Greve dos caminhoneiros

4º dia: Filas nos postos, disparada nos preços, falta de comida… mas busão garantido até domingo. Siga!

Foto: Gerson Klaina/Arquivo/Tribuna do Paraná
Foto: Gerson Klaina/Arquivo/Tribuna do Paraná

A Paralisação Nacional dos Caminhoneiros entrou no quarto dia nesta quinta-feira (24) em todo o país. Os efeitos começaram a aparecer na manhã de ontem e num efeito “bola de neve” vem atingindo em cheio a rotina da população de Curitiba. Muitos postos de combustível tiveram falta de etanol, gasolina e diesel, já que bloqueios nos portões das distribuidoras fizeram com que caminhões tanques não fossem para as ruas. Pequenos produtores e carretas de grandes indústrias foram impedidos de chegar aos intermediários e consumidores finais.

No final da tarde de quarta-feira a Petrobrás anunciou a redução de 10% no preço dos combustíveis na refinaria por 15 dias para acalmar os ânimos e o presidente Michel Temer pediu uma trégua. Os organizadores do movimento não cederam e decidiram por manter a paralisação em todo o país.

O 4º dia de paralisação está sendo marcado pela preocupação em relação ao desabastecimento de postos de gasolina e também nas gôndolas de supermercados e sacolões. As filas em postos se espalham pela cidade e muitos já não tem gasolina.

Briga e confusão

Uma confusão entre manifestantes e caminhoneiros contrários à greve acabou com um trabalhador de 29 anos ferido na noite desta quarta-feira (22). A rixa aconteceu em um posto de combustíveis às margens da BR-376, na altura do quilômetro 625, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Veja o que aconteceu com ele.

Ônibus garantidos

Uma “operação de guerra” foi montada para garantir, ainda na madrugada, para garantir que caminhões tanques pudessem chegar aos postos e garantir, segundo o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba, que o transporte coletivo da cidade funcione normalmente pelo menos até domingo.

Na quarta-feira a Urbs chegou a divulgar que a frota seria reduzida em horários de pico pelo risco de colapso total com a falta de combustíveis. No entanto, no final da tarde, o prefeito Rafael Greca voltou atrás e disse que a frota continuaria operando em sua totalidade até que a análise dos estoques dos tanques das empresas fosse feita. Neta manhã foi confirmado que pelo menos até domingo o transporte público está mantido sem alterações.

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Grevistas abandonam reunião com governo

A segunda rodada de negociações do governo com representantes dos caminhoneiros, na tarde desta quinta-feira (24), segue num impasse. A Associação Brasileira de Caminhoneiros (ABCAM), principal liderança da greve em curso no país, deixou a reunião por não concordar com as propostas oferecidas pelo Palácio do Planalto.

Bomba relógio

Conforme o professor Eduardo Faria Silva, coordenador e professor da Pós-Graduação de Direito Constitucional e Democracia da Universidade Positivo (UP), o Brasil está nas condições ideais para uma “tempestade perfeita”. Ou seja, com a greve dos caminhoneiros, outros setores base da economia também podem entrar em colapso e deixar o país em extrema instabilidade. Leia mais sobre a análise da crise atual no Brasil.

Postos com filas em toda Curitiba. Foto: Hamilton Bruschz / Tribuna do Paraná
Postos com filas em toda Curitiba. Foto: Hamilton Bruschz / Tribuna do Paraná

Combustíveis no fim

A maioria dos postos de combustível de Curitiba estão sem gasolina, etanol e diesel no quarto dia de protesto dos caminhoneiros. O desabastecimento acontece pelo bloqueio feito pelos manifestantes na saída das refinarias de Araucária, o que impede a saída dos caminhões-tanque das distribuidoras, causando o problema em toda a Grande Curitiba. De acordo com o Sindicombustíveis, dos 350 postos da cidade, a maioria está com o estoque vazio.

Segundo nota enviada à imprensa no início da noite, alguns caminhões têm conseguido furar os bloqueios eventualmente e, por isso, não há como precisar números de postos que permanecem atendendo em Curitiba. Em ação contrária, os organizadores das manifestações têm escalado motoboys para cercarem os “furões” e impedir a distribuição.

Desde a noite de ontem as filas nos postos que ainda tinham gasolina eram enormes.Já não existe estoques em Guarapuava, Londrina, Foz do Iguaçu, Litoral do Paraná, várias cidades da Região Metropolitana de Curitiba e quase 100 cidades.

Para evitar o que aconteceu em cidades como o Recife-PE, por exemplo, onde quatro postos foram fechados pelo preço abusivo (Imagens pulularam na internet mostrando o litro da gasolina sendo vendido a R$ 9,90), o Procon do Paraná orienta a todos os consumidores que devem exigir nota fiscal. Segundo a advogada Claudia Silvano, diretora-geral do Procon-PR e colunista da Tribuna do Paraná, os consumidores não só devem pedir a nota como também o documento deve informar o preço pago por litro do combustível e a quantidade abastecida. Em casos de abuso no preço, em razão da falta de combustível, a pessoa pode registrar a denúncia no órgão.

