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Em “palestra show”, Mário Celso Petraglia fala de tudo, até do Atlético

Mário Celso Petraglia fala, o presidente de fato do Atlético, Luiz Sallim Emed, ouve. Foto: Daniel Castellano

 

Quando fala, Mário Celso Petraglia não trata apenas do que está no seu radar, que é o Atlético. Na verdade, o radar do presidente do Conselho Deliberativo está de olho em tudo, e se for perguntado, vai falar de tudo. Com uma plateia toda a seu favor, na reunião da AssoCAP (grupo de sócios ligados à diretoria), ele apresentou o caminho que imagina para o clube, falou sobre seus planos para a Arena, tratou de mídia – assunto que lhe interessa hoje tanto ou mais que o próprio Furacão e deu palpite até para o Coritiba. Falando nisso, ele deixou claro que alugará a Arena da Baixada ao rival se esse for o caso. Em palestras como a que deu na terça-feira (21), o cartola deixa claro que é ele quem manda no clube, e em sua mente o destino rubro-negro passa pelo que ele decidir.

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O estádio Joaquim Américo é, para Petraglia, um ponto crucial no projeto de crescimento e internacionalização do Atlético. Não à toa surgiu a nova denominação da Baixada, como Estádio Atlético Paranaense. O plano do dirigente é, além de tornar a Arena sustentável, confirmá-la como um dos principais locais de megaeventos do País. O UFC e os shows de Andrea Bocelli e Rod Stewart renderam bem e chamaram a atenção para Curitiba e para a Arena. “Ganhamos muito mais do que vocês pensam e muito menos que gostaríamos. Mas tem o valor intangível, como o estudo da Universidade Federal que diz que trouxe R$ 54 milhões de receita para a cidade”, disse o cartola, falando sobre o UFC.

Por isso, o plano é que a Baixada receba pelo menos um evento de MMA por ano. “Queremos participar dos eventos, estamos trabalhando para um outro grupo de lutas marciais para que façam eventos aqui. Usaríamos todos os anos, janeiro e fevereiro, para que não atrapalhasse o nosso calendário”, comentou Petraglia no encontro com os sócios. Ele também afirmou que uma segunda edição do UFC depende de um card que chame a atenção de forma que o estádio lote, como foi o UFC 198, que aconteceu no ano passado.

A realização de grandes eventos na Arena da Baixada também depende da manutenção do gramado artificial. Por enquanto, Petraglia ainda reclama da decisão do Conselho Técnico da CBF, que proibiu jogos em grama sintética a partir do Brasileirão do ano que vem. Mas o dirigente está confiante que a posição dos clubes vai mudar. “Vocês sabem de onde surgiu, o absurdo que é, esqueçam isso. Não vamos entrar na discussão. Não seríamos levianos de fazer um projeto desse, investir o que investimos, se fosse para tirar”, afirmou. A proposta partiu do presidente do Vasco, Eurico Miranda, há muito tempo um desafeto do cartola rubro-negro. Para convencer os clubes, Petraglia conta com o presidente de fato do Atlético, Luiz Sallim Emed, que fará o papel diplomático.

E se for para gerar renda com a Baixada, vale até emprestar o estádio para o Coritiba. “Não vejo problema em eles jogarem aqui, pagando bem, que mal tem. Precisamos de recurso para fazer um time campeão de mundo. Não importa os meios, o importante é o dinheiro entrar”, disse Petraglia, que aproveitou a conversa com os sócios para manifestar sua dúvida em relação à reconstrução do Couto Pereira. “Acho muito difícil eles construírem um estádio novo, tenho dito isso a eles”, resumiu. Isto deixa clara a influência do dirigente atleticano junto à diretoria coxa – fator que gera fortíssima resistência ao presidente alviverde Rogério Portugal Bacellar.

Mídia

Mário Celso Petraglia está animado com a repercussão do “Atletiba do YouTube”, que alavancou o crescimento das redes sociais do Atlético em fevereiro. Por isso, ele está liderando o processo de criação de um canal próprio (sem uso de equipe terceirizada) para produção de conteúdo. “Tivemos no Atletiba a experiência via web, Youtube, Facebook, vamos continuar nessa caminhada. Vamos criar o CAP Play, televisão do Atlético, com todo conteúdo que não seja partida. Outros conteúdos, que não trombem com o sistema e outros compromissos até 2024”, comentou o presidente do Conselho Deliberativo.

Os “compromissos” são os contratos de direitos de transmissão das competições. Por exemplo, o Campeonato Paranaense está fechado até 2019, a Copa do Brasil até 2022 e no Brasileiro até 2018. Por isso Petraglia fala em “todo conteúdo que não seja partida”. Para completar a explicação sobre a frase acima, o ano de 2024 é o ano final do acerto que Atlético, Coritiba, Palmeiras, Santos e Bahia estão fazendo com o Grupo Globo para a transmissão do Campeonato Brasileiro. Mesmo sem confirmar o acerto, o dirigente deixou claro que a negociação está avançada. “A partir de 2019, devemos dobrar o valor que recebemos em 2018”, afirmou.

O G5, como Petraglia define, decidiu se unir para ter contratos melhores de TV aberta e de pay-per-view – isto porque em TV fechada os cinco clubes estão já acertados com o Esporte Interativo. “Há uma grande injustiça no pay-per-view. O Atlético não se conforma com isso e temos certeza de que vamos melhorar muito”, garantiu o cartola, que aproveitou para ressaltar que a relação com o Coritiba está indo bem, obrigado. “Claro que há divergências, como a questão dos 10% de ingresso para visitante no último Atletiba. Eles cuidam dos problemas deles e a gente cuida da nossa. Mas a parceria esta ótima, quando são interesses comuns, a gente está junto. Juntos temos infinitamente mais forças do que separados”, disse.

Furacão

Enfim chegando ao futebol e as situações diretamente ligadas ao dia-a-dia do Atlético, Mário Celso Petraglia não esconde as suas decepções. “Imaginávamos que teríamos 40 mil sócios e não conseguimos passar de 22, 23 mil. Tínhamos um preço quando acabamos o estádio, já abaixamos o valor, já revimos, mas esse quesito não sei se conseguiremos. Temos 100 mil CPFs diferentes que já foram sócios, é um entra e sai”, comentou o presidente do Conselho Deliberativo.

Mesmo assim, o projeto de ser campeão mundial em dez anos persiste. Com uma adaptação conveniente – do início da sua antiga gestão, em 2012, para o início da gestão de Luiz Sallim Emed. “Nós estamos no terceiro ano dessa contagem: 2015, 16 e agora 17. Até o nosso centenário (em 2024), se o Atlético continuar com esse projeto, essa evolução, não tenho nenhuma dúvida de que seremos campeões do mundo. Com certeza vamos ganhar Brasileiro, Copa do Brasil. Temos condições de ganhar Libertadores. Nosso projeto é um clube com potencial para ganhar os títulos que disputa”, afirmou Petraglia.

E se isso acontecer, ele até sugere uma homenagem surpreendente, quando foi perguntado sobre a volta da caveira da torcida Os Fanáticos na Arena da Baixada. “Quem sabe quando eu morrer, eu virar uma caveira, se quiserem usar…”.

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