Nosso litoral desestruturado

E os fatos se repetem! Há cerca de oito anos, quando Jaime Lerner assumiu o seu primeiro mandato de governador, falava, como ninguém, em idéias mirabolantes para o litoral do Paraná. Terminou o primeiro mandato repetindo a mesma ladainha. E nada fez! A péssima estrutura de nossas praias ficou como era no passado. O chamado “Litoral 12 Meses” não chega a ter sustentação para uma mini-temporada de férias de verão. Já começamos a receber notícias da falta de água e dos mesmos problemas de sempre.

Matinhos, uma das piores estruturas do Paraná, continua tentando consertar o seu calçadão destruído seguidamente pelas marés. Guaratuba, com todos os seus problemas vive momentos de desgosto dos nossos veranistas. A sucessão de reclamações continua. Isso sem falar nos balneários menos estruturados e que sempre significam desconforto para quem tenta tirar alguns dias de beira-mar.

E tudo parece tão fácil. O litoral, através das prefeituras, têm pelo menos meio ano para se preparar para as temporadas. Daí chega janeiro e a Sanepar, prefeituras, comerciantes, supermercadistas, setores de segurança começam a dar justificativas para os problemas de falta de esgotos, superpopulação, orientações para consumos reduzidos e tantas outras desculpas que vêm recheadas de senões.

Não se vê o mínimo de criatividade. Tenho acompanhado há anos as discussões de segmentos da sociedade litorânea sobre os problemas de infra-estrutura. Mas nunca chegam a uma conclusão plausível, que realmente nos faça entender quais são os verdadeiros problemas do litoral.

O mais recente foi o afastamento do prefeito de Guaratuba. Nem quero comentar um assunto dessa natureza. Quero ficar mesmo nas promessas não-cumpridas e que transformam todo o ano o nosso litoral num verdadeiro pandemônio. Aquilo só tem servido de centro de exploração comercial e em épocas das chamadas temporadas gordas, que na realidade são muito magras e desprovidas de conforto.

Onde estão os setores turísticos que não têm uma visão mais investidora para o nosso litoral? As inúmeras faculdades que se espalham por todos os cantos e não pensam nem em fazer um mísero vestibular em nossas praias.

Aliás, a propósito disso, fiz várias indagações no passado do porquê a Universidade Federal do Paraná, as universidades estaduais de Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Unioeste e tantas outras de renome estadual não fazem seus vestibulares também no litoral, onde se concentra uma grande parte de nossa juventude nesta época do ano? E por que elas não baseiam por lá pelo menos um campus universitário com áreas específicas para atender os moradores da região? Talvez até comece a existir alguma coisa, mas de maneira muito tímida até agora.

O nosso litoral é muito belo, muito rico, muito atrativo. Pena que não receba o valor que realmente merece. Ainda é muito desestruturado. A propósito, inicio hoje minhas férias anuais e rumo para o nosso litoral, como teimoso paranaense que sou.

Osni Gomes

(osni@pron.com.br) é jornalista, editor em O Estado e escreve aos sábados neste espaço.

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