Curitiba São José dos Pinhais

Após mais de cinco anos, obras da Copa seguem inacabadas na Grande Curitiba

Escrito por Lucas Sarzi

População espera há anos pelo fim das obras da Copa de 2014, em Curitiba e em São José dos Pinhais

Merecia até um bolo de aniversário, isso se fosse realmente motivo para comemoração, já que é algo que tem incomodado moradores há quase cinco anos. Estamos falando, mais uma vez, das obras que ligam Curitiba a São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e que estavam previstas para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, mas que não foram concluídas nem para a Copa do Mundo de 2018, que aconteceu na Rússia.

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A questão principal é que falta muito pouco para que tudo seja concluído, mas já faz tanto tempo que os moradores até desistiram de esperar. O trecho em obras, que começa ainda nos bairros Boqueirão e Uberaba, em Curitiba, no limite com a RMC, afeta e muito o trânsito e tem deixado a população revoltada em ver tamanho descaso.

“O trecho da Avenida Salgado Filho continua parado, assim como as promessas. O status da obra continua no cronograma como ‘P’, só não sabemos de é P de pendente ou de promessa”, desabafou um morador, que pediu para não ser identificado por conhecer pessoas ligadas a uma das prefeituras envolvidas nas obras.

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Segundo ele, o trecho final das mudanças, que passa ali próximo ao Parque São José, atrapalha principalmente os motoristas. “Foi colocada placa de sinalização, mas se esse trecho já tivesse sido concluído, facilitaria e muito a vida de quem precisa ir e voltar na Avenida das Torres. Acontece é que por aqui é só promessa”, completou o morador.

Depois de muito esperar que as obras terminassem, a população começou a acompanhar de perto o que tem sido feito. “Mas na verdade, não tem sido feito nada. Me lembro que no ano passado foi aberta uma nova licitação e a empresa que ganhou até colocou uma placa de que finalizaria a obra e que era uma missão, mas isso também não aconteceu porque parece que não recebeu o que precisava. O que chegou pra gente é que falta menos de R$ 60 mil para terminarem. Às vezes dá vontade de reunir a população e fazermos uma vaquinha para pagarmos e acabarmos com o problema de tanta gente”.

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A falta de finalização tem feito, inclusive, que alguns motoristas se arrisquem e entrem onde não é permitido. Enquanto a reportagem da Tribuna estava no trecho fazendo registros, pelo menos dois motociclistas foram flagrados trafegando por uma das partes bloqueadas.

Não para por aí!

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

O problema é ainda maior, se pensar que o trecho da Avenida Salgado Filho é só o final (ou o começo, dependendo do ponto de vista) do elefante branco que as duas prefeituras, de São José dos Pinhais e de Curitiba, ganharam. Isso porque mais a frente, já na RMC, duas obras ainda continuam paradas: a trincheira da Rua Arapongas e a conclusão das obras do acesso ao aeroporto Afonso Pena.

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Para que a trincheira fosse feita, foi preciso desapropriar parte do terreno da Paróquia São Cristóvão, que fica na Rua Arapongas, e também de um restaurante, que teve que sair do local. Segundo o padre Carlos, a obra da trincheira se tornou um grande empecilho. “Nós estamos aqui amarrados, tiraram um pedaço da igreja. Estamos literalmente ‘entrincheirados’, porque isso aqui não vai nem para frente e nem para trás, estragaram a entrada do bairro e só nos trouxeram dor de cabeça”.

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

O padre comentou que a igreja vai ter que ser reconstruída, mas que para isso está esperando a obra ser finalizada. Além disso, mesmo com a reconstrução da igreja, não vai ser a mesma coisa. “Porque não vamos ter uma parte da frente da igreja, pois não podemos deixar na Avenida das Torres e também não dá para o acesso ser pela Rua Arapongas. Se pelo menos a trincheira estivesse funcionando, mas nem isso, a obra é cheia de falhas e até infiltração na trincheira já percebemos que existe”.

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Conhecendo a população do entorno, o padre comentou que é perceptível a revolta dos moradores. “Porque essas obras prejudicaram uma comunidade toda, não só a igreja. Em frente tínhamos duas cantinas que foram fechadas, isso já mexeu na questão dos empregos também. Além disso, tem os moradores, que também foram prejudicados e se você perguntar, ninguém está feliz com o que aconteceu aqui”.

Cartão postal vergonhoso

Acessos pra BR-376 e pro Aeroporto Afonso Pena mostram o descaso do poder público com a finalização das obras. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Acessos pra BR-376 e pro Aeroporto Afonso Pena mostram o descaso do poder público com a finalização das obras. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Todo mundo sabe que o final da Avenida das Torres, em São José dos Pinhais, tem dois tipos de acessos diferentes aos motoristas: a BR-376 (rumo a Santa Catarina) e o Aeroporto Afonso Pena. E é ali que a imagem das duas cidades, tanto a da RMC como de Curitiba, já começa a se queimar com todas as pessoas que chegam ou vão embora do Paraná.

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Quem passa pela região consegue ver o legado da Copa do Mundo de 2014 por aqui. Infelizmente, este legado, no acesso ao Aeroporto Afonso Pena, é o mais puro reflexo do descaso, pois as obras também estão paradas.

A visão de quem chega ou vai embora pelo aeroporto é de manilhas para bloquear a passagem dos veículos, passagem de pedestres sem nenhuma iluminação e tapumes. Mal sabem as pessoas que estes tapumes, alguns deles soltos e que quase caem nos carros que passam pela avenida, servem para esconder o que ficaria ainda mais feio: parte do que foi comprado para as obras que não aconteceram.

O que diz o responsável?

Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
Trincheira está em obras há quase cinco anos e não tem data pra ser concluída. Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

A pergunta dos moradores é a mesma e também acaba sendo a da Tribuna do Paraná: Cadê o governador, prefeitos de ambas as cidades e todos os responsáveis pelas obras para resolver a situação? “Afinal de contas, é mais do que necessário colocar um ponto final nisso tudo, pois já são cinco anos. Se os representantes do povo anteriores roubaram, desviaram recursos, a população não merece sofrer com isso”.

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No ano passado, a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), responsável pela obra, informou que a empresa contratada fez 70% do projeto, mas teve problemas para concluir. À Tribuna, a Comec disse que estas obras fazem parte de um contexto que ganhou corpo jurídico por conta da empresa responsável ter entrado em recuperação judicial, “o que impactou decisivamente na continuidade dos trabalhos”, informou, em nota.

Apesar disso, a Comec disse que a nova gestão, com o comando do novo governador do Paraná, Ratinho Junior, retomou todas as tratativas com os envolvidos, “ao mesmo tempo que está sendo promovida toda a revisão dos projetos das obras paralisadas e seus trâmites burocráticos”.

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Sabendo das reclamações dos moradores, o órgão competente por terminar as obras, que se tornaram um verdadeiro problema, afirmou que tem um compromisso de finalização do projeto. Segundo a Comec, deve ser apresentado, nas próximas semanas, um novo calendário para a retomada das obras.

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Sobre o autor

Lucas Sarzi

Jornalista formado pelo UniBrasil e que, além de contar boas histórias, não tem preconceito: se atreve a escrever sobre praticamente todos os assuntos.

(41) 9683-9504