União Bandeirantes passa a ser história

A tradicional e pacata Bandeirantes, cidade com cerca de 32 mil habitantes, não irá mais figurar no mapa do futebol paranaense. A equipe da terra do açúcar está fechando suas portas depois de 41 anos de atividades, muitos dos quais recheados de temor dos adversários que precisavam encarar ?Luiz Meneghel?, o estádio do bairro Vila Maria.

A diretoria do União Bandeirante Futebol Clube protocolou ontem, na Federação Paranaense de Futebol (FPF), o pedido de desistência do Campeonato Estadual de 2006. A notícia já vinha sendo especulada nas semanas anteriores. Mas os primeiros a saberem da desistência foram os moradores de Bandeirantes. Na noite da última terça, o diretor de futebol do clube Nelson Santos anunciou a renúncia da equipe no programa esportivo da Rádio Cabiúna.

?Foram tentadas várias alternativas. Parcerias com outros clubes e empresários. Mas o principal fator mesmo foi o afastamento do Serafim Meneghel?, diz o radialista Luís Sérgio que participou da entrevista concedida pelo dirigente. Porém, outros fatores (financeiros e administrativos) influenciaram na decisão. Segundo Santos, a Lei Pelé desarticulou os trabalhos que vinham sendo feitos pelo União junto às categorias de base, de onde saíram recentemente o atacante Jabá (com passagem pelo Coritiba) e o goleiro Fábio (seleção Sub-20, e hoje defendendo o Cruzeiro).

Outro ponto que pesou no fim das atividades do clube foram as sucessivas ações trabalhistas. Jogadores vinculados ao União no momento, cerca de dez atletas, serão emprestados a outros clubes. Alguns passarão a ter seus próprios vínculos federativos.

?É ruim terminar desta forma. Tínhamos uma história, chegamos a brigar de igual para igual com as equipes da capital. Mas nos últimos anos o União só brigava para não cair. Além disso, a média de público nos jogos da Vila Maria não ultrapassava a casa de 800 torcedores. Aí fica difícil deixar as contas em dia?, explicou Luís Sérgio.

O radialista ainda comentou que ?talvez Bandeirantes venha a ter uma nova equipe no próximo ano?. ?Mas não será mais o União. Deverá ter outro nome, mas só para jogar na categoria júnior?, disse Sérgio. A Cabiúna irá manter a sua equipe de esportes. ?Vamos transmitir o Campeonato Paulista, e o Brasileiro. É até mais lucrativo e conseguimos mais anunciantes. Acompanhar o União no Estadual chegava a ser deficitário.?

O último jogo oficial do União aconteceu no último dia 23 de março. O resultado do jogo ilustra a citação de Luís Sérgio.

A partida foi heróica. A equipe de Bandeirantes terminou a partida com oito jogadores e só não foi rebaixada para a segunda divisão do estadual porque aos 46 minutos do 2º tempo Betinho fez o gol da vitória de 2 a 1 em cima do Engenheiro Beltrão. Soubesse Betinho que esse seria o último suspiro da equipe, certamente o jogador do União teria comemorado um pouco mais o gol que deu uma sobrevida para a bela história do clube. Infelizmente, não conseguiu evitar, nove meses depois, o fechamento das portas do União Bandeirante.

Três clubes ?atrás? da vaga

E quem irá ocupar a vaga do União na Série A do Paranaense de 2006? A solução talvez saia nesta tarde na sede da Federação Paranaense de Futebol (FPF), quando haverá uma reunião para analisar a questão. O Estadual teria 16 equipes, que já foram divididas em dois grupos com 8 times cada.

Uma das possibilidades seria deixar o Grupo B com sete equipes. Outra hipótese, e que ganha contornos de uma disputa jurídica, seria convocar o 3.º colocado da Série Prata deste ano, o Cascavel, para subir à primeira divisão. Alguns esportistas entendem que, para que isso acontecesse, o Galo Maringá, ou Toledo, que ganharam acesso à 1.ª divisão, desistissem da vaga.

Ontem o Engenheiro Beltrão protocolou, junto à FPF, um requerimento pedindo a sua inclusão no campeonato. ?Está escrito no Regulamento Geral do campeonato, no artigo 39, que a federação tem o direito de convidar um clube quando houver a desistência de uma equipe?, diz o advogado Osires Nadal, representante do Engenheiro. ?Mas desde que isso não modifique o regulamento. No seu grupo, o Engenheiro, que foi rebaixado para a 2.ª divisão, ficou uma posição atrás do União. Logo seria justo que essa vaga seja do Engenheiro?, afirma o advogado, que lembra ainda que o clube tem uma tutela antecipada – alegando que a FPF feriu o Estatuto do Torcedor ao mudar o regulamento do campeonato deste ano, onde não houve o Torneio da Morte, como aconteceu em 2004. O Engenheiro tem outra ação, desta vez na Justiça Comum, com o mesmo teor, na qual houve sentença favorável.

