Walsh/May estragam a festa

A briga era desigual: de um lado, as americanas Kerri Walsh e Misty May, apontadas como uma das duplas favoritas ao ouro em Atenas, donas de um dos mais vitoriosos currículos do vôlei de praia mundial nos últimos anos; do outro, a carioca Val, Rainha da Praia 2004, e a paraense Gerusa, sonhando disputar o primeiro circuito mundial de suas carreiras. Prevaleceu a lógica e, depois de apenas 41 minutos de jogo, o time americano venceu o brasileiro, na manhã de ontem, nas areias de Ipanema, no Rio de Janeiro, conquistando a primeira edição do Desafio de Rainhas (21/7; 21/16).

Nem parecia que o jogo era o primeiro do ano para as americanas. Altas (Walsh mede 1,89 metro e, May, 1,82 metro), extremamente habilidosas e agressivas no ataque, elas pulverizaram Val/Gerusa no primeiro set, levando a Rainha da Praia a brincar: “E teve primeiro set?”. Elegante, Walsh atribuiu a larga vantagem a um nervosismo inicial das adversárias. “Elas demoraram a encaixar o jogo. No segundo set, jogaram mais soltas”, disse a atleta, que disputou os jogos de Sydney pela seleção americana de vôlei indoor e conseguiu a quarta colocação.

Um ano mais velha do que a parceira, Misty May, 26 anos, falou sobre a estratégia de jogo da dupla. “Como a Val costuma atacar forte, forçamos o saque na Gerusa. As duas jogam bem e, com a experiência, podem ir longe”, acrescentou. Do lado brasileiro, a tentativa de forçar o saque em Walsh, que não passa tão bem quanto May, não surtiu resultado. Foram várias as “cravadas” das americanas na quadra brasileira, numa demonstração de superioridade tão grande que levou a torcida de mais de 1.500 pessoas a reconhecer e aplaudir o talento de Walsh e May.

Treinar, treinar…

Uma semana depois de seu primeiro título no vôlei de praia – o de Rainha da Praia 2004 -Val disse que esperava fazer um jogo mais equilibrado com as americanas: “Acho que poderia ter jogado melhor, mas isso não quer dizer que deixei de acreditar na vitória. A lição que fica é a de que precisamos treinar cada vez mais, se quisermos alcançar nossos objetivos.”

Para Gerusa, o fato de ela e Val nunca terem jogado contra as americanas dificultou ainda mais as coisas para as brasileiras. “Entramos no escuro. Elas são excelentes jogadoras e o simples fato de enfrentá-las já foi um sonho, ainda mais para quem, como nós, pensa no circuito mundial”, disse.

De olho em Atenas

O Desafio de Rainhas reuniu, além de Walsh/May, outros atletas que se encontrarão em Atenas. Presença certa na seleção brasileira masculina, Giovane assistia à partida ao lado da irmã, Giseli, que disputou o Rainha da Praia. Próximo a eles, a nadadora Mariana Brochado, que deverá participar do revezamento 4 x 200m livre, contava que, quando tem uma folga das piscinas, costuma jogar vôlei de praia. Ao fim do Desafio de Rainhas, fez questão de tirar uma foto com Walsh/May.

As americanas receberam, ainda, os cumprimentos de uma de suas principais adversárias, a carioca Sandra Pires. Ao lado de Ana Paula, Sandra – medalha de ouro em Atlanta (1996) e de bronze, em Sydney (2000) – forma uma das duas duplas brasileiras em Atenas (a outra é Adriana Behar/Shelda) e espera reeditar as grandes atuações de Atlanta.

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