Das bandas do Sul

Curitibana Juliana Cortes lança disco interpretando poemas de Leminski

Foto: Divulgação

A curitibana Juliana Cortes lança seu segundo álbum, Gris (2016). Disponível nas plataformas digitais, o novo disco entrega movimentos suaves, poesia e geografia com o refinamento da música popular brasileira.

Em Gris, a mezzo-soprano explora os espaços dos indivíduos nas metrópoles onde o disco foi gravado – Curitiba, São Paulo e Buenos Aires – e conecta fronteiras harmonizando no disco inspirações e traços sulistas, nuances latinas e brasilidades numa perspectiva contemporânea. Juliana faz escolhas precisas, numa interseção sedutora entre melancolia e leveza na primeira metade do álbum, e segue escalando com elementos do jazz e pop as faixas que finalizam o trabalho, marcado pelas sutilezas e delicadezas da intérprete.

“Uma carta uma brasa através” abre o recém-lançado disco de Juliana e marca a plástica invernal na autoria inédita do compositor e escritor gaúcho Vitor Ramil sobre um poema de Paulo Leminski. A canção “À Você, Amigo” inclusive é resultado precioso da combinação de letra e música do poeta curitibano.

Já na segunda faixa, Juliana transpassa fronteiras nacionais com “Germinal”. De arranjo minimalista, a canção traduzida e adaptada pela cantora é do uruguaio Dany López, um dos principais produtores musicais do Uruguai nos dias de hoje. Nesta canção, o músico mineiro Antônio Loureiro assina o arranjo e a interpretação dos vibrafones, que constroem o desenho musical da faixa do começo ao fim.

O intercâmbio no Sul do continente é evidenciado também com a releitura da cantora para a canção do conterrâneo Grupo Fato. Com ares tangueiros, “Bandida” conta com a participação do trio argentino Diego Schissi (piano), Juan Pablo Navarro (baixo), Santiago Segret (bandoneon) e é uma das faixas gravadas ao vivo do CD.

Com participação de Paulinho Moska, “Mismo” é um dos pontos altos: cantada em espanhol, a canção é mais um poema musicado de disco. A obra de Estrela Leminski e melodia do mineiro Leo Minax, indica que Gris chega a tocar o Sudeste do Brasil.

Essa trajetória sulista é conduzida pelo produtor paulistano Dante Ozzetti, que assina com Luiz Tatit a faixa que encerra o disco: “Outras Milongas”. A canção está entre as duas obras escritas especialmente para intérprete. Outras participações em Gris são de Arrigo Barnabé, autor da segunda obra escrita para a cantora, a doce e poética “O Mal”, que ganhou versão em filme de animação.

As faixas que encerram o álbum, como “Costura pra Dentro”, Carlos Careqa e Simone Wicca, “Circular 102” de Leo Minax e Chico Amaral e “Balangandãs” de Maurício Pereira apontam para um diálogo artístico entre um universo gris e outros movimentos musicais como a própria vanguarda paulista.

Entre as diferentes formações para cada música, as mais constantes são Ronaldo Saggiorato e Du Moreira (baixo), Romildo Weingartner (violoncelo) e Vina Lacerda e Guilherme Kastrup (percussão). Aparecem também Rogério Leitum (flügelhorn), Sérgio Albach (clarinete) e Fábio Cardoso (piano).

As músicas de Juliana estão disponíveis no Spotify, Deezer e Google Play.

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