Curitiba

Mar de tecidos

Escrito por Magaléa Mazziotti

A Bley Zornig, no Boqueirão, poderia se chamar Rua das Malhas, Tecidos e Pequenas Confecções, tamanha a concentração de lojas do setor instaladas há mais de duas décadas. Para os comerciantes, esse reconhecimento ainda não é absoluto entre os habitantes de Curitiba e região metropolitana, a ponto de muitos compradores deixarem a capital em busca desses produtos em terras catarinenses. Para se ter uma noção do quanto é vantajoso comprar na rua curitibana, o preço médio praticado para camisetas de algodão com fio penteado 30.1 é de R$ 8 a R$ 10.

Cientes de que é necessário dispensar mais atenção ao fortalecimento dessa identidade para a Bley Zornig, lojistas tradicionais da rua e outros com estabelecimentos mais recentes deram início a uma série de reuniões com o objetivo de estruturar ações de revitalização da via a fim de garantir maior visibilidade e melhor infraestrutura para os consumidores que já descobriram o endereço e os que estão por conhecer o local.

“O movimento é bom e cresceu muito nos últimos anos com o boca a boca, em função da dobradinha preço e qualidade. Só que mesmo sendo um polo bem competitivo, é muito comum ver gente que sai de Curitiba para ir comprar os mesmo produtos que vendemos aqui em Santa Catarina, porque simplesmente desconhece o endereço têxtil da capital”, analisa o proprietário da Araucária Tecidos, Luiz Carlos Ceniz. “Cansei de receber clientes que chegam pela primeira vez e ficam admirados com tudo que tem aqui, dada a maturidade dos negócios que aqui se estabeleceram”, acrescenta o proprietário da Kamifio, Tarcizio Carvalho Filho.

Os lojistas argumentam que além da geração de centenas de empregos diretos, a rua é estratégica para a arrecadação da capital. “Movimenta muito dinheiro e poderia ser ainda melhor se recebêssemos o mesmo destaque e investimentos por parte do poder público que Santa Felicidade sempre teve por conta da gastronomia e artesanato”, compara Luiz Carlos.

Lista de pedidos é extensa

Uma das reivindicações dos comerciantes para o poder público é a construção de um ou dois portais demarcando a primeira e a última quadra da Bley Zornig com estabelecimentos de comércio têxtil. Outra ação que eles pleiteiam é a padronização de placas de identificação das lojas e reorganização dos cabos dos postes de iluminação – que parecem um emaranhado – e melhorias nas calçadas.

De acordo com a prefeitura, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) e Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) iniciaram este ano uma série de estudos para a requalificação da via. Serão levados em conta a importância econômica da Bley Zornig para a região e suas características como eixo de circulação viária. Não foram divulgados detalhes das propostas nem prazos para execução.

Segurança e trânsito na mira

A revitalização da Rua Bley Zornig também carece de investimentos na área de segurança e melhoria do trânsito. A vendedora Elisete Arendt explica que assaltos em plena luz do dia se tornaram comuns nos estabelecimentos. “Eles vêm direto no caixa, há uma tensão constante”, comenta. A sensação de insegurança também limita o horário de funcionamento dos estabelecimento até 18h. “Ninguém abre à noite”.

Outro problema é a demora para a implementação de medidas para melhorar o trânsito na região. O lojista Luiz Carlos Ceniz, que antes de ter o próprio estabelecimento era representante comercial, conta que as poucas melhorias levaram anos para serem feitas. “Quando abri a loja, em 2002, pedi que colocassem um lombada, porque era um risco enorme a travessia para os pedestres, com vários acidentes fatais. Só que levaram cinco anos para colocá-la. O mesmo aconteceu com o semáforo que instalaram em março (no cruzamento com a Rua das Carmelitas). Foram anos pedindo”, descreve.

Lojistas reclamam de problemas de sinalização e gerenciamento do fluxo de veículos. A Setran, no entanto, avalia que a via tem a sinalização adequada, tanto vertical como horizontal, com semáforos, placas, faixas elevadas e ilhas para a travessia dos pedestres, e que o fluxo de trânsito é gerenciado de forma correta, de acordo com as necessidades da região.

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Magaléa Mazziotti

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