Chuva deixa rastro de destruição na Grande Curitiba

A chuva forte que caiu em Curitiba e região metropolitana durante a madrugada e a manhã de ontem causou muitos estragos. Defesa Civil e Corpo de Bombeiros atenderam dezenas de chamados por causa de alagamentos, quedas de árvores e destelhamentos.

De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, choveu 75 milímetros entre 18h de segunda-feira e o final da manhã de ontem. Isso é quase toda a média de chuva do mês de abril, que gira em torno de 100 milímetros.

Entre os municípios mais atingidos estão Curitiba, Campo Largo e Pinhais. Na capital foram registrados diversos pontos de alagamentos e quedas de árvores. A Defesa Civil registrou 40 ocorrências na cidade entre a noite de segunda-feira e o final da manhã de ontem, mas sem vítimas ou desabrigados. As regionais mais atingidas foram Santa Felicidade, Pinheirinho e Boa Vista. No bairro São Braz, um eucalipto caiu sobre três carros em um pátio de uma empresa. Na Vila Pantanal uma casa precisou ser interditada pela Defesa Civil por causa de risco de desabamento. No local vivem quatro pessoas.

Foto: Walter Alves

Motociclistas tiveram muita dificuldade para atravessar ruas alagadas.

Na região metropolitana, de acordo com o boletim do Corpo de Bombeiros, foram atingidas as cidades de Campo Largo, Pinhais,  Araucária e Piraquara. A maioria teve registros de alagamentos e quedas de árvores. Em Pinhais, os moradores do bairro Weissópolis enfrentaram mais de um metro de água por causa da cheia do Rio Atuba. Moradores do local e do Jardim Acrópolis – em Curitiba, que faz divisa com Pinhais – queimaram pneus ontem à tarde para protestar e pedir mais cuidados com o rio, que sempre transborda com fortes chuvas.

Em Campo Largo, a região mais atingida foi do bairro Itaqui. Mais de 20 árvores que circundavam uma grande empresa caíram por causa do vendaval interditando ruas e atingindo casas, comércios e carros. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros trabalharam a noite toda no local. Ninguém ficou desabrigado. ?Hoje atendemos 18 ocorrências. Interditamos três casas que correm risco de desmoronar?, afirmou o coordenador da Defesa Civil de Campo Largo, Wilson Aparício.

No interior do Estado a chuva causou menos problemas. A Defesa Civil registrou dois alagamentos em Ponta Grossa, um deles no Instituto de Educação. Já em Ibiporã teve chuva de granizo à tarde e diversas casas ficaram destelhadas. A Defesa Civil estava entregando lonas para os moradores no final da tarde.

Temperaturas despencam

Andréa Bordinhão

Foto: Walter Alves

Algumas casas da Grande Curitiba foram invadidas pela água.

Em 18 horas choveu quase o equivalente a um mês. De acordo com o Instituto Tecnológico Simepar, a quantidade de chuva que caiu entre segunda-feira e ontem em Curitiba e região metropolitana foi atípica e veio acompanhada de uma massa de ar frio. A previsão é que amanhã seja o dia mais frio do ano na Região Metropolitana de Curitiba, com temperaturas mínimas de 7ºC.

?Essa quantidade de chuva não é comum, já que a média do mês gira na faixa de 100 milímetros. E nesta época do ano a maior parte das chuvas é provocada por frentes frias?, explicou o meteorologista do Simepar, Samuel Braun. Segundo ele, a frente fria que chegou na segunda-feira ao Paraná veio ?organizada e provocou chuvas uniformes?.

A longa duração das chuvas foi porque a frente passou lentamente. Por isso a média de 75 milímetros de chuvas. Ao logo do mês todo, havia chovido 65 milímetros. Segundo Braun, o tempo volta a ficar estável hoje com Sol entre nuvens. ?E amanhã à noite a tendência é que esfrie consideravelmente?, afirmou.

A quinta-feira, explicou Braun, deve amanhecer com temperaturas baixas. ?Deve ser o dia mais frio do ano. Até agora a mínima foi 10ºC.?

Por causa da previsão de frio intenso, a Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) soltou um alerta ontem para os Estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Em nota, a Sedec fala em mínimas de 3ºC nas regiões mais altas do Estado e afirma que a sensação térmica deve ser de temperatura mais baixa por causa dos ventos.

Os alertas valem geralmente para que os municípios e estados tomem precauções com os moradores de rua.

A previsão do Simepar é que a sexta-feira seja chuvosa novamente e o final de semana deve ter temperaturas um pouco mais elevadas.

Falta de luz e de água atingiu domicílios

Andréa Bordinhão

Foto: Walter Alves

Qualquer travessia em pontos de alagamentos era perigosa.

A chuva deixou 45 mil domicílios sem energia elétrica e 532 mil pessoas sem água entre a noite de segunda-feira e ontem em Curitiba e região metropolitana. De acordo com a Companhia de Energia do Paraná (Copel), a falta de luz nesses domicílios não se deu ao mesmo tempo.

A energia voltou na maioria dos locais ao longo da madrugada, e ontem cerca de 10 mil domicílios amanheceram sem luz. No início da tarde, esse número já havia caído para 1,2 mil, sendo a maioria em regiões isoladas. Até a manhã de hoje, segundo a empresa, os problemas devem ser totalmente resolvidos.

A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) cortou, no início da tarde de ontem, o fornecimento de água da Estação de Tratamento Iguaçu porque a chuva provocou excesso de sujeira na água do Rio Iguaçu.

O excesso de impureza impede o tratamento adequado, prejudicando a qualidade da água para a população. Por isso a previsão da Sanepar era voltar a captar água somente no final da tarde. Isso afetou 20 bairros de Curitiba e 20 bairros de São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba).

Trânsito também foi afetado

Joyce Carvalho

As chuvas também causaram transtornos do trânsito de Curitiba. A Diretran atendeu quatro casos mais críticos. No bairro Campo Comprido, um alagamento na canaleta do transporte coletivo na Rua Deputado Heitor Alencar Furtado, esquina com a Rua Oscar Borges de Macedo Ribas, forçou o desvio do tráfego de veículos menores para outras ruas. Os ônibus biarticulados conseguiam passar pelo local, apesar da água.

Os agentes ainda orientaram o trânsito em três cruzamentos que tiveram os semáforos desligados por queda de energia. Dois pontos foram na Rua Coronel Dulcídio, nas esquinas com as Ruas Dom Pedro II e Comendador Macedo. O outro ponto foi na esquina da Avenida Nossa Senhora da Luz com a Rua Raphael Papa, no bairro Alto da XV. O trânsito complicado e a visibilidade minimizada pelas fortes chuvas também originaram acidentes.

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