Clássico do futebol do interior é esquecido

Londrina e Maringá poderiam hoje estar comemorando datas históricas. No Tubarão os 30 anos da conquista da Taça de Prata. No Galo os 40 da Taça dos Campeões do Brasil. Com três títulos estaduais pra cada lado, os cerca de 100 quilômetros que distanciam as duas cidades também serviram um dia para alimentar o sentimento de demarcação de território no norte do estado. No entanto, a riqueza dos cafezais acabou. O Clássico do Café, que um dia representou a força do futebol do interior do Paraná, caiu no ostracismo.

Gestões financeiras questionáveis renderam aos dois clubes a falta de credibilidade. Restaram apenas os torcedores, que persistem no funcionamento dos clubes. “Não dá pra simplesmente abandonar o futebol e mudar de time”, lamentou Marcelo Benini, torcedor do LEC, que está sem calendário profissional para o restante do ano. Membro de um conselho representativo criado às pressas por torcedores para assumir o clube, Benini foi um dos 70 que participaram do mutirão para limpeza do Estádio Vitorino Gonçalves Dias. “Como o time não tem dinheiro pra pagar a limpeza, convocamos os torcedores para organizar a casa pro time júnior”, explicou.

Na Cidade Canção, calendário não chega a ser um problema atual. Dois Grêmios de Maringá chegaram a se inscrever na Terceirona do Paranaense 2010. Está aí o impasse.

O Grêmio Metropolitano Maringá, do vereador Aparecido Domingos Regini, o ‘Zebrão’, na verdade se chama Alvorada Club. Ainda briga na justiça pelo direito ao uso do nome.

Já o Grêmio Maringá, do empresário Aurélio Almeida, chegou a ser intimado pelo conselho tutelar da Cidade Canção. O motivo: alguns adolescentes trazidos do Mato Grosso, ao qual seus pais haviam investido R$1.400 por um estágio no clube, estavam vivendo em condições precárias. Inclusive faltavam camas para todos no alojamento.

“Não creio que esses times consigam suceder o verdadeiro Galo. O Aurélio já fechou as portas sem dar explicações. E pro Zebrão não se sabe se existe um projeto de longo prazo”, analisou Carlos Cardoso, colecionador de artigos históricos do Galo.