Desafio macabro

Jogo Baleia Azul acende alerta e faz Conselho Tutelar se mobilizar pra orientar pais

Foto: Daniel Castellano

O Jogo Baleia Azul – desafio que dissemina nas mídias sociais 50 tarefas a serem cumpridas pelos participantes, sendo a última o suicídio – caiu como uma bomba no Conselho Tutelar de Curitiba. Ao ponto de as unidades da capital se unirem para traçar uma estratégia conjunta para evitar mais tentativas de suicídio e solicitar às autoridades uma ação mais decisiva.

“Que os casos aconteceram muito rápido é um fato. Mas outro fato é que as autoridades ainda estão meio adormecidas. Esse é um ponto que precisa ser revisado”, avalia Marcio Rosa da Silva, presidente da Associação de Conselheiros e Ex-conselheiros Tutelares do Paraná (Actep), entidade que vai debater a influência do jogo sobre os adolescentes em reunião dos conselheiros tutelares na tarde desta quarta-feira. “Vai ser discutido como a associação vai se posicionar no sentido de orientação. Os conselhos precisam ser acionados nesse caso, mas muitos não acordaram a tempo para essa situação”, ressalta o presidente da Actep, Marcio Rosa da Silva. “Que os casos aconteceram muito rápido é um fato. Mas outro fato é que as autoridades ainda estão meio adormecidas. Esse é um ponto que precisa ser revisado”, analisa Silva.

Diante de uma situação anormal de tentativas de suicídio, com oito adolescentes internados na capitalessa semana com sinais de automutilação e ingestão de remédios – um deles teve relação com o jogo confirmada pela polícia, bem como um caso em Pato Branco, no Sudoeste do Paraná – os conselheiros tutelares também vão se reunir com representantes da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR), das secretarias municipais de Educação e Saúde de Curitiba e da Secretaria Estadual de Educação (Seed) às 14h desta quinta para traçar uma orientação conjunta para ser passada a pais, professores e trabalhadores da área de saúde. Além disso, uma força especial da Polícia Civil, formada por investigadores do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Núcleo de Crimes Cibernéticos (Nuciber), Núcleo de Proteção à Criança e Adolescente (Nucria) e Delegacia de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP).

“Vamos pensar em ações conjuntas, em uma orientação geral para todo mundo. Não adianta a Secretaria de Educação falar uma coisa, a de saúde falar outra e o Conselho Tutelar falar outra e às vezes até confundir as pessoas”, aponta Alzira Isabel Steckel, presidente do colegiado dos Conselheiros Tutelares de Curitiba. Ela afirma que após a reunião desta tarde irá convocar os presidentes dos Conselhos de Curitiba para reforçar as orientações.

Entre a noite desta quarta (19) e a madrugada desta quinta (20), uma nova tentativa de suicídio de um adolescente foi registrada em Curitiba, na CIC. Em Almirante Tamandaré, na região metropolitana, uma adolescente de 16 anos se jogou de um viaduto próximo à divisa com Colombo, no Contorno Norte. Ela está internada no Hospital Cajuru, fraturou a perna e não corre risco de morte. Em um hospital de Campina Grande do Sul, uma jovem de 20 anos e um menino de 15 foram internados também com indícios de tentativa de suicídio. Apesar da suspeita, nenhum caso teve até agora relação comprovada com o desafio da baleia azul.

Brasil

O desafio da baleia azul já fez as forças policiais de oito estados ligarem o alerta: além do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Pernambuco, Paraíba, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O caso mais grave é em Minas, onde a Polícia Civil do estado investia dois suicídios, o de um jovem de 19 anos, em Pará de Minas, e de um rapaz de 16 anos, em Belo Horizonte. O maior número de registros, entretanto, é na Paraíba, onde a Polícia Militar diz ter identificado 20 adolescentes envolvidos no jogo.

Em Pernambuco, a Polícia Federal lançou um vídeo na internet e montou equipes para ir a escolas orientar os estudantes. Já em Santa Catarina em menos de uma semana a polícia atendeu nove casos de mutilações, instigados pelo Baleia Azul e lançará uma campanha de conscientização. No Mato Grosso além de investigar a morte de Maria Oliveira de 16 anos, há 15 dias, a PM identificou uma suposta comunidade ligada ao jogo com cerca de 350 participantes.