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Endividado e sem receber verba estadual, Hospital Evangélico pode fechar

Hospital e faculdade serão leiloados em maio. Foto: Fábio Alexandre
Hospital Evangélico. Foto: Fábio Alexandre

É cada vez mais grave a situação do Hospital Evangélico. Após o adiamento do leilão que deveria acontecer nesta sexta-feira (4), a direção entregou à Justiça do Trabalho um documento em que afirma que há grande risco do hospital ter de fechar as portas por “horas, dias, e até definitivamente, acaso uma solução não se apresente brevemente”, diz o texto.

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Afundado em dívidas que giram em torno de R$ 320 milhões, principalmente por conta de ações trabalhistas, o Evangélico está sob intervenção judicial há mais de três anos. Segundo o interventor, Ladislau Zavadil Neto, o déficit mensal do hospital gira em torno de R$ 1,5 milhão.

“Não posso me furtar da minha responsabilidade e dizer que está tudo bem quando não está. Estamos administrando o máximo que dá, mas se dificultar um pouco mais existe um risco de fechar por pouco tempo ou, dependendo da gravidade, indefinidamente”, afirma o interventor.

Segundo Zavadil Neto, a solução seria a aquisição por um futuro comprador para sanar as dívidas de caixa e então tornar possível que se façam melhorias, até com ampliação dos serviços prestados. Atualmente, o Evangélico atende mais de 35 mil pacientes mensalmente, sendo que 95% dos atendimentos são pelo SUS. O hospital também recebe mais de metade dos casos de emergência da região.

Recursos atrasados

Desde janeiro, a Secretaria de Saúde não repassa R$ 400 mil mensais que deveriam ir para compra de materiais e equipamentos do hospital, obrigando que os itens sejam adquiridos com recursos de caixa e agravando ainda mais a situação financeira da entidade. “É um recurso que tem um destino específico e de extrema importância, que são medicamentos de primeiro atendimento indispensáveis para o funcionamento do Pronto Socorro 24h”, aponta o interventor.

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À RPC, a governadora Cida Borghetti afirmou que os R$ 400 mil referentes ao mês de maio serão repassados até o dia 15 e que não há possibilidade de fechamento do hospital. Apesar de não ser todo o montante atrasado, Zavadil diz que qualquer dinheiro que entre já é importante diante da gravidade da situação, mas que vão solicitar que seja pago mais um mês dos atrasados o quanto antes. “Aí teríamos um pouco mais de fôlego para aguardar um novo período de desembolso da Secretaria”, diz.

Além da falta de medicamentos e materiais, diversos equipamentos necessários para a realização de exames e procedimentos encontram-se quebrados. É o caso do equipamento para mamografia, cujo conserto foi orçado em R$ 420 mil, e de outro que realiza procedimentos cardíacos, como cateterismo, quebrado há mais de dez dias e que a compra de um novo custa R$ 1,3 milhão.

Leilão adiado

O leilão do Hospital Evangélico e da Faculdade Evangélica deveria acontecer nesta sexta (4), mas foi adiado devido a divergências no valor avaliado de alguns bens. A Universidade Brasil, grupo com sede São Paulo, também chegou a oficializar uma proposta junto à 9ª Vara do Trabalho de Curitiba, em que assumiria a Sociedade Evangélica Beneficente (SEB), gestora do hospital, “com todos os ativos e passivos da Sociedade, judicializados ou não”.

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Zavadil conta que na semana passada se reuniu com o juiz responsável pelo caso, Eduardo Milléo Baracat, que informou que a decisão era pelo leilão, que, não acontecendo no dia 4, seria adiado para o dia 25 deste mês. O interventor foi surpreendido com a informação de que a nova data poderia ser apenas 22 de junho, informação divulgada pelo leiloeiro público Helcio Kronberg à imprensa. Preocupado com a distância da data, o interventor enviou o documento à justiça.

Apesar da preocupação, o interventor acredita que, não havendo novos atrasos no repasse de recursos pela Secretaria de Saúde, é possível manter o hospital aberto até a possível data do leilão. “Como gestor, preciso pensar lá na frente. Por ora conseguiremos, mesmo passando por um aperto, mas não será possível manter por muito mais tempo. Se a situação se estender por seis meses, não sei dizer se estaremos funcionando”, finaliza.

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