Na bronca

Moradores protestam e discutem com a GM durante o início das obras do Ligeirão na Praça do Japão

Obras na Praça do Japão começaram sob protestos, na manhã desta segunda-feira (26). Foto: Anielle Nascimento - Gazeta do Povo

O início das obras na Praça do Japão para receber o Ligeirão Norte-Sul, que vai ligar o Terminal Santa Cândida à estação Bento Viana, no Batel, foi marcado por bate-boca entre moradores e a Guarda Municipal (GM) na manhã desta segunda-feira (26) . Após a vizinhança da praça discutir com o prefeito Rafael Greca semana passada, agora foi a vez dos guardas municipais ouvirem as reclamações da população.

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A mudança na Praça do Japão tem gerado polêmica, com muita preocupação dos moradores do entorno. Vizinhos chegaram a protestar contra a implantação do biarticulado. Com faixas escritas “S.O.S Praça do Japão” e balões vermelhos nas mãos, moradores do entorno se juntaram em um abraço simbólico no local no último dia (18). A previsão é de que a Linha Norte-Sul comece a operar no dia 28 de março e beneficie 36 mil passageiros por dia. Além disso, a estimativa é de que as viagens no trajeto fique 20 minutos mais rápidas.

Nesta segunda, o administrador Rodrigo Campos, 40 anos, se revoltou com a presença de tantos guardas na praça no início da obra, alegando que a praça sofre com falta de segurança. Morador das redondezas há 15 anos, ele afirma nunca ter visto um aparato de segurança da força municipal tão grande no local. “Quase nunca vi guarda municipal na praça e hoje tem maiis de 12 agentes. Acho que é para defender por causa dos moradores, que devem ser muito violentos”, ironizou.

Campos teve uma discussão com os agentes municipais pouco depois de a obra começar. “O guarda usou palavras de baixo calão. É uma conduta bem apropriada para um cidadão que está aqui para defender o cidadão”, disparou.

O bate-boca começou após uma senhora fazer cobranças mais fortes ao diretor da GM, o inspetor Odgar Nunes Cardoso. A mulher se exaltou na frente do agente ao também criticar a grande presença de guardas nesta segunda, quando, segundo os moradores, a região sofre com falta de segurança.

Patrulhamento

Cardoso admitiu que a patrulha na Praça do Japão, assim como outros logradouros da cidade, tem sido com menos frequência do que era antes. “Eles estão reclamando com razão. Infelizmente a Praça tinha e tem problemas de segurança. Só que eu não aceitei a maneira com que ele [morador] colocou, que não estamos fazendo nada”, explica o diretor da GM. O principal motivo do patrulhamento estar deficitário, aponta Cardoso, é a redução do efetivo da GM, que caiu de 1,7 mil guardas em 2013 para 1,3 mil em 2018.

Mesmo com a constatação, a Guarda Municipal vai manter uma equipe 24 horas durante a obra na Praça do Japão.“A Guarda Municipal vai permanecer 24 horas na Praça do Japão por orientação do prefeito, visto as obras que estão tendo. É uma garantia minha e do prefeito”, declarou o chefe da GM.

Cardoso ainda revelou que entrou em contato com a Associação Japonesa Nikkei, responsável pelo memorial da praça, para que cedam um espaço permanente para a GM ficar no local após as obras. Entretanto, a coordenadora voluntária da associação, Ruth Ayako Sato, disse que ainda não recebeu nenhum pedido.

Além disso, Ruth se mostrou preocupada com o barulho das obras, que atrapalha s atividades da associação. O espaço oferece meditação, cerimônias do chá, aulas de Sorobã – método educacional japonês para aprender matemática – e diversas oficinas. “Nossa maior preocupação é a continuidade das atividades que necessitam um mínimo de silêncio. Essas atividades foram feitas de acordo com o ambiente da praça. Com esse Ligeirão , essas atividades vão estar comprometidas”, afirma.

Discussão na Câmara

As obras também foram repercutidas na Câmara Municipal de Curitiba nesta segunda-feira.Um dos moradores participante do movimento “SOS Praça do Japão”, Nelson Medaglia foi à Câmara pedir ajuda aos vereadores.

“Estamos convidando o prefeito e as autoridades para discutir a possibilidade de levar o Ligeirão até o Portão sem desperdício nenhum do desgaste político dele e do dinheiro público que estão gastando agora e que vão gastar depois na reconstrução da praça. Nós estamos pedindo que interrompam as obras e pedimos ao Ministério Público alguma interrupção”, afirma.

Em entrevista à RPC, o vereador Felipe Braga Côrtes (PSD) reforçou a ideia de estender o trecho do novo Ligeirão. Em contrapartida, o vereador Pier Petruziello (PTB) defendeu o projeto que está sendo executado pela prefeitura.

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