Superação

Guilherme Biteco, o símbolo de um Paraná Clube feliz

Guilherme Biteco no estúdio da Tribuna, com os jornalistas Diogo Souza e Jadson Andre. Foto: Giuliano Gomes

O dia 29 de novembro de 2016 nunca vai sair da memória de Guilherme Bitencourt da Silva, o Guilherme Biteco. Na madrugada desta fatídica data, o seu irmão, Matheus Biteco, foi encontrado sem vida, vítima do acidente com o voo da Chapecoense na Colômbia. A partir dali, o gaúcho de Porto Alegre colocou na cabeça que o seu próximo destino era jogar por dois. Era jogar por mais. Era jogar pela família Biteco.

Quis o destino que o Paraná Clube fosse a casa do meia-atacante após a tragédia. Anunciado como reforço do Tricolor em janeiro deste ano, Guilherme Biteco anunciava ali uma retomada em sua carreira, marcada por suor, lágrimas e duras batalhas. “Quando eu cheguei no Paraná, muitas pessoas ficaram na dúvida de como que eu reagiria após o acidente com o meu irmão. Eu sempre coloquei na minha cabeça que eu iria jogar por ele. Isso me ajudou a crescer”, disse o atleta de apenas 23 anos.

De fato, Guilherme Biteco cresceu. No Tricolor, ele teve um dos melhores momentos de sua carreira. Foram, praticamente, seis meses como titular absoluto e um dos pontos de referência da equipe comandada por Wagner Lopes e Cristian de Souza, respectivamente. Com Cristian, aliás, o meia-atacante teve uma das partidas mais importantes da sua carreira com as cores vermelha, azul e branca.

No dia 24 de maio, Guilherme Biteco foi o grande nome da vitória paranista sobre o poderoso Atlético-MG, por 3 a 2, no Estádio Couto Pereira. O seu nome foi gritado por mais de 19 mil tricolores. “O jogo contra o Galo foi memorável pra mim. Eu nunca vou esquecer. Eu lembro que na concentração eu ainda falei que iria marcar dois gols. Consegui acertar os dois chutes que o torcedor também não vai esquecer”, relembrou Biteco.

Novo obstáculo

Menos de um mês depois, o destino colocou mais uma pedra na carreira do jogador. Em um lance individual, no jogo contra o Figueirense, na Vila Capanema, Biteco rompeu o tendão de Aquiles e teve que ser submetido a uma operação.
Para quem achava que isso seria um novo motivo para o atleta “se entregar”, acabou se enganando. Foram meses de recuperação. Enquanto isso, o meia passou a ser ainda mais referência no grupo paranista, sendo uma das peças que mais motiva o elenco nos bastidores.

“O clima no Paraná Clube é muito bom. Todos se dão muito bem. O resultado disso acontece dentro de campo. Estamos fazendo um ótimo trabalho e próximos do nosso objetivo. A gente virou uma família. Tem sido o melhor grupo que eu já trabalhei na minha vida”, frisou.

A “cara” do Paraná Clube

Apesar de estar ausente dos gramados nos últimos meses, Guilherme Biteco tem sido, de fato, um grande personagem do Tricolor para a torcida. O meia é um dos mais assediados pelos torcedores e presença frequente junto ao departamento de marketing do clube.

“O pessoal tira onda comigo que eu deveria trabalhar nas divulgações do Paraná, porque quando entro em campo vem umas 20 crianças pro meu lado e só uma para os outros jogadores”, brincou o jogador. A admiração não é à toa. Simples, humilde, com uma longa história de vida e o sorriso estampado no rosto, Guilherme Biteco concedeu esta entrevista à Tribuna de camiseta, bermuda e chinelo. A “cara” da torcida guerreira do Paraná Clube, cansada dos sofrimentos e que hoje estufa o peito com orgulho para apoiar o Tricolor, seja lá qual for a maneira.