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Centro inseguro

O Centro de Curitiba não tem segurança. Essa é a opinião unânime entre empresários, funcionários e moradores. De dia ou à noite, quem passa ou trabalha na área central da capital precisa redobrar os cuidados. Segundo comerciantes, este ano a insegurança na região aumentou. Não são poucos os casos de assaltos a pedestres ou lojistas. Um abaixo-assinado está circulando entre os lojistas pedindo mais segurança e mais policiais nas ruas e praças centrais.

“Eu acho que a segurança diminuiu. Recentemente fui assaltada em um sábado às 15h. Um homem de aproximadamente 30 anos e um menino de 12 anos entraram na banca e colocaram a arma na minha cabeça. Fiquei duas semanas com muito medo de vir trabalhar”, conta Ana Paula Moreira do Nascimento, funcionária de uma banca que fica no começo da Rua XV, próximo à Praça Osório.

Lojistas fizeram um abaixo assinado pedindo mais segurança. Foto: Pedro Serapio
Lojistas fizeram um abaixo assinado pedindo mais segurança. Foto: Pedro Serapio

Ela conta que além do assalto a mão armada, a banquinha já foi arrombada três vezes, um prejuízo que inclui a troca de portas e vidros e a perda de produtos.

Sueli:
Sueli: “Em dez dias foram dois assaltos”.

Sueli Volaco tem uma loja de presentes na Rua XV de Novembro há 22 anos e também observou que este ano a situação ficou mais complicada. “Eu me sinto fragilizada, impotente. Em dez dias foram dois assaltos. Eles agem a qualquer hora. Nas duas últimas vezes um homem armado entrou e levou todo o dinheiro do caixa. Esse ano as coisas pioraram para nós, comerciantes”, relata.

Além dos assaltos durante o dia, o comércio é alvo da ação dos vândalos também à noite, quando acontecem os arrombamentos.  Recentemente uma joalheria foi arrombada durante a madrugada. Relógios e joias que estavam na vitrine foram levados. A poucos metros da joalheira, uma loja de calçados foi arrombada três vezes. A gerente da loja reclama da falta de policiamento. “A falta de policiais aqui é preocupante. Trabalho há 12 anos aqui no Centro e acabamos criando uma rotina de cuidados para nos prevenir porque se depender da polícia, não encontramos ninguém”, conta Vivian Mota, que afirma ainda que a situação piorou desde que o módulo policial da Praça Osório foi desativado.

Ronda particular

Pensando em uma maneira de combater tanto os arrombamentos, quanto as pichações, a Associação Comercial do Paraná (ACP) lançou, no último dia 16 de novembro, uma ronda noturna diária das 22h às 6h. Uma empresa de segurança privada faz rondas filmadas de moto com o objetivo de coibir a ação dos vândalos.

Camilo: "Já não temos segurança de dia, a noite piora muito".
Camilo: “Já não temos segurança de dia, a noite piora muito”.

Para o vice-presidente da ACP, Camilo Turmina, é preciso oferecer mais segurança para os comerciantes. “Hoje eles vivem com medo. Com essa ação, que chamamos de “Centro Vivo”, queremos assegurar ao lojista que ele vai chegar de manhã e vai encontrar sua loja da mesma maneira que deixou, sem pichações e sem nenhuma outra surpresa desagradável. Já não temos segurança de dia, a noite piora muito”, afirmou.

A ronda particular vai contar com o apoio da Polícia Militar, Polícia Civil e Guarda Municipal, que se prontificaram a atender qualquer ocorrência mais grave encontrada pelas equipes de ronda durante a madrugada.

Pichações

Foto: Pedro Serapio
Foto: Pedro Serapio

São poucos os comércios que não estampam em suas portas e fachadas algum tipo de pichação, fato que muitas vezes desmotiva os empresários. “Quando um turista vem para nossa cidade, ele vai conhecer o Centro. Chega aqui na XV, que é uma das principais ruas de Curitiba e encontra um local feio, sem vida. Lamentamos não poder oferecer aos nossos clientes e turistas uma cidade mais bonita”, desabafa Sueli.

Além do monitoramento noturno, a campanha “Centro Vivo” da ACP vai promover ações para deixar a área central mais bonita e valorizada. “Queremos motivar o comerciante para que ele deixe sua fachada mais bonita. No dia 27 de novembro vamos promover uma grande ação que estamos chamando de “despiche” para incentivar os lojistas a limpar e pintar a frente do comércio. Também estamos fechando parceria com uma empresa para lavar as calçadas”, conta Camilo Turmina.

Policiamento reforçado

Foto: Pedro Serapio
Foto: Pedro Serapio

A falta de policiais circulando pela área central é a principal reclamação de comerciantes e moradores. De acordo com o coronel Zanatta, do 12º Batalhão da Polícia Militar, policiais fazem ronda diariamente pela região. Segundo ele, no início deste mês o policiamento foi intensificado já visando o aumento do número de pessoas circulando pelo Centro devido à proximidade do Natal.

Segundo o coronel, alunos soldados, sob supervisão de oficiais, já estão atuando na área. Além disso, a ronda é feita com motocicletas e também conta com o apoio do módulo móvel e de policiais da Rotam (Rondas Ostensivas Tático Móvel). “A Rua XV será privilegiada com mais policiais. O objetivo é trazer mais tranquilidade para a população e também para os comerciantes. Temos policiais que atuam na área central desde manhã até o final da tarde”, fala.

O inspetor Stempinhkai, responsável pela regional matriz da Guarda Municipal, afirma que a corporação tenta atender a região da melhor forma possível. “Infelizmente a demanda é grande e não temos o contingente necessário, no entanto buscamos fazer rondas periódicas. Durante o mês de setembro e outubro ficamos com nosso Módulo Móvel na região da Rua XV e conseguimos coibir a ação de bandidos”, pontua. Segundo o inspetor, a Guarda Municipal trabalha em conjunto com a Polícia Militar e no mês de dezembro também deve intensificar as ações.

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