Curitiba

Praia do curitibano

Escrito por Lucas Sarzi

As pessoas estão aproveitando o calor que faz em Curitiba nestes últimos dias para caminhar nos parques e se refrescar com opções bem naturais: água de coco, caldo de cana e água gelada. Na capital, nesta quarta-feira (28), os termômetros chegaram aos 30º C e, no Parque Barigui, muita gente resolveu caminhar para sentir o vento e tentar fugir da sensação de abafamento.

“Não esperávamos um calor tão forte assim e, diferente de onde a gente mora, aqui faz um calor úmido, dá a sensação de que estamos suando muito mais”, contou Cristiane Busato Smith, de 56 anos. A mulher, que trabalha como pesquisadora e mora no Arizona, nos Estados Unidos, está acostumada com o calor e altas temperaturas, mas disse que Curitiba não está preparada para isso.

Foto: Felipe Rosa
Cristiane: dá sensação que estamos suando muito mais. Foto: Felipe Rosa

Segundo mãe e filha, que estão há poucos dias passando o período de festas de final de ano em Curitiba, a capital peca na estrutura para aguentar o calor. “Como não é sempre que faz tanto calor, não é em todo lugar que tem ar condicionado, por exemplo. Todos fomos pegos de surpresa, ninguém esperava que o tempo mudaria tão rápido assim”, disse Maria Luiza Busato Hoffman, 26.

Elas passeavam junto com Maria Carolina Busato Amaral, de 21, que mora em Curitiba e estava assustada com a temperatura. “Até dia 18 estava um frio danado”. A forma que Cristiane e as filhas, acharam para hidratar e fugir um pouco do sol foi tomando uma água de coco. “Pelo menos aqui é fresquinha. Lá, (nos EUA) não temos direto do coco”, brincou Cristiane.

Congelando a água

Foto: Felipe Rosa
Tatiana congela a água da garrafa para suportar o calor. Foto: Felipe Rosa

Outra família, que veio de Sorocaba, em São Paulo (SP), foi um pouco mais além. “Só congelando a água e mantendo um estoque, porque se não, ninguém aguenta”, comentou Tatiana Loberto Costa de Almeida, 43 anos. Além da garrafa de dois litros com gelo, que mantinham bem perto, a família carregava outras três garrafinhas menores, todas congeladas. “E tem mais dentro do carro, na caixa de isopor”.

Tatiana contou que chegou em Curitiba enquanto ainda estava frio. “De uma hora pra outra, esquentou. Essa semana está sendo um presente pra gente”. A mulher, que estava com os três filhos e o marido, também reclamou da falta de estrutura que na opinião dela, se comparado com SP, perde. “Nos parques de lá a gente tem água gelada nos bebedouros. Aqui a água é na temperatura natural, da torneira. Às vezes sai quente. Mas tudo bem, tá tudo ótimo, o parque é lindo”, comentou.

Cidade vazia, parques cheios

Djalma leva a filha ao parque para curtir o dia ensolarado. Foto: Felipe Rosa
Djalma leva a filha ao parque para curtir o dia ensolarado. Foto: Felipe Rosa

Para os frequentadores assíduos do Parque Barigui, como Djalma Lobo Jr., o movimento está grande nestes dias mais quentes. “Ainda mais agora, com o período de férias do pessoal, né? Tá até bonito ver. Muita gente aproveitando o que Curitiba tem de melhor”.

O homem, que estava com a filha, Clara Lobo, de 8 anos, disse que desde a chegada da garota, que é de São Paulo, eles foram ao parque todos os dias. “Ela me perguntou se aqui faz tanto calor assim. Falei pra ela que esquenta cinco dias por ano, então temos que aproveitar”, brincou.

Com o sol brilhando por mais tempo, muita gente tem aproveitado nos horários em que antes o parque já estava vazio. “Viemos às 21h, porque em casa não dava pra ficar de tanto calor, e o parque estava cheio. Muita família, algumas pessoas conhecendo, outras aproveitando depois do trabalho, enfim, muito legal poder estar no parque nesse horário e com um tempo tão gostoso”, contou Tatiana Almeida.

“Só se for trincando”

Foto: Felipe Rosa
Rosildo vende caldo de cana no Parque Barigui e disse que as vendas aumentaram em comparação com a semana passada. Foto: Felipe Rosa

A saída de, praticamente, todos os entrevistados e de quem estava no Barigui enquanto a reportagem da Tribuna também esteve, foram os produtos naturais. “As vendas aumentaram e muito em comparação com a semana passada”, explicou Rosildo Monteiro Dantas.

O homem, que tem 43 anos, há 27 vende caldo de cana no Parque Barigui. Ele trabalha junto com o irmão, que vende água de coco. “Com esse calor, não aumentou só a venda de água de coco e caldo de cana, mas também a procura por gelo. As pessoas querem se refrescar, mas tem que ser trincando de gelado”, brincou.

Entre um copo e outro, Rosildo contou que, nestes últimos dias, de muito calor, tem trabalhado quase mais de 12 horas. “Chego por volta das 8h30 e volto pra casa entre 21 e 21h30. Enquanto tem gente, estamos aqui. O movimento está bom e a gente tem que aproveitar, porque semana que vem todo mundo desce pra praia e aí a gente tem que se virar nos 30”.

Sol continua

Foto: Felipe Rosa
Foto: Felipe Rosa

Nesta quarta-feira, como já era previsto, a chuva atingiu Curitiba, região metropolitana e outras partes do Paraná. Apesar disso, o calor continuou e deve seguir pelo menos até o final de semana. A sensação de abafamento também se mantém e, nesta quinta-feira (29), as temperaturas máximas ficam um pouco mais baixas em comparação com o começo da semana.

A previsão, de acordo com o Simepar, é de que os termômetros marquem até 28º C em Curitiba e 32º C nas praias. Conforme o instituto haverá maior presença de nuvens ao longo do dia, mas ainda sem previsão para de frio. As pancadas de chuva devem ser intensas, mas isoladas e em várias partes do dia.

Alerta de afogamentos

Apesar de não ter nenhum registro de afogamento este ano, o Corpo de Bombeiros alerta para que as pessoas evitem as cavas na região Curitiba. Já nas praias, em apenas três dias, foram feitos 32 atendimentos de resgates aquáticos e afogamentos. Destas situações, duas pessoas acabaram morrendo. “Um foi mal súbito, na areia de Matinhos (que não entra na estatística de morte por afogamento) e outra de afogamento em Guaratuba (esta registrada). O litoral está preparado para dar atendimento ao banhista durante todo o verão, mas é preciso cuidado”, alertou a tenente Turra.

Sobre o autor

Lucas Sarzi

Jornalista formado pelo UniBrasil e que, além de contar boas histórias, não tem preconceito: se atreve a escrever sobre praticamente todos os assuntos.

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