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‘A Vigilante do Amanhã’ adapta animação cyberpunk japonesa

O título acima poderia ser seguido de um ponto de interrogação. A afirmação ou o questionamento dessa frase são igualmente importantes para A Vigilante do Amanhã, ficção científica derivada do mangá (quadrinho japonês) e do posterior anime (animação nipônica dos mangás) Ghost in the Shell, datados de 1989 e 1995, respectivamente.

“O que nos faz humanos?” É essa a questão principal ali, a busca pela humanidade perdida, em um futuro não tão distante, no qual corpos humanos são aperfeiçoados com máquinas – órgãos, membros, nada escapa de um ‘upgrade’ cibernético. Até que ponto alguém pode ser considerado humano? A habilidade de pensar, a consciência e o sentir são, naquele ano de 2029, as únicas características que diferenciam realmente um humano de um robô. E, aos poucos, até o limite parece se borrar, perder nitidez. A diferença vai para as cucuias, quando se vive em uma sociedade na qual a robotização está tão intrínseca e é tão banalizada quanto a troca do fígado por uma versão robótica do órgão para não sofrer de ressaca no dia seguinte a uma bebedeira.

Nesse mundo vive Major, a personagem de Scarlett Johansson, uma máquina quase completa. Fruto de um experimento de alto nível tecnológico, ela é a primeira do seu tipo a existir em pleno funcionamento. Um cérebro humano instalado em um corpo completamente robótico. Resta-lhe, apenas, a consciência, o centro do que restou de único na humanidade. O fantasma dentro da casca, numa tradução livre do título em inglês. Alguns a consideram o último passo da evolução da humanidade. Ela mesma não parece concordar. Sente-se na busca por um sentido para acordar todos os dias pela manhã (ou ligar seus circuitos).

Ghost in the Shell foi a primeira animação japonesa a ganhar uma data de lançamento no Ocidente (Estados Unidos e Reino Unido) igual àquela do Japão. O ano era 1995 e os animes já representavam uma fatia importante da cultura japonesa no País. No estrangeiro, a bilheteria foi pífia e, no Brasil, o longa saiu diretamente em home vídeo. Desta vez, a escolha por Johansson é um carimbo para atestar que Hollywood aprova a história.

A escolha da atriz, contudo, gerou polêmica. Há quem afirme que ela seja ocidental demais para protagonizar essa distopia que se passa em alguma cidade asiática – possivelmente no Japão. Sua escolha, contudo, foi defendida até pelo aclamado diretor japonês da animação Mamoru Oshii. O que importa, dentro e fora do filme, é o que está dentro da casca.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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