Curitiba

Afogados!

Obras tomam conta da Linha Verde Norte e congestionamentos são cada vez mais frequentes

Quem tem pressa, mas precisa passar pela Linha Verde Norte, já sabe que não tem mantra e nem reza brava. O jeito é escolher outro caminho ou se conformar com a lentidão, principalmente no trecho de 3,4 quilômetros que se estende do Viaduto do Tarumã até o Conjunto Solar, no Bacacheri. Desde novembro de 2015, quando tiveram início as obras de alargamento das pistas, os cones, faixas, placas e desvios fazem parte do cenário da rodovia, e ao que tudo indica, ainda farão por um bom tempo.

Foto: Felipe Rosa.
Foto: Felipe Rosa.

A previsão de término da obra é para o segundo semestre do ano que vem, e com a faixa central totalmente interditada, a única forma de circular por ali é pelas marginais. Por si só, essa interrupção já trouxe dor de cabeça para o motorista, mas sempre dá pra piorar. A implantação de um novo semáforo ­- na altura da trincheira que liga Bairro Alto e Bacacheri – tem provocado ainda mais lentidão no trecho. Quem trafega desavisado, ou ainda não sabe da “novidade”, só entende o motivo do congestionamento quando vê o sinaleiro. É o caso do veterinário Marco Antônio, 27, que imaginou que o trânsito estivesse parado por outro motivo. “Pensei que a pista tivesse sido interrompida por algum acidente, ou que tivesse dado alguma batida lá na frente”, afirma.

As maiores críticas ao semáforo vêm justamente pelo fato de ter sido instalado num ponto que antes, era estratégico. Bem em frente ao Hospital Vita, e na altura da trincheira que faz a ligação dos bairros, a esquina era utilizada como via de retorno da pista sentido norte para a pista sentido sul. Com a interdição do cruzamento e a instalação do sinaleiro, o tráfego ficou ainda mais afogado. O vendedor, Lázaro Amâncio, 62, é obrigado a passar pela Linha Verde para chegar ao trabalho. Ele afirma que desde a instalação da nova sinalização, o tempo que fica parado no congestionamento dobrou. “A coisa piorou, e muito. Antes tinha trânsito, mas, devagar, ia. Agora o fluxo é interrompido o tempo inteiro”, reclama.

Foto: Felipe Rosa.
Foto: Felipe Rosa.

A justificativa da prefeitura para a instalação do sinaleiro neste ponto específico é a demanda dos pedestres que circulam na região. De acordo com a administração municipal, o semáforo foi colocado para dar mais segurança para quem precisa cruzar a rodovia. Para facilitar o tráfego, a prefeitura informou, por meio de nota, que agentes da Setran têm auxiliado nas questões de desvios e programação semafórica específica de obras no trecho.

Só paliativo!

Na mesma quadra que fica o semáforo, outro transtorno: as escavações na Rua Amazonas de Souza Azevedo (Bacacheri) e na Rua Fulvio José Alice (Bairro Alto), para a construção do novo viaduto entre os bairros, que junto com o que já foi construído – na Rua Gustavo Ratmann – fará parte de um binário a interligar as margens da rodovia. O investimento na nova trincheira é de R$ 27 milhões e a previsão de término da obra é o segundo semestre de 2018.

A promessa da prefeitura é que a partir da entrega do segundo viaduto, o problema do trânsito na Linha Verde seja solucionado neste ponto. Porém, de acordo com o especialista em trânsito e mobilidade urbana, e também professor dos cursos de Engenharia da Universidade Positivo (UP), Glavio Leal Paura, a construção de mais uma trincheira não representa a solução do problema. De acordo com ele, a medida é paliativa, servindo apenas para minimizar o tráfego. ‘Quando a Linha Verde foi concebida, o projeto era realmente promissor, porém, quando implantada – quase dez anos depois – não mais. O trânsito, assim como as cidades, é dinâmico. Soluções para hoje não servem para daqui a 20 anos, ou seja, a Linha Verde precisa ser replanejada. Outro viaduto seria uma maneira de minimizar, e não resolver o problema de mobilidade na região‘, finaliza.

O que já está pronto?

De acordo com a prefeitura, pouco mais da metade das obras entre Bairro Alto e Bacacheri estão concluídas. Em nota, a administração municipal informa que 60% do projeto total já está feito e que as partes de drenagem e terraplanagem estão praticamente prontas. No que diz respeito à pavimentação no trecho, a prefeitura diz que mais de 80% já foi terminado, e sobre o novo viaduto, 37% da execução do projeto já foi concluída.

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