Querem mudar quase tudo!

Convocação de assembleia engrossa oposição à diretoria do Atlético

João Alfredo Costa Filho e Henrique Gaede, os articuladores da convocação da Assembleia Geral. Foto: Marcelo Andrade

A reação ao empréstimo da Arena da Baixada para o Paraná Clube não parou. Depois de torcedores do Atlético reclamarem nas redes sociais, e obrigarem o presidente “afastado” do Conselho Deliberativo, Mário Celso Petraglia, a fazer via WhatsApp uma defesa do negócio com o Tricolor e do projeto rubro-negro, a oposição se rearticulou e está coletando assinaturas para a realização de uma Assembleia Geral no clube.

O interesse dos oposicionistas são amplos. Eles querem discutir desde a mudança no plano de sócios até a mudança da cor das cadeiras da Arena da Baixada, passando pela liberação das torcidas organizadas, a proibição de aluguel do estádio em períodos conflitantes com joogos do Furacão, a adequação da biometria e até a revisão da expulsão do ex-presidente Marcos Malucelli (leia o texto abaixo).

Os articuladores do plano são os líderes da chapa Atlético de Novo, que foi derrotada na última eleição, realizada em 2015 – e também ex-candidatos de outros pleitos. Estão na primeira lista de assinaturas Henrique Gaede (candidato ao Conselho Deliberativo em 2015), João Alfredo Costa Filho (candidato à presidente na mesma eleição) e Diogo Fadel Braz (candidato à presidência em 2011).

O grupo é reforçado com três ex-aliados de Petraglia. O empresário Nadim Andraus, dono do clube de mesmo nome, formou parceria com o Atlético por longo tempo, e teve influência no departamento de futebol. Edilson Thiele liderou o departamento médico do Furacão por mais de uma década, e foi responsável pela transformação do setor em referência nacional. E o nome mais importante é o do ex-presidente Marcus Coelho, que comandou o clube na conquista do título brasileiro de 2001.

A Assembleia Geral está prevista no estatuto do Atlético. Para ser convocada sem a necessidade de autorização do presidente do Conselho Deliberativo, tem que ser endossada por dois terços do “conselhão” ou por um quinto dos sócios com direito a participar da assembleia. Pelas contas da oposição, serão necessárias cerca de três mil assinaturas para que seja feita a convocação.

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Mas não são todos os sócios que podem participar da assembleia ou ter suas assinaturas validadas no manifesto. Segundo o estatuto do Atlético, apenas os “adimplentes com o pagamento da taxa de manutenção e demais obrigações financeiras perante o Clube, e com mais de três anos de vida associativa ininterrupta” estão aptos a participar deste processo.

Rompimento

Um dos locais onde os sócios podem assinar o manifesto da oposição é a sede da torcida organizada Os Fanáticos. Assim, se concretiza o rompimento entre a facção e o grupo que comanda o Atlético e é liderado por Mário Celso Petraglia. A participação da organizada foi decisiva na eleição de Luiz Sallim Emed em 2015 – justamente derrotando o grupo que lidera o plano de convocação da Assembleia Geral.

Naquele ano, a aliança entre Petraglia e Os Fanáticos contou inclusive com a promessa de ampliar e manter o preço da mensalidade dos sócios do Setor FAN. Foi para este setor, que fica a torcida organizada, que a diretoria rubro-negra definiu recentemente um reajuste de 50% nas mensalidades, o que gerou protestos dos torcedores.

O ex-presidente Marcus Coelho está entre os primeiros signatários do manifesto. Foto: Reprodução/Facebook
O ex-presidente Marcus Coelho está entre os primeiros signatários do manifesto. Foto: Reprodução/Facebook

Leia o texto do grupo Atlético de Novo:

Chegou uma nova chance para você fazer a diferença. O processo eleitoral de 2015 demonstrou a força da torcida do Atlético Paranaense. Foram meses e meses de preparação e debates visando a construção de alternativas para o cenário já conhecido da imutável (e fracassada) fórmula administrativa. Independentemente do resultado, tornou-se público o descontentamento de milhares de sócios atleticanos, representantes da torcida, com a sistemática implementada pelo Clube.

Em outras palavras, o resultado das eleições evidenciou a existência de um Clube fragmentado. Se a atual direção conseguiu reunir sócios suficientes para se manter na instituição, viu quase metade de seus contribuintes desagradados. Isso tudo sem falar no desagrado da esmagadora maioria dos atleticanos, aqueles que não possuem direito a voto e que se sentem cada vez mais excluídos pela política enraizada no Clube.

As medidas de desprestígio e desestímulo cada vez mais recorrentemente adotadas são a marca registrada dessa gestão. O desrespeito pelo torcedor é incompreensível! E o já conhecido descaso com o futebol, atividade que deveria ser o fim último do Atlético Paranaense, revela-se cada vez mais evidente. A falta de entusiasmo que as irresponsáveis medidas da direção geram na torcida e os prejuízos daí decorrentes para o próprio Clube são inadmissíveis. Há circunstâncias que precisam ser imediatamente revistas, para o bem do Atlético que todos nós conhecemos.

Diante de todos esses fatores, da ausência de perspectiva de qualquer mudança, e da permanente obscuridade na condução dos trabalhos por essa gestão, o Movimento Atlético de Novo resolveu dar início ao processo de convocação de uma Assembleia Geral de Sócios, alternativa prevista no Estatuto do Clube Atlético Paranaense (art. 44, inc. III).

Com esteio no art. 46, ‘c’, do referido regramento, pretende-se a convocação do quadro associativo para deliberar a respeito da seguinte pauta: adoção de planos de sócios e ingressos populares; impedimento definitivo da realização de qualquer evento no Estádio Joaquim Américo em data que conflite com jogos em que o Atlético Paranaense figure como mandante; realização de adequação do Estádio para as cores do clube de todas as formas possíveis, incluindo cadeiras e toda sua estrutura; adequação da biometria permitindo que os sócios possam dispor livremente de seus assentos, afastando-se toda e qualquer limitação; liberação de todos os adereços e instrumentos das torcidas organizadas (bandeiras, faixas e bateria); análise da atuação equivocada da Câmera de Ética do Clube; e apresentação em até 10 dias da real situação das contas pós Copa do Mundo.

Para convocarmos a Assembleia Geral de Sócios, precisamos de, aproximadamente, 3.000 assinaturas de sócios. Contamos com vocês, torcedores atleticanos. O Atlético Paranaense precisa voltar para os braços de sua torcida. O Atlético precisa voltar a ser Atlético. De Novo. Isso está em suas mãos.