Brasileirão de futebol pode parar

A greve poderá causar adiamento de jogos ou até mesmo de toda a rodada do Campeonato Brasileiro, marcada para o próximo final de semana. Isso porque os aeroportos brasileiros estão com restrição para abastecimento de aeronaves e alguns voos já estão sendo cancelados, o que impacta diretamente na logística das viagens das equipes.

Bloqueios em rodovias

Está pensando em pegar a estrada no meio da Greve Nacional dos Caminhoneiros, e não sabe se existe algum bloqueio na rodovia escolhida? A Tribuna do Paraná, com apoio da Polícia Rodoviária Federal(PRF) te ajuda. Confira os pontos de bloqueios em toda a malha rodoviária do Paraná. CONFIRA A LISTA COMPLETA.

Guincheiros mobilizados aderem à paralisação. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná
Guincheiros mobilizados aderem à paralisação. Foto: Gerson Klaina / Tribuna do Paraná

Apoio de outras categorias

Diversas entidades e associações estão aderindo à paralisação dos caminhoneiros e mostrando apoio às reivindicações que, se atendidas, beneficiaram a todos direta e indiretamente. Pela manhã pelo menos 120 guincheiros se reuniram na Linha Verde, na região do bairro Prado Velho, para se juntarem ao movimento grevista. Eles partem em carreata até o Centro Cívico, na sede do Governo do Paraná.

Motoboys e motoristas de aplicativos se uniram aos caminhoneiros em Curitiba para protestar contra o aumento dos combustíveis na manhã desta quarta. Cerca de 50 motoboys e motoristas de apps – como Uber, 99 e Cabify – se reuniram na quarta-feira nas proximidades da fábrica da Volvo, na CIC, e partiram em carreata em direção à Repar, a refinaria da Petrobras em Araucária, região metropolitana.

Faltam alimentos no Ceasa

Se ontem o Ceasa já apresentava alta nos preços e falta de alguns produtores, nesta quinta-feira a situação piorou muito mais. Na central, que fica no bairro Tatuquara, o abastecimento dos alimentos registra queda de 80% e só não está sendo mais grave porque produtores da RMC estão conseguindo suprir um pouco a demanda. Na capital, há relato de preços majorados em mais de 100% de ontem para hoje.

Batata e tomate já estão em falta em supermercados

Alguns produtos perecíveis já estão em falta nos supermercados de Curitiba nesta quinta-feira (24). Entre os itens em falta estão batata, cenoura e tomate, que sumiram das prateleiras e também não estão mais disponíveis na Ceasa para reposição. Já nos açougues, o cliente encontra dificuldade para encontrar cortes de menor custo como paleta bovina, acém, carne moída de segunda e carne suína. Os próximos produtos que devem começar a ter faltar, segundo os comerciantes, devem ser os pães de forma e o leite.

Restaurantes temem desabastecimento

Diversos restaurantes já estão preocupados com a situação. A rede de restaurante Madero, por exemplo, já entrou em estado de alerta após alguns produtos já começarem a faltar nos restaurantes. Por causa disso, a empresa não descarta a possibilidade de fechar algumas unidades caso a greve permaneça nos próximos dias.

Armazéns da Família já tem problemas com falta de produtos. Foto: Tribuna do Paraná
Armazéns da Família já tem problemas com falta de produtos. Foto: Tribuna do Paraná

Nossa Feira suspensa

Pontos do programa Nossa Feira, da prefeitura de Curitiba, não irão funcionar  por falta de frutas, legumes e verduras. As primeiras a sentirem os efeitos foram os pontos do Barreirinha e no Campina do Siqueira, nesta quarta-feira, e nesta quinta-feira não vão abrir os pontos do Pilarzinho e do Lindoia. Sacolões e Armazéns da família estão em estado de alerta. Ontem mesmo algumas gôndolas já estavam vazias.

Entenda os motivos da greve

Os aumentos seguidos nos preços do diesel levaram os caminhoneiros a programarem a paralisação. A categoria pede que uma série de reivindicações apresentadas ao governo federal sejam atendidas. A principal reivindicação dos caminhoneiros é a redução da carga tributária sobre o diesel. Os motoristas pedem que se zere a alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isenção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide).

Os impostos representam quase a metade do valor do combustível na refinaria. Segundo eles, a carga tributária menor daria fôlego ao setor, já que o diesel representa 42% do custo do frete. Por conta dos reajustes diários no diesel, os caminhoneiros autônomos dizem estar no limite dos custos. Nos últimos 12 meses, o preço do diesel na bomba subiu 15,9%. O valor está bem acima da inflação acumulada em 12 meses, em 2,76%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

https://www.tribunapr.com.br/noticias/brasil/memes-sobre-greve-e-falta-de-combustiveis-tomam-conta-das-redes-sociais/