Greca deixa o PFL ainda sem destino definido

O deputado estadual Rafael Greca anunciou ontem sua desfiliação do PFL, mas não revelou seu futuro partidário. Greca apontou a falta de espaço como a principal razão da sua saída do partido, no qual estava desde 1997. “Desde que fui prefeito (de 1993 a 1996), não me deixaram concorrer mais a nenhum cargo majoritário”, afirmou o deputado, que se disse traído e acusou a direção do PFL de cancelar a convenção municipal de Curitiba para impedir que ele assumisse o comando da sigla.

Greca afirmou que quando a direção do partido soube que ele ia fazer seis mil novas filiações suspendeu a convenção e nomeou uma direção provisória. A convenção deveria ter sido realizada em 8 de março. Segundo o deputado, o adiamento foi uma forma de entregar o PFL para o prefeito de Curitiba e seu principal adversário interno, Cassio Taniguchi, que também passou a integrar a comissão executiva estadual.

Greca disse que o PFL o impediu de se candidatar em 1998 e 2002. Em 1998, o deputado queria ser candidato ao Senado, mas acabou sendo atropelado pelo que chamou de “acordo branco”, em que a coligação comandada pelo ex-governador Jaime Lerner (PFL) abriu mão de lançar um candidato próprio ao Senado, gerando suspeitas de favorecimento à candidatura do senador Alvaro Dias, que na época estava filiado ao PSDB. Em 2002, Greca queria ser candidato ao governo, mas o partido decidiu apoiar o vice-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB).

Na carta que encaminhou ao líder da bancada estadual do PFL, deputado Plauto Miró Guimarães, Greca disse que se tornou refém de interesses específicos. “Fui impedido, por espúrios ?acordos brancos?, nas eleições de 1998 e 2002, de colocar meu nome a serviço do PFL nas disputas majoritárias, apesar de ter dado ao partido a maior votação proporcional para deputado federal da história do Brasil moderno. Ao deixar a Prefeitura de Curitiba e ingressar no partido, tornei-me refém de ambições e interesses locais, que, hoje, percebo, inconfessáveis”, afirmou.

Futuro

Greca disse que está buscando um partido em que possa se expressar livremente. Na prática, o deputado está procurando uma legenda que possa dar suporte ao seu projeto de ser candidato a prefeito de Curitiba no próximo ano. Ontem, disse que a candidatura não é a principal exigência para escolher seu novo partido. Mas afirmou que prefere uma sigla aliada do governo estadual. “Vou caminhar ao lado do Roberto Requião, mantendo a posição crítica, quando necessário, mas livre para criticar a administração de Curitiba”, disse o deputado.

Greca já esteve conversando com PPS e PTB, mas não indica se as negociações estão avançando. “Vários partidos me ofereceram acesso, mas tenho muito tempo ainda para decidir”, disse o deputado, que não descarta a possibilidade de se filiar ao PMDB. Para ser candidato a prefeito, Greca tem que fazer a sua opção partidária até setembro.

Amaral lamenta perda de quadro

O vice-presidente estadual do PFL, deputado Durval Amaral, disse que o partido lamenta a saída de “um bom quadro e um bom parlamentar”, mas refutou as acusações do deputado Rafael Greca, que disse ter sido impedido de se candidatar às eleições majoritárias. “Lamentamos a saída do deputado, mas o partido decide soberanamente em convenção. Não existe candidatura nata nem na legislação brasileira e nem no PFL”, disse.

Amaral afirmou que a suspensão da convenção em Curitiba foi decidida em reunião da qual Greca participou e que visava evitar uma crise interna. “Nós concluímos que não deveríamos antecipar em um ano e oito meses uma disputa que não era benéfica ao partido”, justificou o vice-presidente. Greca e o ex-deputado federal Luciano Pizzatto, com o apoio do prefeito Cássio Taniguchi, estavam disputando o controle do partido em Curitiba.

Sobre a eleição do ano passado, em que Greca não conseguiu ser indicado para concorrer ao governo, o vice-presidente afirmou que o partido decidiu se aliar ao PSDB com base no cenário político daquele momento. E que Greca foi derrotado na convenção por não ter se preocupado em construir uma base interna de apoios à sua pré-candidatura. “Uma candidatura tem que ser construída ao longo de anos”, afirmou .

Voltar ao topo