Número de capivaras preocupa Prefeitura de Curitiba

Quem costuma passear pelos parques Tingüi e Barigüi, em Curitiba, já está acostumado com a presença de capivaras soltas nos locais. Na maioria das vezes, os animais não representam ameaça e fogem diante de qualquer aproximação. Entretanto, a velocidade com que eles se reproduzem (cada casal geralmente tem oito filhotes por ano) vem preocupando especialistas. 

Só no Tingüi, a estimativa do departamento de zoológico da Prefeitura de Curitiba é de que existam cerca de trezentos indivíduos. No Barigüi, a crença é de que a população de capivaras seja um pouco menor. Porém, elas também são preocupantes. Em outros parques, como no Iguaçu, onde se encontra o zôo de Curitiba e existe uma grande quantidade de cavas, os bichos aparecem de forma mais dispersa.

?As capivaras são animais nativos e não correm riscos de extinção. Em muitos parques da capital, os bichos encontram abundância de alimentos e não possuem predadores naturais (como por exemplo, felinos). Por isso, acabam encontrando boas condições de sobrevivência?, informa o diretor do departamento de zoológico da Prefeitura, Marcos Traad.

Tão à vontade nos parques, as capivaras vêm causando danos ambientais aos locais. Elas acarretam principalmente desmoronamentos nas bordas de lagos e consomem a vegetação rasteira que dá sustentação ao solo de ilhas. Além disso, podem ser transmissoras de doenças aos seres humanos, como a febre maculosa. Esta é passada às pessoas através de um carrapato que vive tanto nas capivaras quanto em eqüinos.

?As capivaras que vivem nos parques não costumam atacar os seres humanos. Entretanto, elas podem tentar se defender caso sejam molestadas ou encurraladas. Para evitar acidentes, é importante que as pessoas não se aproximem dos bichos e não permitam que crianças corram atrás dos mesmos?, comenta Traad. ?Outra preocupação é que possa faltar alimentos para as capivaras e que elas comecem a invadir residências próximas aos parques em busca de comida, colocando em risco os moradores?.

Controle

Há algum tempo, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e com o Centro de Triagem de Animais Silvestres da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o departamento de zôo vem procurando identificar formas de controle populacional das capivaras que vivem em Curitiba. No último mês, uma equipe de profissionais realizou a captura de cinco animais com o objetivo de conhecer melhor as características inerentes à espécie. ?A captura serviu para que fizéssemos a sexagem dos animais, avaliássemos peso e medidas de corpo e verificássemos a presença de parasitas. Com as informações, realizamos fichas técnicas e identificamos cada indivíduo com um brinco?.

No futuro, a idéia de Marcos é transferir algumas capivaras para outros locais dentro da cidade de Curitiba e realizar cirurgia de vasectomia em alguns machos. ?A vasectomia será feita apenas em alguns indivíduos, pois não temos como intenção exterminar a espécie?. Todo manejo é feito com supervisão do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Dominantes

As capivaras, que têm como nome científico Hydrochaeris hydrochaeris, são animais que vivem em grupos, os quais possuem um macho dominante, e habitam locais próximos a margens de rios e lagos. Elas utilizam a água para se esconder de predadores e conseguem ficar submersas por alguns minutos, sendo muito habilidosas na natação. Pesam em média 80 quilos quando adultos e possuem pelagem marrom, são considerados os maiores roedores existentes. Com grandes dentes incisivos, se alimentam de capim, ervas, plantas aquáticas e demais vegetações encontradas nas beiras dos rios e lagos. Vivem, em média, de quinze a vinte anos.

Sagüis: problemas semelhantes

Foto: Divulgação/Ibama

Em Curitiba, os sagüis se concentram no Parque Barigüi.

Em situação semelhante a das capivaras estão os sagüis que vivem em liberdade em Curitiba. Eles foram soltos na cidade há cerca de dez anos, são considerados exóticos e já começam a causar alguns danos ambientais, se tornando predadores de espécies nativas.

?Adaptados à cidade, os sagüis vêm se reproduzindo bem e já começam a se tornar motivo de preocupação. As fêmeas têm uma gestação ao ano, geralmente dando à luz a dois filhotes. O tempo de gestação varia de quatro a cinco meses?, dizem as biólogas do departamento de zoológico da capital, Maria Lúcia Faria Gomes e Tereza Cristina Margarido.

Os sagüis presentes em Curitiba, visualizados principalmente na região do Parque Barigüi, são o Cal-lithrix jacchus e o Callithrix penicillata. O primeiro é reconhecido pelos tufos de pêlos brancos nas orelhas. Já o segundo tem tufos pretos. ?Os animais são agressivos e podem morder caso as pessoas tentem capturá-los. Por isso, é importante não alimentá-los e não deixar que crianças se aproximem deles?, alertam as biólogas.

Vivendo em liberdade, os sagüis comumente morrem atropelados ou vítimas de torres de alta tensão. Eles também podem invadir casas e, se estiverem contaminados, são capazes de passar doenças aos seres humanos. Já estes podem passar herpes aos animais, fazendo com que eles adoeçam.

Diante de tantos problemas, o departamento de zoológico, em parceria com universidades, também já começa a idealizar a realização de um plano de manejo voltado aos sagüis. Uma das possibilidades é capturar alguns animais, esterelizá-los e levá-los para parques onde existam ilhas, de onde eles não possam sair.

Voltar ao topo