Dinheiro 'ingrato'

Comerciantes ‘vizinhos’ da PF recusam as notas com o carimbo de Lula

As notas de dinheiro carimbadas com a mensagem “Lula Livre” e o rosto do ex-presidente, que começaram a circular durante os atos do Dia do Trabalho, na última terça-feira (1), têm sido recusadas no comércio de Curitiba.

A recusa é permitida para notas deterioradas com qualquer tipo de desenho ou inscrição e algumas lojas e restaurantes da região da sede da Polícia Federal (PF), no Santa Cândida, onde se concentram os manifestantes que pedem a liberdade do petista, estão se valendo desse direito.

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Crime punível com detenção de até três anos, deteriorar cédulas de dinheiro é uma ação proibida pelo Banco Central (BC). Mesmo assim, o dinheiro não é perdido, já que é possível trocá-lo em agências bancárias, que enviam as cédulas rasuradas ao BC para serem substituidas. Apesar de saberem disso, alguns proprietários de estabelecimentos do entorno do acampamento pró-Lula não aceitam as notas.

“No dia da manifestação eu cheguei a aceitar, porque muitos manifestantes vieram aqui com as notas carimbadas, não tinha o que fazer. Mas já na quarta-feira (2) eu comecei a recusar”, explica Joyce Nagata, funcionária de uma loja de bebidas no bairro.

De acordo com Joyce, a recusa não é por questões ideológicas, mas sim por uma preocupação com clientes que possam não gostar de receber a nota marcada como troco. “Se eu acabar repassando essas notas para alguém anti-Lula, posso perder o cliente”, avalia.

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Pensamento similar foi o que levou um posto de combustíveis da região a não repassar as notas. “Até estamos recebendo, mas separo essas notas e não dou elas de troco para ninguém”, conta um dos funcionários que não quis ser identificado. O objetivo de segurar as cédulas carimbadas é levar todas juntas ao banco posteriormente.

Já Gislene Zanon, proprietária de uma papelaria do bairro, afirma que chegou a ir ao banco em que tem conta – Itaú e Bradesco – para verificar se poderia aceitar notas danificadas.

“Eles me disseram que não tem problema, mas que é melhor evitar. Então eu decidi não pegar”, conta Gislene, que afirma não ter posicionamento político, mas adotou a medida para se precaver e não sair perdendo clientes ou dinheiro. Apesar da postura, Gislene conta ainda não ter recebido nenhuma nota com o rosto do ex-presidente carimbado.

Outros comerciantes recebem as notas carimbadas

Um dos locais mais procurados para os acampados lancharem, uma pastelaria do Santa Cândida não chegou a ter problemas ao dar as notas carimbadas de troco. Por isso, continuou aceitando o dinheiro marcado.

“Ninguém deixou de pegar a cédula quando eu repassei. Até porque isso estava acontecendo mais na própria terça-feira (1). Agora quase não chegam mais notas marcadas”, explica o proprietário, que não quis ser identificado.

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