Tatuquara

Deseducação

Escrito por Magaléa Mazziotti

A pátria educadora parece lenda para qualquer desavisado que se depara com o estado da construção onde funciona o Colégio Estadual Beatriz Faria Ansay, no Tatuquara. Há décadas, a instituição é responsável pela educação de 1,2 mil estudantes da 6º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, distribuídos em três turnos. Apesar da importância dela para o futuro de várias gerações, o ambiente de aprendizado é danificado por pichações e vidros quebrados, o que faz a chuva entrar nas salas de aula.

Quem procura focar no estudo e não se abalar com o estado de abandono da instituição, ainda tem a força de vontade testada diariamente em função da insegurança que ronda toda a comunidade escolar. Funcionários e alunos, que preferem não ser identificados devido ao medo, contam que vários equipamentos eletrônicos, como TVs e computadores, já foram roubados nos arrombamentos que costumam acontecer aos domingos. No dia a dia, celulares lideram a lista das preferências dos bandidos, que ameaçam alunos ao redor da escola.

Mas o que torna todo esse contexto ainda mais revoltante é o problema flagrado pela Tribuna perto da entrada da escola. Um aluno veio acompanhado da responsável para conversar com a direção da escola sobre o roubo, o quinto desse ano, do caderno de anotação das disciplinas. “Estou sem o conteúdo para fazer as últimas provas do ano”, afirmou. A vítima e a pessoa que o acompanhava na difícil missão de encontrar uma solução para o problema, segundo uma funcionária, são exceção do ponto de vista do interesse pela função essencial da escola, o aprendizado. “Estou há mais de 20 anos lecionando e não vejo futuro. A maioria dos pais trata o colégio como um depósito de filho, não quer se envolver, apenas busca garantir o Bolsa Família. E os filhos refletem o descaso dos pais com a educação, pois acredito que 80% dos estudantes vêm aqui para fazer baderna”, desabafou a funcionária.

Promessa de providência

Comunidade escolar não se sente segura no ambiente do colégio. Foto: Felipe Rosa.
Comunidade escolar não se sente segura no ambiente do colégio. Foto: Felipe Rosa.

Em nota, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) limitou-se a declarar que busca promover ações pedagógicas para que a comunidade escolar compreenda que a escola é um bem público. No caso do Colégio Estadual Beatriz Ansay, essas ações serão reforçadas para evitar os casos de depredação do patrimônio público. Outra medida será o reforço da parceria com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária para garantir a tranquilidade das aulas, a seguridade da escola e o bem-estar da comunidade.

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Magaléa Mazziotti

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