Polêmica

Proibições no Jardim Botânico não são novidades. Veja o que pode ou não ser feito no local

Neste final de semana a Prefeitura de Curitiba, por intermédio da Guarda Municipal, e praticantes de Ioga se envolveram numa polêmica no Jardim Botânico, um dos principais cartões postais da cidade. Os frequentadores foram retirados do local sob a alegação de que estariam estragando o gramado, que mais tarde recebeu o triplo de pessoas e um palco de um evento organizado pela própria prefeitura.

O próprio prefeito Rafael Greca reprovou a intervenção da equipe que mantém a segurança e ordem no parque, prometendo para ainda esta semana encontrar uma solução para o impasse. A proibição dos exercícios fez lembrar a série de limitações que são impostas aos usuários do Jardim Botânico logo na entrada do parque.

Não pode pedalar, nem jogar bola ou passear com cachorro. Esse é só o começo da lista de atividades proibidas no Jardim Botânico, todas sinalizadas em uma placa logo na entrada do local, e que incluem também jogar cinzas de cremação de corpos no solo, decolar de balão, acampar, fumar narguilé e sobrevoar o espaço com drones. Mas o motivo para tantos impeditivos, muitos que parecem destoar das práticas comuns em qualquer parque, é simples: o espaço, na realidade, não é um parque.

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Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA), trata-se de um jardim, onde são conservadas espécies de flora ameaçadas de extinção, por exemplo, que precisam de cuidado especial. Por isso, todo o ambiente é pensado para favorecer o bem estar das plantas.

O que o visitante deve ter em mente, conforme Paulo Labiak Evangelista, professor de Botânica da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e associado ao Jardim Botânico de Nova York, é que o jardim proporciona um misto entre atividades de lazer e conservação das espécies, muitas delas nativas. “O que precisa ficar claro para a população é que o Botânico é um ambiente de pesquisa de flora, existem coleções científicas armazenadas ali”, esclarece.

Mesmo assim, alguns visitantes se incomodam com regras tão estritas. O publicitário Carlo Marucco, de 45 anos, usava um drone para gravar imagens em frente à estufa principal do Botânico nesta quarta-feira (1.º), sem se dar conta de que a atividade encontra-se na lista de proibições. “Realmente, pode não ser a melhor ideia usá-lo aqui na parte principal quando estiver cheio de pessoas. Mas eu acho que é bobagem proibir no Botânico todo”, opina Marucco. De acordo com o publicitário, a instalação de uma ciclofaixa junto da pista de corrida do local já daria conta de controlar a circulação de visitantes que querem pedalar, por exemplo: “A pessoa que quer destruir o ambiente vai destruí-lo com ou sem bicicleta”.

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Muitos dos visitantes, enquanto isso, preferem não ter a liberdade de praticar qualquer atividade em nome do bem-estar no Botânico. “O parque está lindo, muito bem cuidado. Imagina se libera o passeio com cachorros por aqui? Ficaria uma sujeira”, comenta a turista Elisabete Prado, aposentada de 65 anos, que veio de Jaú, no interior de São Paulo, para conhecer a cidade.

O contador King Hormaeche, de 61 anos, morador da região, concorda: “Eu caminho sempre por aqui, às vezes trago meu filho de sete anos, sempre vejo várias vovozinhas… Se puder skate e bicicleta, vai virar igual no Parque São Lourenço, que os pedestres não conseguem andar direito”, avalia.

Cumprimento de padrões

As regras para o que se deve ou não se deve fazer no Botânico são determinadas pelo decreto municipal 170, de 2015. O documento também estipula as medidas punitivas para quem descumprir as normas, que vão de mera abordagem verbal à aplicação de multas, cujo valor varia de acordo com o ato praticado. Segundo o professor Evangelista, todo o método de conservação funciona para garantir que o local possa ser classificado como Jardim Botânico. “Esse termo não poderia ser usado se nós não atendêssemos determinados critérios estipulados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente”, conta o biólogo. No Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por exemplo, as mesmas regras se aplicam.

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