Novo padrão

O fim da “placa preta” frustra novos e velhos colecionadores de carros

Arquivo / Gazeta do Povo

As placas de carro com padrão Mercosul começam a vigorar no Brasil a partir de 1.º setembro e com a mudança sairá de cena a famosa placa preta que identifica carros antigos e clássicos. A mudança para quem já tem direito a usar a tradicional sinalização dos colecionadores, no entanto, será definitiva a partir de 2024.

Pelo novo padrão, todas as placas virão com fundo branco. O que mudará, conforme a finalidade do veículo, será a cor das letras e dos números. E eles serão cinza para os carros de colecionadores.Quem faz parte deste grupo de proprietários deverá proceder a alteração para o novo sistema de identificação até 31 de dezembro de 2023, ou se antes fizer a transferência de propriedade ou de município.

Veja também: Saiba mais sobre a mudança.

Bernardo Heller, que é colecionador de Curitiba, e tem mais de 40 carros, acredita que a mudança será custosa para ele e para outros apaixonados por carros antigos. Além disso, ele defende que seria possível melhorar a segurança acrescentando alguns itens nas placas atuais. “As justificativas que foram dadas para a mudança não nos convenceram”, reclamou. “Ninguém quer um carro com a placa toda embaralhada. A gente escolhe a placa, ou dá valor à um carro que tem uma placa do ano, ou bonita”, acrescentou.

O colecionador Bernardo Heller com parte de seus carros. Foto: Arquivo Pessoal
O colecionador Bernardo Heller com parte de seus carros. Foto: Arquivo Pessoal

No Brasil são cerca de 25 mil veículos circulando com placa preta, segundo estima a Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA). Para ter direito à identificação personalizada é preciso ter um veículo com mais de 30 anos de fabricação e com, no mínimo, 80 pontos (de um total de 100) em critérios de originalidade e conservação.

Para o jornalista Gustavo Magalhães, que tem um Fusca 1976, o sentimento é de frustração. Embora reconheça que a segurança para quem tem um carro será muito maior, a falta da “placa preta” é algo a se lamentar. “Estão descaracterizando os carros considerados antigos. Alguns colecionadores pagam valores mais altos para ter uma placa com o mesmo ano do veículo, por exemplo: “XXX – 1976. Eu já gastei cerca de 600 reais para fazer a transferência do meu fusca e pagarei mais mil reais para obter a placa preta. Daqui a 6 meses terei que fazer tudo de novo”, questionou.

Mas para não acabar com o simbolismo e a tradição da placa preta, que atrai mais adeptos a cada ano, a FBVA estuda criar e apresentar aos órgãos reguladores uma ‘nova’ placa preta, que receberia o nome de ‘placa de veículo histórico’. Ela não substituiria o equipamento oficial de identificação, mas poderia ser fixada próxima do mesmo. De acordo com a FBVA, para merecer esta nova certificação os critérios seriam ainda mais rigorosos do que os atuais para liberação da placa de colecionador. A exigência seria algo em torno de 95 pontos no quesito originalidade, prevê a entidade.

Conheça os itens obrigatórios para a certificação da placa preta:

-> É preciso se submeter à avaliação de um clube credenciado ao Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), com vistoria presencial, para comprovar que o veículo em questão atende a uma série de exigências. Se cumprir com os critérios, será emitido o Certificado de Originalidade.

-> Somente veículos com mais de 30 anos podem tirar a placa preta.

-> É necessário que o carro conserve os itens originais. Como muitas peças de carros antigos não são mais fabricadas, a exigência é que 80% das peças originais estejam no veículo.

-> Estar em bom estado.

-> Manutenção da cor original do veículo. Cores que não existiam na versão original não são permitidas.

-> Não é necessário ter itens de segurança que não são originais de fábrica.

-> Modificações mecânicas são desclassificatórias.

-> Após obter o Certificado de Originalidade, o proprietário deve conservar o carro, já que avaliações anuais são exigidas para renovação.