Incluir o Engenheiro no Estadual 2006 seria uma alternativa da FPF evitar o confronto jurídico e do julgamento do TJD.

Sobre a possibilidade da vaga do União ser ocupada pelo Império, a segunda equipe rebaixada para 2006, e que na classificação geral ficou à frente do Engenheiro, Osires Nadal argumenta. ?O Engenheiro Beltrão tem sede, estádio, endereço e plantel para disputar a competição. Já o Império não posso afirmar isso.? Procurado ontem pela reportagem da Tribuna, o presidente do Império, Aurélio Almeida, não foi localizado. Segundo a sua assessoria ?o dirigente estaria em viagem ao México?. Na FPF a procura pelo presidente do Império também era intensa.

Cianote remonta a equipe para o Estadual

O Cianorte promete novas emoções para o seu torcedor na temporada de 2006.

A diretoria do Leão do Vale resolveu investir contratando o jovem Gilson Kleina, que neste Brasileiro da Séria A dirigiu o Paysandu. Já a equipe que se projetou nacionalmente neste ano, ao assustar e quase desclassificar o Corinthians na segunda fase da Copa do Brasil – o time do Norte do Estado ganhou a primeira partida por 3 a 0, mas acabou goleado por 5 a 1 na partida de volta, no Pacaembu em São Paulo -, foi praticamente desmontada.

Somente dois jogadores o atacante Márcio Machado, e o zagueiro Diego estão de retorno à equipe que disputará o Paranaense do próximo ano. ?Temos uma boa safra dos juniores, e estamos negociando novos reforços para o time?, disse ontem por telefone Sérgio Gomes, coordenador de futebol do Cianorte.

Ontem, no primeiro contato com a sua nova equipe, Gilson Kleina encontrou seis reforços: o meia-atacante, Ricardo Natividade Lourenço, o Pepi, 25 anos, que jogou no Galo Maringá; e o lateral-esquerdo Carlos Rodrigues da Silva, o Ninja, 24, ex-Cene (MS); o goleiro Borba, 21, ex-Caldense (MG); o volante Jeferson, 24, ex-Juventus (SP); e o zagueiro Alexandre Nunes, 32, ex-Caldense.

Quem também pode voltar ao Cianorte é o meia Pachola, que disputou a Série C do Brasileiro e depois foi jogar na Venezuela. ?Estamos estudando a possibilidade de tê-lo novamente na equipe?, disse o gerente de futebol do Cianorte.

Folha enxuta, Turbay iluminado

Apoio dos empresários da cidade, novos patrocinadores e empolgação da torcida. Esses são os ingredientes que a diretoria do Cianorte encontrou para remontar o time para o Campeonato Paranaense de 2006. As duas últimas campanhas no Estadual, e ainda a projeção nacional conquistada na Copa do Brasil deste ano, reforçam a tese dos cartolas para que o Leão do Vale volte a incomodar e quem sabe chegar novamente às semifinais da competição.

?Nosso plano é chegar entre os quatro primeiros, e quem sabe surpreender os grandes da capital?, diz Fabiano Mazzolla, coordenador técnico do Cianorte. Mesmo com três patrocinadores já garantidos, Frangos Kibom, Ciapetro e Larosse, todos da cidade, as contas do clube do norte do Estado são comedidos. ?Vamos gastar em torno dos R$ 70 mil por mês com a folha de pagamento?, diz o coordenador.

Iluminado

O Estádio Olímpico Albino Turbay, de propriedade da Prefeitura, vem recebendo novas melhorias. Depois de ser ampliado, passando de 3 mil para 7 mil lugares, o estádio ganhou torres de iluminação. ?Agora poderemos também mandar jogos à noite?, completou Fabiano Mazzolla.

Artilheiro pretendido é júnior do Atlético

A diretoria do Cianorte espera ainda acertar a permanência do atacante Pedro Henrique Oldoni, 20 anos. O jogador, que pertence ao Atlético, disputou o Paranaense de Juniores pela equipe da região do Norte do Estado onde fez 21 gols. Porém, o Rubro-Negro já solicitou o retorno do atacante para as disputas da Copa São Paulo de Juniores, que acontece em janeiro. ?Vamos voltar a conversar com o Atlético para que o Pedro Henrique seja reemprestado para o Estadual. Mesmo após a Copa São Paulo?, disse Fabiano Mazzolla, coordenador técnico do Cianorte.

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