Só piora

Paraná dá adeus ao sonho de construir a Arena Boqueirão

Ao mesmo tempo em que se vê envolvido em uma briga ferrenha com a União na Justiça, para não perder a Vila Capanema, o Paraná também vai dando adeus ao sonho de ter uma verdadeira Arena multiuso para 30 mil pessoas ser erguida no Boqueirão, onde atualmente está o estádio Érton Coelho Queiroz.

Nos últimos anos, o Tricolor alimentava esta esperança, que envolveria até mesmo a prefeitura de Curitiba. Mas a ideia não vingou. Desde 2012, quando a Justiça Federal decidiu que a Vila Capanema era patrimônio da União, o clube vinha negociando com a prefeitura um acordo. A proposta era o Paraná ceder a Vila, mas, em troca, ser indenizado com as obras para a reforma da Vila Olímpica.

Em dezembro de 2014, a proposta ganhou mais força, inclusive com o município fazendo uma avaliação do projeto do Tricolor e da área da Vila Capanema. “Este será um verdadeiro marco histórico. Nosso torcedor espera algo grandioso. A Vila Capanema nos deu glórias, mas está ultrapassada. Com uma nova arena, nosso público subiria consideravelmente”, celebrou o então presidente paranista, Rubens Bohlen.

Só que a renúncia do dirigente, em março de 2015, mudou todos os planos. Para piorar, o acordo com a Prefeitura esfriou e o leilão da Vila Olímpica do Boqueirão encerrou o sonho paranista da Arena. O estádio foi arrematado por R$ 11,65 milhões pela empresa Seagull Incorporações e Participações. O imóvel havia ido a leilão para pagar uma dívida de R$ 1,6 milhão com nove ex-funcionários. A prefeitura, através da Secretaria de Comunicação Social, afirmou que as tratativas a respeito do novo estádio não evoluíram e foram finalizadas.

Em setembro, recém-eleito presidente do Paraná, Leonardo Oliveira, um dos cabeças do grupo Paranistas do Bem, reforçou a inviabilidade da construção de uma arena moderna no Boqueirão. “Espero que a gente nunca saia da Vila Capanema. Falar em construção de arena padrão Fifa está distante da nossa realidade. O Paraná precisa pôr pontos finais em seus problemas antes de dar novos passos”, afirmou.

No mês seguinte, após diversas tentativas do departamento jurídico do Paraná, o leilão foi anulado e o Tricolor retomou a posse da Vila Olímpica. Clube segue utilizando o local para treinamentos e jogos das categorias de base, mas não investe na reestruturação da praça, que segue em condições precárias e incapaz de receber partidas oficiais.

Vila Capanema

Mas os problemas surgiram de vez este mês, quando o desembargador revisor Ricardo Teixeira do Valle Pereira, da 3ª Turma do TRF, dá voto favorável à União no processo relativo à Vila Capanema. Dessa forma, dois dos três desembargadores foram contra a manutenção do terreno do estádio com o Tricolor. Além disso, Valle Pereira indicou que a desocupação do local renderá indenização modesta ao clube e relatou a negativa da entrada da prefeitura de Curitiba, como terceira parte interessada, no processo.