Na briga

Paraná Clube soma um ponto em Belém, mas poderia ter somado três

Jogadores do Paysandu pedem pênalti de Eduardo Brock ao final do jogo. Foi talvez o lane mais perigoso para os donos da casa. Foto: Ricardo Lima/Estadão Conteúdo

O saldo foi positivo. O Paraná Clube iniciou a rodada a quatro pontos do G-4 e terminou a três. Mas o empate em 0x0 com o Paysandu, na noite de sábado (19), no Mangueirão, em Belém, mostrou novamente que o Tricolor tinha time para vencer fora de casa – como na partida anterior longe de Curitiba, diante do Boa Esporte. E, até por conta da campanha ruim fora, a equipe demorou a se soltar e jogar com mais agressividade, o que poderia ter transformado um ponto em três diante do Papão.

“No primeiro tempo, não fomos o time que geralmente somos”, resumiu Leandro Vilela, ainda no gramado do Mangueirão. Em parte pelo ataque totalmente novo (com o estreante Vinícius Kiss, Rafhael Lucas e Robson, este em posição diferente), em parte por ser uma equipe muito tímida na construção de jogadas. Para Lisca, porque o Tricolor tentou entrar com a bola dominada quando tinha que tentar criar jogadas na base da troca de passes, buscando encontrar espaços. Mas parecia haver um receio de dar campo para o Papão, evitar um risco desnecessário.

Isto fez o jogo ficar preso no meio-campo, pois os donos da casa têm muitas dificuldades para criar – e não à toa Marquinhos Santos armou o time para jogar no contra-ataque, mesmo atuando no Mangueirão. E foram 46 minutos de pouco futebol, que tiveram para Lisca um ponto positivo. “Controlamos bem, não tomamos gol de novo, é importante. Estamos com a quarta ou quinta melhor defesa. O Richard cada vez está fazendo menos defesas milagrosas, e isso dá consistência”, disse o treinador paranista. Na verdade, é até melhor – o Tricolor tem a terceira melhor defesa da Série B, com 18 gols sofridos, ao lado do Boa Esporte (apenas América-MG e Internacional sofreram menos gols).

Mas era preciso mais e o Paraná voltou para o segundo tempo bem melhor. E aí apareceu um personagem que segurou o Tricolor – o goleiro Emerson. Não foi a primeira vez que isso aconteceu, pois no ano passado o camisa 1 do Paysandu impediu a vitória paranista na Vila Capanema. O primeiro momento dele foi numa cabeçada de Iago Maidana, após escanteio cobrado por Renatinho. Por sinal, o R10 fez na etapa final o que se espera dele, chamou a responsabilidade e foi o responsável por criar as melhores jogadas tricolores.

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Com João Pedro no lugar de Vinícius Kiss, que teve uma estreia discreta, o time pressionou ainda mais. “O João não iniciou o jogo pois ficou muito tempo parado e eu sabia que ele não aguentaria os 90 minutos. Então estrategicamente eu fiz a opção de usá-lo na parte em que se decidiria a partida. Ele teve uma chance que cortou para dentro, mas o goleiro defendeu”, elogiou Lisca. Foi um lance quase todo do meia, que ao lado de Renatinho dá qualidade e técnica ao Paraná – e é possível pensar numa trinca com o retorno de Guilherme Biteco, cada vez mais próximo.

A terceira e mais impressionante defesa de Emerson foi num arremate de Felipe Augusto de média distância. E o goleiro do Papão foi lá e salvou seu time. Os donos da casa tentaram uma pressão no final do jogo e ainda saíram reclamando de um toque de Eduardo Brock dentro da área, que foi interpretado como lance normal. O que se viu foi suficiente para mostrar que o Tricolor poderia ter vencido, mesmo que o resultado tenha sido considerado justo. E que com regularidade e um pouquinho mais de ousadia fora de casa, o sonho do acesso pode sim virar realidade.