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Segundo lugar no BBB 18, Kaysar vem de família tradicional de Curitiba, mas é ‘humildão’

Kaysar disputa a final do BBB18 nesta quinta-feira (19), junto com Gleici e a família Lima. Foto: Divulgação/TV Globo

“Um dia, você vai dormir achando que conhece toda a sua família e, no outro, leva um susto quando descobre que o ‘cara do BBB’ é seu primo”. É assim que Yasmine de Resende Abagge, 30, descreve a surpresa que teve ao saber que o BBB Kaysar Dadour, 29, finalista do reality show, é seu parente. Assim também foi com grande parte dos Abagge, tradicional família curitibana, que a poucas horas da final do reality show, cruzou os dedos na torcida por Kaysar. Ele ficou em segundo lugar, com 39% dos votos. Gleisi foi a campeã da edição.

Ontem, perto do fim da 18ª edição do Big Brother Brasil, algumas questões relativas à vida pessoal do participante intrigam o público. Principalmente quando o assunto é dinheiro, já que ele afirma não ter recursos para buscar seus familiares em Alepo. A questão intriga muita gente que se pergunta o porquê de os pais e a irmã de Kaysar ainda estarem no Oriente Médio, tendo em vista se tratarem de membros de uma família aparentemente próspera no Brasil. Para tentar esclarecer essa questão, a Tribuna do Paraná conversou com alguns parentes do BBB e perguntou:  afinal, qual é o real contexto da família de Kaysar?

Com pouca bagagem nas mãos, Kaysar chegou de forma discreta ao Brasil, em 2014, quando desembarcou no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Depois de tempos complicados na Ucrânia, onde foi vítima de xenofobia e tentativa de homicídio, não foi difícil permitir-se acolher por braços amigos. “Fui incumbido da missão de buscá-lo no aeroporto. Fiquei esperando com uma plaquinha escrito: ´bem vindo, Kaysar´, em árabe. Eu só tinha visto ele uma vez, quando ele tinha 10 anos de idade, mas o reconheci na hora. Ele me abraçou e beijou muito”, lembra o tio do rapaz, Nassib Abage, ou “Nassibinho”, como é chamado pela família.

Foto: Divulgação/TV Globo
Foto: Divulgação/TV Globo

Vida em Curitiba

Instalado num apartamento equipado até com academia particular em Curitiba, financiados pelo tio, Kaysar imediatamente entrou numa escola de português para que pudesse aprender o idioma. Os cursos de hotelaria e de chef de cozinha também foram incluídos no pacote. “A realidade é que eu adotei o Kaysar como filho e ele se mostrou grato e muito feliz desde o primeiro dia que pisou no Brasil”, afirma. Logo o rapaz começou a trabalhar como garçom e animador de festas infantis, fantasiando-se de super-herói e príncipe encantado. Uma realidade totalmente nova, depois das dificuldades enfrentadas na guerra. “Ele ganhava pouco mas tinha minha ajuda. Mesmo assim nunca parou de trabalhar e tratava o dinheiro com responsabilidade”, garante Nassib.

Assim vivia o sírio até entrar na casa do BBB. Logo nas primeiras semanas do programa o sotaque carregado e os trejeitos divertidos do rapaz conquistaram a estima do público e arrancaram gargalhadas até de quem não costuma acompanhar o programa. Nas redes sociais algumas tiradas hilárias do brother viraram meme. “Namore alguém que goste de você como Kaysar gosta de goiabada” – diz uma das piadinhas referentes a um desabafo feito por Kaysar sobre a quantidade de goiabada que andava comendo na casa. “Tô comendo muita latas goiaba. Queria saber se me dá diabeta ou se tá de boa (sic)”, disse.

Com a fama, não demorou para que os holofotes se voltassem sobre sua realidade econômica e, logo, diversos questionamentos começaram a aparecer. Nas redes sociais, um verdadeiro garimpo na vida pessoal do brother levantou dúvidas a respeito das condições financeiras de seus pais na Síria, da família que o acolheu no Brasil e dele próprio, que foi “flagrado” por uma das participantes da casa ostentando uma caríssima jaqueta da marca Dolce&Gabbana, avaliada em torno de R$7 mil.

