Corte inédito

Apesar da queda no orçamento, prefeito de SJP garante que serviços não serão afetados

Portal de São José dos Pinhais. Foto: Felipe Rosa.
Portal de São José dos Pinhais. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Nem mesmo os moradores de uma das cidades mais ricas do Paraná escapam dos efeitos da crise econômica que ainda afeta o país. Sede de um importante polo automotivo, do aeroporto internacional que atende a capital e também de indústrias nacionais e multinacionais dos setores de cosméticos e alimentos, São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, passa por dificuldades financeiras pela primeira vez em 25 anos. Situação que coloca em risco a qualidade e fornecimento de serviços básicos, como os de saúde, limpeza e segurança.

De acordo com a prefeitura, o encolhimento no orçamento do município é um reflexo das dificuldades financeiras enfrentadas pelas empresas. No caso de São José dos Pinhais, os problemas na indústria automobilística – que viram suas vendas caírem, diminuíram a produção e demitiram funcionários – diminuíram a arrecadação de tributos, como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Crise gera uma grande demanda pelos serviços públicos, que precisam ser mantidos", disse Toninho da Farmácia, prefeito de São José dos Pinhais.
Crise gera uma grande demanda pelos serviços públicos, que precisam ser mantidos”, disse Toninho da Farmácia, prefeito de São José dos Pinhais.

“Nos últimos 25 anos este é o primeiro em que a arrecadação da cidade cai de maneira considerável. Nossa cidade ficou conhecida pelas indústrias e oportunidades, muitos vieram para cá em busca de trabalho e agora temos que manter a cidade funcionando. E isto gera uma grande demanda pelos serviços públicos, que precisam ser mantidos, pelo menos os mais básicos, mesmo com menos dinheiro”, explica o prefeito de São José dos Pinhais Toninho Fenelon (PSC), o Toninho da Farmácia.

Primeira vez

Em 2015, a arrecadação de ICMS no município foi de R$ 425 milhões. Para 2017 a estimativa é arrecadar R$ 353 milhões, uma diminuição inédita de R$ 72 milhões (-17%). Este ano, o orçamento da cidade caiu 7% em relação a 2016, sem considerar a inflação. Se for levada em conta, a perda chega a 13,28%. A receita total caiu de R$ 977 milhões, ano passado, para R$ 909 milhões. Se considerados outros fatores, como o aumento de água, luz e custeio em geral, o déficit é de R$ 129,6 milhões.

Para sanear estas contas e garantir que os serviços públicos não parem, a solução foi rever gastos e reorganizar as despesas. “Estamos fazendo reuniões de planejamento e discutindo o orçamento do ano que vem. Também procuramos as empresas prestadoras de serviço, para rever e adequar os contratos, para diminuir as terceirizações. Estamos revendo também as estruturas de alguns projetos, sem impactar a população, mantendo dinheiro para os serviços básicos, como saúde, limpeza e manutenção das vias públicas. Mas apesar da crise, a cidade segue seu trabalho normal. Temos nossa folha de funcionários em dia”, esclarece o prefeito.

Pior pra saúde

Espera por atendimento na UPA do Afonso Pena chegava a 7 horas em fevereiro. Foto: Arquivo/Átila Alberti.
Espera por atendimento na UPA do Afonso Pena chegava a 7 horas em fevereiro. Foto: Arquivo/Átila Alberti.

O atendimento prestado nos postos de saúde e no hospital da cidade preocupa os habitantes de São José dos Pinhais. Em fevereiro deste ano, a Tribuna mostrou o descontentamento de quem procurava a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Afonso Pena, para uma consulta ou em casos de emergência.

Segundo os usuários, o tempo de espera pelo atendimento nesta UPA passava de sete horas, isto quando a pessoa conseguia ser avaliada por um médico. Pela cidade, recentemente também circulou a informação de que a UPA Rui Barbosa seria fechada, notícia desmentida pela prefeitura. “A UPA Rui Barbosa fechou para reforma, ela estava sem condições de funcionar. Neste período vamos estudar como ela será reaberta, se como UPA ou UPA infantil, mas certamente será um equipamento de saúde”, promete o prefeito.

O prefeito reitera que a saúde é uma das prioridades. “As dificuldade de São José dos Pinhais estão na área da saúde e na área de pavimentação de ruas, devido à extensão de mais de mil quilometros quadrados do município. Sobre a saúde, temos na cidade um hospital municipal, que conta com pronto-socorro 24 horas aberto ao Siate e também maternidade e UTI neonatal. São 204 leitos, que também atendem a cidades da região, a um custo mensal de R$ 6 milhões. Para conseguir manter este hospital, que já foi filantrópico e depois foi municipalizado, buscamos parcerias com o governo do Estrado”, argumenta.

No entanto, segundo ele, há investimentos feitos nesta área. “Está em construção uma das maiores unidades de saúde de São José dos Pinhais. Ela fica no bairro Cidade Jardim e deve ser entregue no prazo de 50 a 120 dias”.

Reação e perspectivas para o futuro

Serão 700 vagas de emprego na Renault. Foto: Arquivo.
Renault, em São José dos Pinhais, abriu 700 vagas de emprego em fevereiro. Foto: Arquivo.

Em fevereiro deste ano, a Renault, uma das indústrias de automóveis instaladas em São José dos Pinhais contratou cerca de 700 pessoas, para reativação do terceiro turno na fábrica. Conforme a Tribuna do Paraná apurou, a abertura de vagas de emprego na Renault foi divulgada internamente pela montadora com a justificativa de atender a produção dos novos modelos Captur e Kwid, que serão exportados para Argentina, Colômbia e mais quatro países da América Latina.

Notícia que traz a expectativa de melhora da economia local. “Temos receita até o meio do ano, com a ajuda de tributos como o IPTU. Talvez, no segundo semestre, poderemos ter mais dificuldades para manter os serviços todos em dia. A dificuldade é geral no país. Além da queda do ICMS, os cortes anunciados pelo governo federal afetam os municípios e a população. Mas acredito que na medida em que for resolvida a questão econômica e política do país, vai facilitar também para o investidor e se melhorar para as empresas, a cidade também será beneficiada”, ressalta Toninho.

No entanto, em situação oposta à da Renault, a Volkswagen /Audi deve cortar um turno de trabalho, o que pode render, no segundo semestre, layoff para os funcionários do segundo turno.

Investimentos

Em parceria com o governo estadual, a prefeitura da cidade anunciou as seguintes obras:
– Construção de uma trincheira na extensão da Rua Marechal Hermes, bairro Afonso Pena, na região da BR 277.
– Extensão da Avenida Rui Barbosa, ligando o centro da cidade ao Contorno, passando pela Colônia Rio Grande, como acesso à BR-376.
– Pavimentação da Rua Reinaldo Baldan, com a criação de uma ligação rural entre São José dos Pinhais e Fazenda Rio Grande, sem passar pela BR-116.
– Construção da Unidade Básica de Saúde (UBS) Cidade Jardim, na Rua Tarcílio Zoelner.
– Construção no bairro Guatupê da nova sede da Escola Madre Paulina, que oferece turmas de ensino especial.

Gastos com Saúde

– Em 2016, foram realizados 1,292 milhão de atendimentos, com orçamento geral de R$ 977 milhões,
– Em 2017 a previsão é fazer 1,475 milhão de atendimentos (14,1% de aumento), com orçamento geral de R$ 909 milhões

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais