procuradores de Curitiba. A investigação da Operação Pixuleco II, que mirou irregularidades em contratos do Ministério do Planejamento com a empresas Consist, foi remetida a São Paulo e ficou parada por quase um ano.

Em junho de 2016, a Lava Jato em São Paulo deflagrou a operação Custo Brasil, que levou à prisão o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo – marido da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann – e o ex-advogado do casal Guilherme Gonçalves. Seis dias depois, o STF mandou soltar Paulo Bernardo.

As investigações no Paraná já haviam mostrado que dinheiro de empresas investigadas nessa etapa da Lava Jato havia sido usado para pagar até omotorista de Gleisi. As investigações em São Paulo detalharam o esquema e os procuradores apontaram que pelo menos R$ 7,6 milhões foram repassados ilegalmente ao escritório de advocacia ligado a Paulo Bernardo.

O caso foi investigado por outro grupo no MPF de São Paulo, que recebeu uma designação específica para atuar nessa etapa. A apuração já levou à apesentaçãp de rês denúncias à Justiça Federal de São Paulo. Ainda não há nenhuma sentença.

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