Uma casa que respeita a natureza

Curitiba abriga a primeira casa no Brasil que respeita a natureza, mantendo o seu patrimônio mais precioso, a água. Localizada na Vila Hauer, a casa foi projetada pelo arquiteto Laércio Licheski, que fez um sistema de aproveitamento, inclusive da água da chuva. Com isso, tornou-se um dos semifinalistas do concurso Planeta Casa, promovido no fim do ano passado. A iniciativa promove uma economia de cerca de 70% de água e esgoto.

No projeto, a água da chuva é direcionada para cair num tubo que leva a uma cisterna de 8 mil litros. Neste reservatório também é armazenada a água do banho e da lavanderia que é reutilizada – depois de filtrada – na descarga e na lavagem de calçadas e veículos. “São dois sistema paralelos. Uma tubulação que vai para cozinha, banho e lavatório e outra que é destinado mais para a parte da limpeza”, explica o arquiteto, que começou a o projeto há três anos, tendo concluído a casa em setembro do ano passado. Atualmente, diz ele, outras três casas na capital já adotaram o sistema, que é automático.

Laércio acredita que o método pode se transformar numa tendência, pois além da economia, representa a consciência ecológica. Numa casa de 450 metros quadrados, como a da Vila Hauer, o gasto é R$ 1.500 maior, mas a própria proprietária, a empresária Cida Soares, diz que compensa. “Eu morava numa casa que não tinha cem metros quadrados e gastava de conta de água três vezes mais”, exemplifica. Ela não vê dificuldades e se adaptar ao sistema que é todo automático. A diferença é que, se uma descarga utiliza de 20 a 25 litros de água limpa ela vai utilizar a mesma quantidade, mas de água “suja”.

Como não vê o sistema como algo novo, mas que demonstra a vontade em colaborar com a natureza, Laércio não pretende patentear. “Eu adaptei tudo para um sistema atual, que mostra que é possível com atitudes simples preservar e respeitar a natureza”, declarou. Consciente de que a água, ao contrário do que as pessoas imaginam, é um bem finito, ele optou em prevenir. Para se ter idéia, a casa da Vila Hauer, no caso de racionamento é auto-suficiente para se manter por pelo menos uma semana. O arquiteto diz que o método pode ser implantado em construções existentes. “O problema é que falta vontade política em transformar o sistema, afinal é uma briga com quem ganha dinheiro com o consumo de água”.

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