mais-pop

Trama foi a primeira ficção da elogiada obra de André Aciman

André Aciman lançou Call Me By Your Name, o livro, em 2007. Ele já era um scholar respeitado em Nova York e autor de Out of Egypt, livro de memórias elogiado por contar com elegância sua história cosmopolita: de família com origens italianas e turcas e de religiosidade judia, ele nasceu em Alexandria, no Egito, mas foi expulso dali nos anos 1960 pelo governo. Então, passa um tempo na Itália antes de se mudar para os EUA e se dedicar aos estudos literários.

Me Chame Pelo Seu Nome foi seu romance de estreia e é seu primeiro livro publicado no Brasil, pela Intrínseca. O roteiro de James Ivory é reverente: falas são transcritas literalmente.

Aciman já respondeu a várias entrevistas dizendo que é heterossexual (é casado com uma mulher e tem três filhos), e o fato de como ele conseguiu escrever sobre amor e sexo gay de maneira tão pungente intrigou a comunidade LGBT de Nova York por um tempo. Mas ele diz estar mais interessado na fluidez da sexualidade do que em outra coisa.

“Nós gostamos de ter respostas simples”, diz, por telefone. “A ambiguidade é problemática porque faz com que as pessoas se questionem mais sobre o que a sexualidade é de verdade. Temos um sistema em que as pessoas querem saber se estão ou não apaixonadas, se é ou não amor. É isso ou aquilo. Sempre odiei todo tipo de rótulo. Não uso a palavra gay nem a palavra amor no meu livro. Não quis especificar nada. Sempre tive um pressentimento de que se você nomeia as coisas, o que acontece é parar de pensar e de sentir.”

No livro, o personagem Elio, um jovem italiano de 17 anos, desenvolve uma paixão fulminante por um americano (Oliver), de 24, que vai passar o verão na casa da família para estudar (filosofia) com o pai, numa espécie de residência. Oliver passa a primeira metade do livro se torturando pela paixão (o cenário é o início dos anos 1980 no interior da Itália) – mais pela sua timidez e “medo” do que qualquer outra coisa.

O autor acredita que a discussão sobre sexualidade não mudou tanto nos últimos 10 anos (entre a publicação do livro e o lançamento do filme). “O que pode ter mudado, porém – e é uma coisa muito complicada de quantificar – é essa sexualidade fluida. As pessoas mais jovens entendem isso totalmente, e as mais velhas talvez não, por estarem presas nessa ideia binária (gay e hétero).”

Aciman se envolveu pouco com a produção e divulgação do filme, mas disse ter amado a versão cinematográfica da história, e não poupou elogios ao produtor brasileiro Rodrigo Teixeira. “Sou muito grato (pelo filme). Além disso, é um ser humano amável, jovem, dinâmico, curioso… ele é perfeito! (risos).”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Voltar ao topo