Análise

Será que já terminou a gestão de Luiz Sallim Emed no Atlético?

Sallim é presidente, mas Petraglia é quem manda. Pelo menos é o que ficou dessa semana em que o Atlético perdeu Walter e Vinícius. Foto: Pedro Serápio
Sallim é presidente, mas Petraglia é quem manda. Pelo menos é o que ficou dessa semana em que o Atlético perdeu Walter e Vinícius. Foto: Pedro Serápio

Luiz Sallim Emed foi eleito em dezembro do ano passado para quatro anos de mandato como presidente do Atlético. Venceu uma dura disputa, contra uma oposição que enfim se organizou por completo, que mostrou falhas da gestão anterior. Contou com dois apoios decisivos para vencer: o do então presidente Mário Celso Petraglia, também candidato ao Conselho Deliberativo; e da torcida organizada Os Fanáticos, que despejou seus votos na situação.

A organizada foi aliada importante, mas claramente de ocasião. Afinal, agora a diretoria do Atlético está em pé de guerra com a torcida, impedindo a entrada dos instrumentos e uniformes, fazendo uma campanha pela extinção das facções e tentando valorizar os sócios e mudar o público médio da Arena da Baixada.

E Petraglia? Ficou surpreendentemente calmo nos primeiros meses da gestão Sallim. Com um estilo bem diferente do poderoso rubro-negro, o atual presidente abriu canais de comunicação com a torcida e com os sócios, passou a ter um bom relacionamento com os jornalistas, mostrou-se preocupado com as opiniões externas, reabriu o CT do Caju. Atitudes que nada tinham a ver com o que Petraglia sempre defendeu.

Mas ao completar oito meses no poder, Sallim foi atropelado. Irritado com a conduta extra-campo de Vinícius, com a defesa feita por Walter e com a contemporização liderada por Paulo Carneiro, Mário Celso Petraglia afastou o primeiro, negociou o segundo e demitiu o último. Simplesmente se desfez, em apenas um dia, de dois dos principais jogadores do time e do dirigente que ele mesmo contratou para ser o elo entre os cartolas e o futebol.

Ao que se sabe, Sallim foi contrário pelo menos à saída de Walter. Sua opinião não serviu, pois Petraglia decidiu – e quando ele decide, nenhuma opinião vale se não for a “sim, senhor”. O incrível é que tudo isso acontece com o Atlético em sétimo lugar, perto do G4, fazendo uma ótima campanha no Brasileirão. O “trator” do cartola minou o ambiente do clube, irritou Paulo Autuori (que imaginava estar num clube em que diretores não tinham ataques de raiva) e deixou dúvidas quanto à luta pela Libertadores.

Em 2001, Marcus Coelho era o presidente do Atlético. Petraglia era o diretor de marketing, mas queria mandar. Foi contrário à contratação de Souza, e disse que estava decidido. Mas Coelho lembrou de um detalhe – era ele o presidente, era dele a palavra final. Souza foi contratado e o Furacão teve nele uma peça fundamental para o título brasileiro. Petraglia tirou Marcus Coelho do clube quando teve oportunidade. Mas o presidente campeão marcou terreno.

Conversando com o ótimo jornalista Fernando Freire, ele disse uma frase perfeita para o momento do Atlético. “A gestão do Sallim terminou oito meses depois de começar”, afirmou. Depois do que aconteceu esta semana, a sensação que temos é que Luiz Sallim Emed preside, mas é Mário Celso Petraglia quem manda. É isso mesmo, presidente?