Rebouças

Pracinha ocupada

Escrito por Magaléa Mazziotti

O medo se tornou o sentimento comum a moradores e comerciantes antigos do bairro Rebouças, que há alguns meses viram os 400 metros quadrados do Jardinete Constantino Fanini, comumente tratada como “pracinha do Viaduto Colorado”, serem ocupados por moradores de rua e usuários de drogas. A sensação de insegurança é tamanha que nenhum dos entrevistados pelos Caçadores de Notícias quis ser identificado, por temer retaliações.

Uma das moradoras conta que nos últimos dois meses se instituiu um toque de recolher a partir das 18h para quem vive ou trabalha em algum endereço da Rua Felipe Camarão, uma das laterais do Jardinete Constantino Fanini. “Não há exagero nessa medida, pois as pessoas estão sendo rendidas ao tentar entrar em casa”, comenta a mulher, que há 13 anos reside no mesmo endereço.

“Tanto eu quanto minha esposa já fomos surpreendidos por um grupo que pula nos carros, quando estamos chegando ao portão, por isso decidimos que depois das 18h, principalmente ela só sai se estiver acompanhada”, afirma outro morador, que há 65 anos vive no mesmo endereço nas proximidades do Viaduto Colorado.

Os comerciantes do entorno dizem que além da queda no movimento, porque os clientes se sentem ameaçados em deixar o carro ou vir a pé até os estabelecimentos, ainda precisam conviver com a perda de funcionários, que deixam o emprego assim que sofrem alguma abordagem mais violenta. “Ultimamente as vendedoras, que não pediram demissão, têm escondido nas roupas íntimas objetos de valor como celulares novos, porque vira e mexe elas acabam perdendo para os assaltantes, que também se proliferaram com a ocupação do local”, denuncia a empresária.

Ela diz não entender como a situação, que começou com a instalação de uma barraca azul, que abriga um dos quatro moradores fixos do local, está fora de controle. “Antigamente, os funcionários da prefeitura deixavam o carro aqui para ir cortar da grama da região, mas até eles sumiram. E a Guarda Municipal, que está a 100 metros daqui, também não garante a segurança”, lamenta. “Não é preconceito, pois sempre teve passagem de carrinheiros nessa região. Só que essa invasão trouxe gente violenta, que transforma o local em ponto de venda de drogas e ameaça todo mundo, a ponto de ter entregador que se nega a vir aqui”, denuncia.
Quem mora ao redor da praça diz que ameaças são constantes. Foto: Gerson KlainaMoradores de rua ou criminosos?

Os entrevistados dizem ter protocolado várias reclamações no 156, mas sem uma solução a contento. A Fundação de Ação Social (FAS), por meio de sua assessoria, explicou que dentro do raio de atuação do órgão mantém próximo do local a Unidade de Acolhimento Institucional Plínio Tourinho, só que há uma resistência da população de rua em ir para os abrigos, sobretudo quando existe envolvimento com drogas ou com o crime, já que há vários perfis de moradores de rua.

Da parte da Guarda Municipal, o inspetor Claudio Frederico de Carvalho explica que o referido endereço próximo ao Viaduto Colorado se configura na sede do Grupo Tático de Motos, cuja função é servir com motocicletas várias regiões da cidade. “Precisamos que esses moradores nos ajudem a trabalhar, entrando em contanto pelo 153 ou pelo 190 da polícia, pois trabalhamos em parceria”, esclarece. “Como somos da equipe motorizada da guarda, fazemos ronda por vários pontos, incluindo o viaduto. Mas sempre que somos acionados pela população designarmos a equipe para atender o local e estudar ações definitivas, daí a importância dos moradores nos chamar”, acrescenta.

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Magaléa Mazziotti

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