Playboy ou humildão?

Por telefone, a Tribuna conversou com três membros da família Abage, incluindo o próprio tio, Nassib. Veja o que eles disseram:

Qual é a condição financeira dos pais de Kaysar?

De acordo com Nassib, a família de Kaysar vive de maneira humilde em Alepo. O pai, George, é representante comercial e mãe, Diane, dona de casa. Sem ostentação ou luxo, os Dadour moram numa casa pequena e nunca tiveram condições de visitar os Abage no Brasil. “Eu é que fui à Síria visita-los algumas vezes”, afirmou Nassib. Considerada uma família de classe média, os Dadour não teriam, segundo a família, condições de financiar a mudança para o Brasil.

Como ele vivia na Ucrânia?

De acordo com Nassib, os tempos em Odessa, na Ucrânia – para onde fugiu dos conflitos da Síria – foram os mais difíceis para o jovem, que chegou a trabalhar como gari e viver nas ruas. “Ele passou fome, dormiu debaixo da ponte sofreu muito preconceito. Nada deu certo pra ele lá”, disse. De acordo com Nassib, o que motivou a agressão que quase o matou, em 2014, foi um crucifixo que usava como pingente numa correntinha. “Os radicais viram que ele era cristão e só não o mataram porque alguns vizinhos interferiram”, revelou.

Por que os pais e a irmã ainda não vieram para o Brasil?

Com a guerra, segundo o tio, a saída dos Dadour do país, que já era difícil por questões financeiras, ficou ainda mais improvável por conta dos impedimentos políticos e da instabilidade econômica. “Não é só vir pra cá. Tem inúmeras questões burocráticas impostas pelos governos e tudo bem. Imagine que eles consigam vir. E aí? Precisa trabalhar, precisa de renda. Não é tão simples e, no Brasil, a gente sabe que não está fácil. Árabe não tem hábito de ser empregado e sim de abrir negócio”, afirma Marilú Abagge, uma das parentes de Kaysar. Segundo Nassib, o valor do prêmio – caso seja arrebatado pelo jovem – seria em partes usado para ajudar os pais nesses primeiros passos por aqui.

Como Kaysar vive em Curitiba?

Apesar da vida estável financeiramente, Nassib garante que não são milionários e que trabalham muito para ganhar o que possuem. Sobre as acusações de “vida de playboy” de Kaysar, o tio rebate: “como pode um menino que trabalhou de balconista e que entrou no BBB trabalhando como garçom e animador de festa de criança ser considerado playboy?”, questiona. Sobre a jaqueta de grife, que gerou polêmica, um amigo pessoal de Kaysar afirmou, em entrevista ao jornal carioca Extra, que a peça é falsificada. Em defesa do sobrinho, Nassib lança: “Existe alguma cláusula no Big Brother Brasil que estabeleça que só participantes de classe baixa ou pobres possam ganhar o prêmio?”.

Curiosidades

Sem frescura

Quando o assunto é comida Kaysar não reclama de nada. “Pode colocar uma pedra na mesa que ele vai dizer: ´que delícia´”, afirma Nassib.

Medo

Como já era de se imaginar, o brother não se sente confortável diante da morte. “Por causa de tudo que ele viu na Síria, hoje isso é pavoroso pra ele. Você nunca vai ver o Kaysar num cemitério ou perto de gente morta”, contou.

Amor aos bichos

Apaixonado por animais, Kaysar já trabalhou como “psicólogo de papagaios”. “Ele pegava os bichinhos amuados e estressados e em pouco tempo conseguia deixá-los saudáveis de novo”.

Apelido carinhoso

A relação entre Kaysar e Nassib se estreitou tanto que, como em qualquer vínculo íntimo, um chama o outro de forma especial. Enquanto Nassib se dirige ao rapaz como “filho”, Kaysar o chama de “Patrão”.

Sem planos de voltar

De acordo com Nassib, depois que trouxer a família para o Brasil, Kaysar não pretende voltar à Síria. “Ele se apaixonou pelo país. Diz que aqui é o paraíso e a sua casa. Aqui Kaysar diz que encontrou Deus”.

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