PF ouvirá Delúbio e funcionária do PT no caso Coteminas

A Polícia Federal deve ouvir, nos próximos dias, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e a funcionária do partido que fez o depósito de R$ 1 milhão na conta da Coteminas e a funcionária da empresa que recebeu o dinheiro. A informação foi dada pelo relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Ele se reuniu ontem com os delegados da Polícia Federal responsáveis pelas investigações, Luiz Flávio Zampronha e Praxíteles Praxedes. ?Nós queremos uma informação mais clara sobre os fornecimentos da Coteminas e sobre o pagamento?, disse o relator.

O relator pediu à PF para aprofundar as investigações sobre as movimentações de Marcos Valério. E descartou, por enquanto, a possibilidade de Delúbio Soares ser chamado novamente para depor na CPMI. O relator contestou ainda a versão dada pelo ex-tesoureiro do PT de que o dinheiro dado à Coteminas, empresa do vice-presidente José Alencar, seria de Marcos Valério. ?Admito a possibilidade de que o dinheiro não venha do valerioduto?, disse. Ele ainda questionou o fato de Delúbio ter dito que guardou o dinheiro em casa por quase um ano. ?Ele sentava e renegociava com a Coteminas dizendo que não tinha dinheiro para pagar e com R$ 1 milhão em casa? É difícil assimilar isso?.

Explicações

O presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, filho do vice-presidente José Alencar, também esteve na Polícia Federal, em Brasília, para entregar documentos relativos ao pagamento de R$ 1 milhão registrado em nome do PT. Em nota oficial, o PT reconheceu a dívida de campanha de R$ 11 milhões com a empresa, do vice-presidente José Alencar, mas diz que a transferência citada não consta na contabilidade do partido. Gomes entregou os mesmos documentos à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Correios e ao ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos.

Josué circulou também pelo Congresso Nacional, onde teve encontros com os líderes partidários e integrantes da CPMI dos Correios para explicar os negócios da empresa com o PT. Segundo o executivo, que esteve no início da tarde na liderança do PFL, o objetivo da visita é mostrar a documentação referente aos negócios feitos com o PT aos parlamentares para provar que a Coteminas apenas prestou serviços e que estava sendo paga por eles.

Josué disse estar surpreso com a informação de que o R$ 1 milhão pago pelo PT não está nas contas do partido. ?Estamos surpresos com o fato de que o próprio partido está admitindo que era dinheiro de caixa 2. Era caixa 2 para eles, para nós é caixa 1, até porque só temos o caixa 1?, disse.

Visivelmente abatido com o escândalo do valerioduto batendo à sua porta, o vice-presidente da República, José Alencar, disse que cabe ao PT prestar contas sobre a origem do dinheiro utilizado para pagar parte de uma dívida do partido com sua empresa, a Coteminas. Após ser condecorado com a medalha do Mérito Legislativo, na Câmara dos Deputados, Alencar disse que não está irritado com as autoridades que cobram investigação da operação. Mas explicou que quando o dinheiro – R$ 1 milhão – foi entregue para pagar apenas um décimo da dívida, a Coteminas forneceu uma nota fiscal de recebimento, e que caberia ao PT prestar contas em sua contabilidade. Ele se negou a comentar as declarações do ex-tesoureiro Delúbio Soares, de que o dinheiro teve origem no valerioduto.

Porém Alencar admitiu que qualquer que sejam as dificuldades enfrentadas pelo PT, elas o atingirão também: ?Qualquer coisa que atinja o PT, me atinge também porque eu fui eleito vice-presidente pelo PT. Ninguém vota no vice, o número que votaram e que me elegeu foi o 13, do PT?, disse. 

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