Sítio Cercado

Diversão negada

Espaço de lazer para a comunidade foi inaugurado em dezembro de 2016, mas está há mais de seis meses fechada com grades e cadeado

As crianças que moram no Conjunto Prata IV, no Sítio Cercado, há tempos não sabem o que é poder brincar em segurança. Para elas, resta ocupar as ruas do bairro quando se reúnem para jogar bola, andar de bicicleta ou inventar outra maneira para se divertir. Situação que preocupa os pais e expõe os pequenos a riscos. Isto tudo acontece porque há mais de seis meses a Praça Heitor Oscar Prados, localizada junto à Rua Edvald Ribas Borba, permanece fechada com grades e cadeado, mesmo após ter sido inaugurada em dezembro de 2016, pelo então prefeito Gustavo Fruet, pouco antes do término do seu mandato.

Comunidade cobra abertura da praça para a criançada não precisar brincar na rua. Foto: Felipe Rosa
Comunidade cobra abertura da praça para a criançada não precisar brincar na rua. Foto: Felipe Rosa

“As crianças do bairro não têm onde brincar, onde chutar uma bola. Ficam na rua, correm o risco de serem atropeladas, incomodam os vizinhos com o barulho e até quebram muitos telhados. E a praça aqui, pronta e fechada. A gente não quer estas cercas. A prefeitura diz que a praça não está pronta para ser entregue, mas por que então ela já foi inaugurada? Deste jeito, como ela está, se o mato fosse cortado, já daria para as crianças brincarem”, reclama a líder comunitária Aurea Maria Zanquetin Lemes, 65 anos, que tem quatro netos com idades entre 4 e 14 anos morando perto da praça.

Tem cadeado e grade para trancar a praça. Foto: Felipe Rosa
Tem cadeado e grade para trancar a praça. Foto: Felipe Rosa

Moradora do bairro, a enfermeira Fernanda Leal Cardoso, 32, conta que antes da reforma seguida de fechamento, a praça era um local frequentado pela comunidade. “Antes todo este espaço era público, aproveitado pelas crianças. Depois de construírem o CMEI Jayme Canet Junior, que também está fechado, reformaram e fecharam a praça. Agora elas correm perigo e os pais não ficam tranquilos. E lugar de criança não é na rua. Aqui, nas casas em volta, são pelo menos 30 crianças brincando nas ruas diariamente. Fica a sensação de descaso com a gente e com o dinheiro público”, diz.

Moradores querem poder usufruir das canchas. Foto: Felipe Rosa
Moradores querem poder usufruir das canchas. Foto: Felipe Rosa

Mãe de uma menina de 9 anos e de um adolescente de 16, a dona de casa Cléia Tardoski, 43 também clama pela abertura do espaço. “Queremos que seja aberto. A prefeitura lacrou e as crianças ficaram sem espaço. A gente tinha aqui um parquinho, uma cancha de futebol de areia e eles nos deixaram sem nada. Nós temos este direito. A praça é um espaço público, não tem porque ficar fechada”, opina.

Cadê o “estica-velho”?

Além da abertura do portão ou da retirada das grades, os moradores também pedem a instalação dos equipamentos prometidos durante a fase de projetos. “Em qualquer canto da cidade tem um ‘estica-velho’, aquelas academias ao ar livre. Prometeram instalar uma aqui para nós, mas nunca fizeram. Nós também merecemos. Já fiz mais de 13 reclamações à prefeitura, tenho todos os protocolos”, afirma Aurea.

Mato toma conta de parte do terreno. Foto: Felipe Rosa
Mato toma conta de parte do terreno. Foto: Felipe Rosa

Segundo ela, a abertura da praça e o início das atividades no Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Jayme Canet Junior, que fica no terreno ao lado, são as prioridades para os moradores do conjunto. É uma das 12 creches prontas na capital, mas que ainda não têm previsão para entrar em funcionamento, como a Tribuna mostrou em maio deste ano.

Promessa de solução

Fruet inaugurou a praça. Foto: Felipe Rosa
Fruet inaugurou a praça. Foto: Felipe Rosa

Em nota enviada à Tribuna, a Prefeitura de Curitiba informa que está em busca de uma solução para o problema gerado com a incorporação da Praça Heitor Oscar Prados durante as obras do CMEI Jayme Canet Júnior, feitas pela gestão passada.

“Ainda não há definição da área responsável pelo local, mas a intenção é regularizar a situação e concluir as obras, para que o logradouro seja devolvido à comunidade”, promete, sem especificar prazos para resolver a questão.

Sobre o autor

Paula Weidlich

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