Cepa comemora 50 anos de atividades

O Paraná pode ser considerado o berço da arqueologia brasileira, onde apareceu o primeiro curso de formação de arqueólogos no País. Inaugurado em 1956, o Centro de Estudos e Pesquisas Arqueológicas (Cepa) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) já formou centenas de profissionais, que enfrentam uma área com pouco reconhecimento, mas que aos poucos vão ganhando espaço, principalmente fazendo salvamento de sítios arqueológicos em áreas de construção de hidrelétricas ou de outras obras de grande porte.

A história do Cepa remonta a alguns anos antes de sua inauguração, quando a universidade convidou o casal iugoslavo Adam e Elfriede Orssich para dar o primeiro curso de Arqueologia no Brasil, em 1952. ?Até então as escavações eram feitas ou por estrangeiros, ou amadores que faziam colecionismo de peças?, conta Igor Chmyz, coordenador do Cepa desde 1964.

Chmyz não fez parte desse primeiro curso, que levou os pesquisadores a realizarem escavações em um sambaqui na Baía de Guaratuba, tendo o resultado sido divulgado na capa  de O Estado do dia 19 de setembro daquele ano. Mas o fundador do Cepa, José Loureiro Fernandes, mentor do atual coordenador, era um dos alunos. ?Foi com base no que aprendeu nessa ocasião e em outro curso em 1954 que ele pôde inaugurar o Cepa?, diz.

A partir de então pesquisadores de todo o Brasil e da América Latina vieram a Curitiba para apreender as técnicas da arqueologia. ?Foi um processo multiplicador, mas que teve início aqui em Curitiba?. Loureiro trouxe arqueólogos do exterior para formar os brasileiros, como o casal Josef Emperaire e Annette Laming-Emperaire, da França, e o casal Clifford Evans e Betty J. Meggers, dos Estados Unidos, considerados os ?pais da arqueologia brasileira?.

Igor Chmyz veio para a cidade em 1959 e conheceu Loureiro. Em 1960, Loureiro convida Chmyz para ser seu assistente, enquanto este fazia o curso de Geografia e História. Em 1964, já formado, assume a coordenação do curso.

Mercado

Atualmente, o Cepa se concentra em realizar salvamentos de sítios arqueológicos em áreas que serão inundadas por construção de hidrelétricas e outras obras de grande porte. A mais recente é uma linha de transmissão de energia elétrica entre Ivaiporã e Itabera, em São Paulo – um percurso de 300 quilômetros, que permitiu o salvamento de 455 sítios arqueológicos e mais de 120 mil peças. ?Em 1986, o Conselho Nacional do Meio Ambiente regulamentou uma lei, obrigando esse tipo de obra a fazer estudos de impacto ambiental antes da construção?, explica o professor.

Eventos

Cinco eventos estão marcados para lembrar os 50 anos do Cepa. Além do seminário Trajetórias e Perspectivas da Arqueologia Brasileira (de 3 a 5 de outubro), haverá uma exposição sobre arte pré-histórica brasileira e a inauguração da galeria dos professores do Cepa. Também serão concedidos títulos aos primeiros professores – Betty Meggers e Oldemar Blasi. Mais informações no site www.humanas.ufpr.br/orgaos/cepa/.

Voltar ao topo