Praça Tiradentes vira sítio arqueológico

Andar pela Praça Tiradentes, o marco zero de Curitiba, significa caminhar sobre a história. Literalmente. O professor e arqueólogo Igor Chmyz, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), está se preparando para garimpar tesouros arqueológicos na área da Praça Tiradentes, que será reformada pela Prefeitura de Curitiba. De acordo com ele, as descobertas podem mudar alguns aspectos da história da cidade e, até mesmo, do Paraná.

Na região da Praça Tiradentes, poderão ser encontrados alicerces de edificações, resíduos de calçamento, canalizações, lixo, objetos e utensílios domésticos. Estes podem revelar as funções antigas do espaço, aspectos da economia e o desenvolvimento cultural da cidade e de sua população.

O arqueólogo conta que os trabalhos vão começar na parte nordeste da Praça Tiradentes, quase em frente à Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz de Curitiba. ?Esperamos encontrar algo que nos remeta ao século 17, como os vestígios do Pelourinho. De acordo com dados históricos, na Praça Tiradentes havia uma capela construída em forma de palhoça de pau-a-pique, mas não sabemos em que local ela estava porque o material já está decomposto. Mas sempre há uma possibilidade de encontrar algum objeto pessoal deixado no chão. Também acreditamos encontrar vestígios que remetam às populações indígenas que antecederam os portugueses e espanhóis?, comenta Chmyz.

Ele explica que é possível recuperar os objetos que podem ser encontrados durante as escavações. Exemplos disso são artefatos indígenas recolhidos durante obras da Prefeitura de Curitiba nas décadas de 1950 e 1960 e que foram posteriormente recuperados por arqueólogos da UFPR. Para Chmyz, estas ocorrências apontam a existência de um sítio arqueológico na cidade. ?A proximidade das ocorrências aponta para a existência de grande sítio arqueológico entre as ruas, debaixo de prédios, calçadas e asfalto. Outros objetos de origem indígena, como esses, também foram constatados na cidade por moradores durante as construções de suas propriedades no bairro das Mercês. Essas informações constam nas publicações que contam a história de Curitiba?, revela.

A equipe que vai realizar o trabalho arqueológico na Praça Tiradentes pertence à Fundação da UFPR para o Progresso da Ciência, da Tecnologia e da Cultura, que venceu a licitação da Prefeitura de Curitiba para esta atividade. O mesmo grupo trabalha nas escavações das obras da Linha Verde, que está sendo construída na BR-476 (antiga BR-116). Naquela local foram encontrados vestígios de uma capela de portugueses e de um cemitério. Ainda serão realizados estudos para determinar o período exato dos objetos. Já foi coletado material que remete às tribos indígenas das famílias lingüísticas Jê e Tupi-guarani e aos caçadores coletores que viveram dois mil anos antes de Cristo. Os trabalhos na Linha Verde ainda não terminaram.

A Praça Tiradentes é o núcleo central da formação de Curitiba. Foi oficialmente denominada Tiradentes em 1889. O local onde hoje é a praça se tornou palco de diversos fatos históricos da cidade e ainda guarda registros importantes, como a Araucária plantada em 1936 pelo então interventor Manoel Ribas.

A revitalização da Praça Tiradentes vai contar com novo piso e iluminação. O desenho original da praça, do início do Século XX, será mantido. O investimento chega a R$ 1,1 milhão.

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