E o natal deles?

Falta pouco pro HSBC virar Bradesco e futuro dos funcionários é incerto

Prestes a ser concretizada, a compra do HSBC pelo Bradesco continua preocupando funcionários do banco que será adquirido. Eles não sabem o que irá acontecer com seus empregos e contam que o clima de tensão e medo é dominante no ambiente de trabalho. A indefinição vai desde a manutenção dos empregos até a continuidade de serviços ou setores inteiros e ainda questões sobre procedimentos básicos, como conduta e vestimenta. De acordo com os funcionários do HSBC, a transição já está ocorrendo internamente, com reuniões diárias. Uma equipe formada por representantes dos dois bancos estaria analisando sistemas e procedimentos, para então definir como será a incorporação efetiva.

Estresse

“Está muito complicado, continuamos nessa dúvida”, conta um funcionário que preferiu não se identificar. A tensão, diz ele, se arrasta desde que foi anunciada a negociação de venda do banco e se agrava a cada dia. “Quase não consigo dormir pensando no que vai ser. Tenho que ter um plano b, c, d, até o z. Preciso recorrer a um psicólogo pra conversar sobre isso”, diz.

O mesmo acontece com os colegas, que têm histórias e compromissos de todos os tipos. Algumas pessoas são casadas com funcionários do próprio banco, têm filhos ou aguardam a chegada de um bebê.

Outro setor que está receoso em relação às mudanças é o comércio no entorno das sedes do banco em Curitiba.
Na tentativa de garantir o emprego, muitas pessoas passaram a exceder a jornada, trabalhando inclusive aos domingos e durante a madrugada. “Chegou nesse nível, mas também muita gente está se baseando no que o presidente do Bradesco disse, que tem interesse em manter o pessoal”, comenta o funcionário. “Não tem nada anunciado, mas pelas posturas, esperamos pela demissão”, lamenta.

Empregos negociados

Jordão, afirma que, desde o anúncio da venda, o sindicato se está negociando com os dois bancos a garantia de que os trabalhadores não sejam demitidos. “Do HSBC arrancamos o compromisso de que não haveria demissão em massa. O Bradesco informou que só poderia responder pelo funcionalismo no ano que vem, mas que nenhum processo de demissão está no cenário e que o banco iria fazer o aproveitamento máximo dos funcionários e a possibilidade de que alguns setores continuem em Curitiba”, explica o presidente do sindicato. Assim que a venda for concretizada, a entidade irá se reunir novamente com o Bradesco, o que deve acontecer no começo de 2016. “Um acordo entre os bancos definiu que os resultados de 2015 serão do HSBC, até 31 de dezembro as operações, as tratativas do funcionalismo e comerciais são do HSBC, e passam para o Bradesco em janeiro”.

Momento nebuloso

Entre os funcionários, a previsão é que a primeira fase de transição comece no final de novembro, seguida por uma nova etapa em março de 2016 e seja concluída em junho do mesmo ano. A assessoria de imprensa do Bradesco informou que até que se aprove a venda nada irá mudar e, por enquanto, se trata de dois bancos distintos. A mudança só irá acontecer após a aprovação dos órgãos reguladores, quando também serão realizados os anúncios de eventuais mudanças.

Transição

Na avaliação do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, os funcionários se encontram em um momento de limbo, enquanto o HSBC já não se mostra tão preocupado e o Bradesco ainda não tomou as rédeas da situação. “É um momento bastante nebuloso”, avalia o presidente ,da entidade, Elias Hennemann Jordão. Ele garante que o sindicato está acompanhando a situação dos trabalhadores e cobrando um posicionamento das empresas.

Em relação ao excesso de trabalho entre alguns funcionários, na tentativa de, desta forma, garantir seus empregos, Jordão afirma que esta não é a solução.

“Dentro do banco existe ansiedade, mas querer mostrar mais serviço que outro ou passar por cima dos colegas não resolve. O banco não vai considerar isso, ele vai considerar o conjunto como um todo”, diz ele, que confirma ter recebido alguns relatos de funcionários sobre excessos.

Bradesco diz que nada irá mudar até aprovação da venda. “Bancos distintos”, alega.

É o seguinte!

Três palavras sobre a aquisição do HSBC pelo Bradesco: Due diligence humana. Due dilence é um termo que deriva do direito romano e pode ser definido como o trabalho que deve identificar os ativos e passivos contábeis e jurídicos da empresa que está sendo adquirida. Due diligence humana é o mesmo  processo, só que é direcionado para o capital humano da empresa que está sendo comprada. Isso pode evitar problemas futuros, como a perda de talentos, rixas internas, interrupção da integração e queda na produtividade. Quando uma empresa compra outra, o sucesso depende de gente, não de dinheiro.

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