LAVA JATO

Delator da JBS diz que Gleisi recebeu R$ 5 milhões de propina em 2014

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

O executivo Ricardo Saud, da JBS, disse aos investigadores da Procuradoria Geral da República que a empresa repassou R$ 5 milhões em propina para a campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT) ao Governo do Paraná, em 2014. Segundo Saud, que firmou um acordo de colaboração premiada, parte da propina paga ao PT nas eleições daquele ano foi destinada a campanhas aos governos.

Segundo Saud, a JBS destinou cerca de R$ 150 milhões para o PT na campanha de 2014. Deste valor, parte foi destinada à campanha da chapa Dilma–Temer e outro montante foi distribuído a candidatos a governadores nos estados. Além de Gleisi, o colaborador também cita os candidatos em São Paulo, Alexandre Padilha; em Goiás, Antônio Gomide; e em Minas Gerais, Fernando Pimentel.

“Tudo isso eu quero falar para o senhor que foi doação dissimulada de oficial, que não teve nada de oficial. Isso tudo é dinheiro de propina, que foi feito notas fiscais e foi feito pagamento em dinheiro vivo”, disse Saud ao procurador que ouvia o depoimento.

Saud também contou em seus depoimentos que o grupo JBS gastou R$ 217,3 milhões para comprar os partidos que fizeram coligação com as duas principais chapas que concorreram à Presidência da República em 2014.

Paulo Bernardo

Saud também disse que a JBS tinha uma “obrigação” com o PT. “O Joesley fazia as negociações, que até no começo eu não sabia que já existia conta corrente”, disse. “Dentro dos negócios que nós fazíamos lá, depois o Joesley veio me contar, que uma participação ia para esse caixa, que depois ia para as campanhas”, completou o colaborador.

Nesse contexto, Saud conta que uma vez teve uma discussão com o ex-ministro Paulo Bernardo referente aos repasses. “Uma vez eu até tive um embate com o Paulo Bernardo, uma discussão muito ruim e ele falou ‘O dinheiro não é de vocês, porque você está querendo segurar um dinheiro que não é seu’”, disse. “Ele deixou claro que o dinheiro não era nosso”, completou.

Procurada, a assessoria da senadora não se manifestou até o fim da manhã deste sábado.