Uberaba

Rio de esgoto

Escrito por Luisa Nucada

Quando o céu ameaça armar chuva, a funcionária pública Andressa Slomuszynski, 34 anos, já sabe que um rio de dejetos vai escoar pelo seu quintal. Canos da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) que coletam o esgoto da vizinhança passam por baixo de seu terreno, que fica na Rua Henrique Melh, no Uberaba. Um dos dutos, que tem uma saída perto da piscina da casa, “vomita” os detritos sempre que chove forte.

Segundo ela, ver o esgoto passar pela propriedade, em meios às plantas, ainda é uma melhor alternativa do que ter a sujeira voltando pela pia do banheiro. “Antes, o refluxo acontecia no banheiro da edícula e o chão ficava todo coberto de fezes. Aí meu marido descobriu que se tirássemos uma peça de concreto que ficava em cima da boca do cano, o esgoto saía por ali e escorria pelo quintal”, descreve.

Foto: Giuliano Gomes
Andressa diz que Sanepar já mandou uma equipe terceirizada, mas nunca veio uma solução definitiva. Foto: Giuliano Gomes

Mas o incômodo é grande, já que há uma pequena gruta com uma mina de água natural no terreno, que Andressa teme que seja contaminada. “Além disso, quando está seco, o mau cheiro é insuportável”, diz. Há cerca de 15 anos, conta ela, a Sanepar fez um estudo e determinou que a propriedade deveria ser usada como “passagem e serventia” para os canos, ou seja, que as tubulações deveriam passar pela área do imóvel. “Recebemos uma indenização irrisória, perdemos uma parte do terreno, já que não podemos construir em cima de onde tem cano e ainda ganhamos esse problema do refluxo, que já dura 10 anos”, queixa-se.

Ela e o marido já procuraram a Sanepar diversas vezes. “Uma vez mandaram uma equipe terceirizada para limpar o banheiro da edícula, teve outras duas vezes que limpei sozinha. Já disseram que iam mandar equipe técnica, mas nunca veio uma solução definitiva. É muito desagradável ter esgoto passando pelo seu quintal, tenho medo de doenças.”

Ligações irregulares

Foto: Giuliano Gomes
Foto: Giuliano Gomes

A Sanepar informou que uma equipe esteve no local e conversou com o pai de Andressa. “Foi constatado que o problema acontece somente quando chove. A rede coletora de esgoto estava operando normalmente hoje [sexta-feira, 11]”, afirmou o órgão. “É provável que alguns imóveis tenham ligado irregularmente as calhas e ralos na rede de esgoto, causando uma sobrecarga nos dias de chuva.”

Vistorias técnicas operacionais serão feitas nos imóveis da região para verificar a situação de cada um, prometeu a Sanepar. Os que estiverem em situação irregular serão notificados. Em um prazo de 30 dias o cliente deve regularizar a situação. Caso não o faça, as providências ficam a cargo da prefeitura, que pode aplicar multa.

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Luisa Nucada

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