Tom mais baixo

Petraglia muda o discurso e não promete mais o título mundial ao Atlético

Foto: Marcelo Andrade

Que o Atlético e seus dirigentes sempre pensam grande não é novidade. Principalmente o atual presidente do Conselho Deliberativo do clube, Mario Celso Petraglia. No entanto, o cartola rubro-negro parece ter recuado um pouco nas suas pretensões. Na última quarta-feira, durante a apresentação do técnico Eduardo Baptista, Petraglia voltou a falar dos projetos do Atlético e reforçou a reestruturação do clube, que vem desde 1995, quando ele iniciou sua primeira passagem, até 2008, mas mudou o discurso em relação ao futuro.

Entre as ambições atleticanas está o Mundial de Clubes. Desde que voltou ao Furacão, em dezembro de 2011, Petraglia vem falando de um projeto para que o tão sonhado troféu seja conquistado. Porém, ao invés de cravar que até 2024, ano do centenário, o título seja alcançado, o dirigente falou apenas em dar condições para que isso possa se realizar.

“Da mesma forma que em 1995 nós dissemos que daríamos condições e faríamos um projeto para que o Atlético fosse campeão brasileiro, o projeto que estamos fazendo e prometendo, pós-Copa do Mundo, é dar condições de que possamos pensar em sermos campeões mundiais até 2024, até o nosso centenário. Eu jamais prometi, e quero deixar muito claro que não garanti que seremos campeões. Daremos condições ao projeto para que tenhamos a infraestrutura para caminharmos e sermos avaliados como possíveis campeões do mundo”, afirmou ele.

Promessa de campanha?

Só que o discurso não foi bem assim. Em novembro de 2015, durante a campanha eleitoral do Atlético, Petraglia, então presidente do Rubro-Negro, ressaltou que poderiam até cobrá-lo que até 2024 o clube teria a tão esperada estrela no peito da camisa.

“Nós queremos é continuar crescendo, cada vez mais forte, e chegarmos naquilo que nós almejamos. Que foi uma promessa nossa, e tenho certeza que vamos cumprir, que em 10 anos, até o nosso centenário, nós botaremos a nossa estrela no peito de campeão do mundo. Podem me cobrar”, disparou ele, na ocasião. Uma promessa que já havia sido modificada. Na campanha para as eleições do final de 2011, Petraglia havia falado no título mundial em 10 anos, ou seja, para 2022.

Se foi promessa de campanha ou não, o certo é que ele diminuiu o tom e para amenizar a situação ressaltou que é impossível prometer qualquer título em qualquer circunstância.

“Eu sempre brinco que o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil e outras competições são iguais Carnaval, vestibular, Natal, tem todos os anos. E você fazer um projeto para dizer que vai ser campeão disso ou daquilo é leviano, é muito risco. É só fazer a conta ao contrário. Temos 47 campeonatos brasileiros disputados desde 1971, quem menos perdeu, perdeu 41. Para verem como não é fácil ganhar um Campeonato Brasileiro e montar um projeto para ganhá-lo com certeza, com segurança. Não da nossa parte vocês ouviram isso ou ouvirão”, acrescentou, reafirmando que para alcançar os objetivos é preciso confiar no projeto que vem sendo realizado internamente, independentemente de conquistas no campo.

“O projeto que o Atlético propôs é muito mais amplo e profundo do que possa parecer a vitória de um campeonato. O clube logo fará 100 anos e estamos deixando um legado para mais 50, 100 anos, dentro desta estrutura que estamos criando. Tudo na vida é referencial e o que os outros clubes fizeram nestes 20 anos? O Atlético sempre privilegiou e nunca saímos do foco, que é a instituição”, completou Petraglia.

Confira a tabela do Campeonato Brasileiro!

Exemplo do passado

De qualquer forma, o presidente atleticano lembrou que sempre cumpriu as expectativas e que muito antes do seu retorno ao menos a Libertadores já poderia ter sido conquistada, se não fosse a “máfia do futebol”.

“Quando chegamos aqui, em 1995, disse que faríamos um projeto para dar condições ao clube de sermos campeões brasileiros em dez anos. E demos as condições. Em quatro anos tinhamos um centro de treinamento e um estádio. E isso possibilitou que ganhássemos o Campeonato Brasileiro e quase ganhamos um bicampeonato. E quase ganhamos a Libertadores, se não fosse, o que hoje está claro, a máfia do futebol sul-americano, e as pessoas agora estão aí respondendo os processos tardios, mas merecidos”, finalizou o dirigente.